Dólar anda de ré com arcabouço aprovado e na expectativa de discurso do Fed e PMI dos EUA

O dólar nesta quarta-feira (23) começou o dia operando em baixa moderada no mercado à vista, seguindo as perdas de ontem à noite, após a aprovação final do arcabouço fiscal no plenário da Câmara. A queda persistente dos rendimentos dos Treasuries longos nos EUA também contribui para o alívio do dólar e também dos juros futuros hoje pela manhã.

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A cotação do dólar reduziu a perda intradia e passou a oscilar mais perto da estabilidade, diante da valorização do índice DXY em relação a outras moedas principais, após dados de PMIs fracos na Europa, que pressionam euro e libra. O sinal é de alta ainda frente a várias divisas emergentes ligadas a commodities tendo em vista a queda do petróleo.

Continua a haver dúvidas sobre a força da demanda por commodities, diante de cautela ainda com a desaceleração da China e perspectivas de manutenção de juros restritivos nos Estados Unidos por mais tempo, segundo operadores do mercado.

Além da expectativa pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, na sexta-feira (25) no simpósio de Jackson Hole, investidores aguardam nesta quarta o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) americano (10h45).

No caso chinês, com a economia em desaceleração e um quadro de deflação, os investidores têm expectativas também de novas ações de estímulo de Pequim.

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Expectativas para o dólar recaem sobre o Fed

Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, analisa que, em um cenário de incertezas globais relacionadas às taxas de juros e ao crescimento econômico, a expectativa ainda recai sobre os discursos dos representantes dos bancos centrais, em especial o de Jerome Powell. “Esses pronunciamentos podem fornecer indicações mais claras sobre as perspectivas da política monetária e o panorama do crescimento econômico nos EUA”, esclarece Costa.

Ele comenta que a última divulgação da Ata do Fed não trouxe grandes surpresas, porém reafirmou a preocupação da autoridade monetária com a inflação, indicando uma possível alta adicional das taxas de juros ainda em 2023.

“No calendário deste ano, teremos três reuniões de política monetária no Brasil e nos EUA agendadas para os mesmos dias, em 20 de setembro, 01 de novembro e 13 de dezembro. Atualmente, as previsões apontam para cortes de 0,50 ponto percentual na Selic em cada encontro do Bacen, enquanto o Fed deve elevar sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual apenas uma vez”, estima o head de câmbio.

Em comparação com o mercado asiático, Costa ressalta que o BC da China também fez cortes na taxa de juros de referência de um ano de 3,55% para 3,45%, acumulando o segundo corte em dois meses, com o objetivo de estimular a economia, mas ainda abaixo das expectativas. “Esses estímulos podem impactar positivamente o Real, já que a China é um parceiro comercial vital para o Brasil. No entanto, o ritmo gradual desses cortes, que indicam um suporte governamental até agora limitado, pode influenciar o desempenho da moeda brasileira”, diz o head da casa.

Aprovação do arcabouço fiscal fortalece o real

Em relação ao arcabouço fiscal, a reação nos mercados é comedida após a aprovação final da nova regra fiscal no plenário da Câmara ontem à noite, porque os mercados locais anteciparam parcialmente na tarde de terça essa possibilidade. Além disso, economistas afirmam que o governo dificilmente conseguirá zerar o déficit primário em 2024, diante de um cenário de aumento de despesas e de queda na arrecadação. A aprovação foi possível após o relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA), retirar a permissão incluída pelo Senado para que o governo pudesse prever as chamadas despesas condicionadas no Orçamento de 2024 – que dependem de aprovação de crédito adicional pelo Legislativo para serem executadas.

Essa medida, que garante uma folga de R$ 32 bilhões, deve ser incluída no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), relatado pelo deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), após um acordo costurado pelo governo, como antecipou o Estadão/Broadcast. Além disso, o projeto fiscal aprovado deve ser enviado, agora, para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, confirmou na noite de terça que o governo editará uma medida provisória prevendo a tributação de fundos exclusivos, para funcionar como fonte de compensação da atualização da tabela do Imposto de Renda. Já a Fazenda irá enviar um projeto de lei ao Congresso sobre a taxação de offshore, já que os parlamentares decidiram não votar essa regra na MP do Salário Mínimo, que precisa ser deliberada até a próxima segunda-feira, 28.

Às 9h21 desta quarta-feira, o dólar à vista caía 0,12%, a R$ 4,9352. O dólar para setembro recuava 0,05%, a R$ 4,9415.

Com informações de Estadão Conteúdo.

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Camila Paim

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