Grana na conta

CVC (CVCB3): prejuízo encolhe 73,1% e fica em R$ 34,4 milhões no 1T24

A CVC (CVCB3) apresentou um prejuízo de R$ 34,4 milhões nos três primeiros meses deste ano (1T24), o que representa uma redução de 73,1% em comparação com a perda de R$ 128 milhões registrada no mesmo período do ano passado (1T23). Esse resultado marca uma nova temporada para a CVC após a empresa se ver encurralada numa trajetória de quedas, desde baixa demanda por viagens e alta de juros até redução de indicadores operacionais.

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De janeiro a março, a receita da CVC aumentou 19,6%, atingindo R$ 353,3 milhões, segundo números divulgados em balanço ao mercado.

O destaque positivo veio também do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), que alcançou R$ 83 milhões, cerca de cinco vezes mais do que os R$ 15,6 milhões reportados no primeiro trimestre de 2023.

O indicador take rake da CVC no 1T24, que mede a rentabilidade do setor, alcançou 9,5% no primeiro trimestre, um aumento de 2,1 pontos percentuais em relação ao 1T23, conforme a empresa.

Enquanto as despesas gerais e administrativas encolheram 20,6%, totalizando R$ 171,9 milhões, as despesas de vendas avançaram 4,9%, chegando a R$ 64,5 milhões. “Esse resultado demonstra forte redução das despesas não recorrentes e mantém a trajetória de recuperação de rentabilidade sobre as vendas sem perda de competitividade”, pontua o CEO da empresa, Fabio Godinho.

O balanço da CVC diz que, no 1T23, a empresa começou a trabalhar em novos pacotes terrestres para 80 novos destinos, que incluem roteiros nacionais e internacionais. Para este ano, ainda na tentativa de “arrumar a casa”, o grupo afirma que tem concentrado esforços na expansão de suas lojas físicas, que desempenham um papel central na estratégia da nova diretoria, conforme planejado para a revitalização da CVC.

A CVC também quer inaugurar 290 lojas ainda neste ano. Atualmente, a empresa encerrou o trimestre da CVC com 1.054 unidades, das quais 80 foram abertas ao longo de 2024. O grupo diz que prioriza o modelo de franquia, com apenas algumas lojas-piloto operadas diretamente pela empresa.

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Pandemia e distorções financeiras: entenda o caos no caixa da CVC

Em 2021, a CVC identificou distorções significativas de R$ 362,38 milhões em suas demonstrações financeiras anteriores a 2020, dos quais R$ 93,8 milhões foram atribuídos ao exercício de 2019. Esse assunto gerou muita controvérsia no mercado, levando o conselho de administração a tomar medidas legais contra ex-executivos.

A própria CVC chegou a levantar suspeitas de manipulação nos balanços para ocultar esses déficits dos auditores. No entanto, até o momento, não houve um desfecho definitivo para essa investigação.

Além das questões relacionadas às investigações contábeis, a CVC enfrentou desafios adicionais devido à pandemia, que impactou significativamente o setor de turismo. Com as restrições e a queda nas viagens, a empresa acumulou um prejuízo adicional de R$ 750 milhões durante esse período.

Para lidar com essa situação, em janeiro de 2023 a companhia teve de implementar algumas medidas, incluindo cerca de cem demissões, o que representou, à época, aproximadamente 4% de seu quadro de funcionários. Quando fez os desligamentos, a CVC disse que planejava ampliar seu foco no varejo e oferecer mais apoio aos seus franqueados. Ajustes também foram realizados em áreas como tecnologia da informação, com a redução de terceirizados, e em áreas de suporte, devido à integração de negócios resultante de aquisições de empresas.

Além disso, a empresa realizou pelo menos 11 mudanças em cargos de gerência, divididas por destinos procurados, como Caribe e Bahia, e por tipos de viagem, como produtos aéreos ou pacotes all-inclusive.

Para aliviar suas preocupações financeiras, a CVC negociou um acordo com seus credores para estender o prazo de pagamento de suas dívidas. Segundo os analistas, essa medida não apenas eliminou as preocupações sobre a situação financeira da empresa, mas também ajudou a melhorar seu valor de mercado.

CVC vive derrocada na Bolsa de Valores

A empresa encerrou o pregão desta quinta-feira (9), dia em que divulgou o balanço do 1T24 da CVC, com ações negociadas a R$ 2,28 no Ibovespa, uma queda de 3,39% quando comparada ao dia anterior. No mês de maio, a empresa de turismo está com 1,79% de valorização. Mas, nos últimos doze meses, a companhia anota baixa de 30,28% de valorização, conforme dados da Bolsa de Valores.

O grupo começou o ano derrubando a alta registrada em dezembro de 2023. Nos dois primeiros meses do ano, os papéis eram ofertados a preços medianos. Em 20 de março, no entanto, começou o declínio da CVC no Ibovespa, com ações chegando a valer R$ 1,80 no dia 18 de abril.

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Murilo Melo

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