Copom: como ficam os investimentos com a manutenção da Selic em 13,75% ao ano? Analistas respondem

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve pela sétima vez seguida, nesta quarta-feira (21), a taxa Selic em 13,75% ao ano. A decisão confirmou as expectativas do mercado, que foca agora nas sinalizações para um início dos cortes de juros em agosto ou setembro.

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Alessandro Correa, sócio da Vectis Gestão, afirma que esse ambiente de manutenção da Selic deve fazer com que investidores voltem o olhar para instrumentos de maior retorno. “Independentemente do ritmo desse corte ser um pouco mais cauteloso no início e depois mais agressivo, ou já entrando num ritmo de cortes de 25 bps na próxima reunião e depois uma sequência de cortes de 50 bps, o fato é que devemos ter um ambiente mais propício para ativos de risco, em que os investidores deverão voltar a olhar para instrumentos com maiores retornos.”

Neste cenário, segundo analistas, o Ibovespa deve subir, podendo ser interessante pensar em uma diversificação nos investimentos.

“Já algum tempo vale ainda mais pensar em renda variável, não só porque os juros estejam caindo, ou na iminência de queda, mas porque também a bolsa pode subir com essa queda dos juros. E mesmo que os juros não caiam tão rápido agora, a gente sabe que a bolsa é sempre uma expectativa do que vai acontecer de dois meses até seis meses adiante. Então, se a expectativa é que os juros caiam daqui a dois meses pra frente, a bolsa já começa a subir a partir de agora”, alerta Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.

Mesmo com uma possível alta no Ibovespa, que hoje superou os 120 mil pontos, e maior migração de investimentos para renda variável em busca de maiores retornos, Cohen enfatiza que é importante identificar qual o seu perfil de investidor. “Se é uma pessoa mais ativa e consegue fazer movimentações, têm esse conhecimento, eu acho que vale a pena fazer algum investimento um pouco mais sofisticado. Agora, se é uma pessoa que não tem tempo e não tem conhecimento, aí eu acho que vale a pena pensar em escolher fundos de investimento ou ativos menos voláteis.”

Até o momento o Ibovespa, acumula alta de 9,7% em 2023, muito devido à precificação do mercado acerca da melhora macroeconômica do país.

De acordo com Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital, para que a bolsa continue subindo será necessário uma continuidade na possível queda de juros e melhora de setores domésticos. “Empresas de consumo podem se beneficiar deste cenário, assim como a construção civil. Mas é importante gerenciar o risco porque qualquer mudança de cenário pode causar uma reação forte nesses setores. Se as economias dos países desenvolvidos melhorarem, o petróleo também pode continuar melhorando, assim como as empresas do setor.”

Pós-copom: como ficam os ativos de renda fixa?

De acordo com analistas, se posicionar na bolsa é interessante devido a um cenário de queda de juros, mas não significa que os títulos de renda fixa deixaram, claro, de ser atrativos.

Segundo Ana Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, apesar de haver perspectiva de cortes de juros, as aplicações em renda fixa pós-fixada continuam valendo a pena para papéis até dois anos. “Na minha opinião, os títulos prefixados estavam mais atrativos há alguns meses, quando o mercado ainda não enxergava a queda da taxa Selic. Com os últimos dados de inflação e a possibilidade de queda dos juros, as curvas futuras caíram e as taxas dos títulos prefixados acompanharam essa queda. Desta forma, os títulos com maiores prêmios são os de longo prazo, de 4 anos ou mais, porém aqui o risco é maior, pois envolve muitas incertezas no meio do caminho, como alta de inflação, uma política fiscal expansionista ou mudanças na condução do BC, o que levariam a necessidade de subir novamente a Selic.”

“Por causa disso, ainda prefiro manter a posição de renda fixa com maior exposição a títulos pós-fixados e inflação”, conclui Carvalho.

Lis Grassi, especialista em investimentos e sócia da Matriz Capital, afirma que se nos próximos meses o nosso juro cair, como esperado, vai ser difícil encontrar um título do tesouro pagando 6% acima do IPCA.

Já o Tesouro Selic, que caminha junto com a Selic, vai continuar rendendo a Taxa Selic vigente + um prêmio. Esse prêmio, de acordo com Grassi, tende a ficar um pouco maior se a Selic cair muito, para compensar a menor rentabilidade na taxa de juros.

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Ganhos em investimentos a longo prazo com decisão do Copom

Sócio da GT Capital, Caio Canez de Castro avalia que, após a decisão do Copom as melhores oportunidades de ganho estão em investimentos de longo prazo, atrelados ao IPCA, como o Tesouro IPCA + ou títulos de crédito privado como CRA, CRI e debêntures.

“Esses investimentos pagam a variação da inflação e mais uma taxa pré fixada, que atualmente estão nos melhores níveis históricos, ou seja, uma boa oportunidade para garantir rentabilidades superiores às do mercado no futuro. Para os investidores com pouco capital ou que estão começando, a recomendação é a mesma, aproveitar a oportunidade para “travar” as melhores taxas hoje, porém com uma ressalva, priorizar fazer o maior número de aportes nas suas reservas de emergências que for possível, pois com a alta taxa de juros o efeito da rentabilidade nos investimentos será muito maior e o acúmulo de capital será potencializado”, diz Castro.

Para Grassi, investir nos títulos de créditos privados traz um retorno maior, mas é importante levar em conta os riscos, avaliando o rating da empresa privada no mercado, as garantias, o fluxo de caixa, entre outros indicadores. “Vai depender do perfil do investidor optar por um risco x retorno maior. No longo prazo, a diferença de rentabilidade costuma ser bem significativa, mas também já vimos caso da empresa ter dificuldades financeiras, como aconteceu recentemente com a Americanas (AMER3) e a Light (LIGT3).”

Continua valendo a pena o Tesouro Renda +

Grassi afirma que, depois do anúncio do Copom, o Tesouro Renda + continua sendo uma boa alternativa para o investidor iniciante, que não tem assessoria personalizada e que consegue investir cerca de R$ 31 por mês, preço médio deste título atualmente.

Porém, um detalhe importante, é não poder mobilizar o dinheiro para outro título, igual acontece na previdência privada, de fazer portabilidade de um fundo para outro, dependendo da performance.

Ambiente propício para Fundos Imobiliários

Com uma sinalização de queda da curva de juros, o mercado já enxerga benefícios para ativos como os Fundos Imobiliários (FIIs). Correa, sócio da Vectis Gestão, afirma que neste contexto os Fundos Imobiliários (FIIs) serão beneficiados, pois são um instrumento capaz de gerar bom retorno, uma vez que o custo de oportunidade do investidor deve cair.

“Além disso, olhando para os fundamentos, também deve haver uma melhora da situação de crédito geral das empresas, haja visto que boa parte da dívida das empresas é pós fixada e uma queda da Selic reduz imediatamente os seus respectivos custos de crédito”, sinaliza o analista sobre a decisão do Copom.

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Vinícius Alves

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