Dólar mantém alta e bate R$ 4,12 mesmo com intervenção do BC; entenda o porquê

Depois de abrir em baixa, o dólar opera em alta nesta segunda-feira (20) e chegou a bater R$ 4,1219 na máxima do dia até o momento. A moeda americana apresentava alta de 0,43% por volta das 12h20.

O avanço do dólar ocorre mesmo após o Banco Central anunciar intervenção no mercado de câmbio. Na sexta-feira (17), a instituição confirmou que fará leilões de linhas. Assim, o órgão pretende vender US$ 3,75 bilhões. Entretanto, a intervenção do BC tem o compromisso de recompra da moeda.

Dessa forma, o objetivo é reduzir a liquidez e, por consequência, conter a valorização do dólar. Sendo assim, os leilões serão feitos entre esta segunda e a próxima quarta-feira (22). Ou seja, em cada dia será vendido o valor máximo de US$ 1,25 bilhão. A intenção com a venda de dólares é injetar a moeda no mercado para reduzir a demanda e, consequentemente, o seu preço.

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Além dos leilões de dólares, o Banco Central também venderá até 5,05 mil swaps cambiais tradicionais. A operação que correspondente a venda futura de dólares soma um total de US$ 10,089 bilhões.

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O que leva o dólar acima dos R$ 4,10?

A alta do dólar para o maior patamar do ano tem como influências tanto o cenário interno quanto o externo. No Brasil, o impasse com a reforma da Previdência é o principalmente motivo que fortalece o avanço da moeda norte-americana.

Isso porque o mercado respondeu negativamente após o anúncio de que os parlamentares apresentariam um novo projeto para a reforma. Dessa forma, o texto do governo seria descartado. Com isso, o principal receio é de que a nova proposta não seja suficiente para atingir o R$ 1 trilhão de economia em 10 anos previstos por Paulo Guedes.

Diante disso, o secretário da Previdência, Rogério Marinho, afirmou nesta segunda ao blog do Valdo Cruz, que o governo tem planos reservas. Assim, propostas alternativas seriam consideradas caso as negociações com os parlamentares não fossem bem sucedidas.

A expectativa do governo é de que o texto da reforma seja aprovado no Congresso ainda no primeiro semestre. Contudo, o mercado não está tão positivo quanto ao prazo e nem quanto ao texto que deve passar no Legislativo.

Além disso, a redução da expectativa sobre o crescimento também dá força ao avanço do dólar. Isso porque nesta segunda, o Banco Central reduziu a previsão de crescimento do PIB de 1,45% para 1,24%. Assim, a baixa é a 12ª seguida, e a projeção chega a menor perspectiva desde o começo do ano. No início de 2019, a previsão era de que o Brasil cresceria 2,6% no ano.

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Ainda no ambiente interno, o Boletim Focus também apontou a expectativa de redução da balança comercial e dos investimentos estrangeiros no País. Além disso, também houve a alta da previsão para o IPCA. Assim, a inflação em 2019 deve ser de 4,07% contra 4,04% na última projeção. No entanto, o percentual ainda está dentro da meta de 2,75% a 5,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

China X EUA

Já no ambiente externo, a principal questão para a alta do dólar é a disputa comercial entre China e Estados Unidos. As duas potências ainda não chegaram a um acordo e o conflito econômico tem influenciado bolsas do mundo todo.

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Na última semana, Donald Trump investiu contra a gigante de tecnologia chinesa Huawei. Assim, os EUA proibiram a empresa de comprar tecnologia norte-americana, prejudicando então a cadeia produtiva da Huawei. Em contrapartida, a China mandou prender dois canadenses em retaliação a uma ajuda do Canadá aos EUA contra a Huawei.

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Além disso, no início do mês, Trump já havia anunciado o aumento da tarifa de importação sobre os produtos chineses. Dessa forma, as importações da China entrariam nos EUA com uma taxa de 25% e não mais de 10%. Por sua vez, a China retaliou e também aumentou a taxa sobre produtos americanos.

Beatriz Oliveira

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