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João Canhada
João Canhada

Bitcoin: A história monetária quase sempre se repete, como farsa ou tragédia

O que o BBB21, China, governo brasileiro e bitcoin têm em comum? Enquanto você pensa, vou te contar a história de como um explorador europeu que conheceu o bisneto de Genghis Khan mudou o ocidente.

Marco Polo foi um grande explorador europeu que ficou por diversos anos na China, mais especificamente no reinado de Kublai Khan, bisneto do conhecido Genghis Khan. Kublai foi o fundador da dinastia chinesa Yuan e uma pessoa de ordens e regras firmes.

Uma das peculiaridades do império de Kublai estava no dinheiro, chamado de chao ele foi o primeiro papel-moeda lastreado apenas pela confiança no governo a ser usado em massa na China. Essa novidade monetária não tinha lastro em ouro ou qualquer outra coisa, era apenas um papel que você era obrigado a aceitar.

Marco Polo ficava impressionado com esse tipo de dinheiro e o relato dele é revelador:

“Com esses pedaços de papel, feitos como descrevi, ele [Kublai Khan] faz com que todos os pagamentos da sua própria conta sejam feitos; e ele os faz passar universalmente por todos os seus reinos, províncias e territórios, e qualquer que seja o seu poder e a soberania se estende. E ninguém, por mais importante que possa pensar, ousa recusá-los sob pena de morte. E, de fato, todos os aceitam prontamente.”

Polo mostra que a política monetária de Kublai era a mais simples e robusta possível, se você não aceitasse o dinheiro ele te mataria. O explorador europeu também relata que o Khan imprimia grandes quantidades de chao, tanto que Polo acreditava que a enorme quantia deveria valer “todas as riquezas do mundo”. As ideias chinesas descritas por Polo fizeram sucesso na Europa, mas o que não teve tanto sucesso foi a dinastia de Kublai.

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Apesar de ter todas as “riquezas do mundo” em papel-moeda, Kublai acabou o seu reinado com dificuldades financeiras. A dinastia Yuan fundada pelo Khan, na verdade, gerou episódios de hiperinflação que contribuíram para seu fim. A impressão de dinheiro foi tão grande que o valor da moeda se diluía.

Por séculos os chineses abandonaram a ideia de papel-moeda, voltando para o ouro e outros metais.

BBB21 e Kublai Khan

Agora vamos avançar quase mil anos na história e ir direto para o show de televisão mais assistido do Brasil, o BBB. Gil, um dos participantes da edição de 2021, gerou disputas na internet ao explicar que a impressão de dinheiro pode levar a um processo inflacionário, como aquele que aconteceu com o Khan.

Eu não sou um economista ou um historiador, mas gosto das duas matérias a ponto de perceber certas confluências e repetições aparentes. Desde 1971 vivemos em uma economia baseada na confiança “dos Khans”, mas em vez de Kublai ou Genghis, devemos confiar nos políticos, no Banco Central do Brasil, FED e por aí vai.

Confiamos nos governos para que eles cuidem das nossas economias e qual foi o resultado até agora? Confiscos repetidos, hiperinflação, ciclos econômicos destruidores e desigualdade social.

Assim como os Khans, os governos modernos nunca realmente permitiram a criação de uma moeda do povo e gerida pelas pessoas. Quem tentou, teve sorte parecida com aqueles que enfrentaram o imperador chinês.

Bitcoin, BBB21 e Kublai

Isso até 2009, quando a rede do Bitcoin foi lançada pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto. Com emissão monetária programada e extremamente segura, o bitcoin ganhou o mundo.

Com soluções sofisticadas, o criador da tecnologia foi esperto o suficiente para se manter anônimo na internet e desenhar o bitcoin de forma descentralizada para evitar problemas com os Khans modernos. Em certa ocasião, até mesmo citou o corte de cabeças praticado pelos Estados. “Os governos são bons em cortar a cabeça de redes controladas centralmente como o Napster, mas redes puramente ‘ponto a ponto’ como Gnutella e Tor parecem estar se segurando”.

Diferentemente das moedas emitidas pelos Khans modernos, o bitcoin tem um limite de ~21 milhões de unidades, com emissão atual de 6,25 BTC feita a cada aproximadamente 10 minutos.

No bitcoin existe uma certa previsibilidade, não importando quem está governando ou a situação política atual. Gil, eu, você e o povo brasileiro não precisam se preocupar com confiscos de poupança, inflação elevada e tantos problemas que o bitcoin resolve. Não há mais desculpa para continuar repetindo a história desastrosa do papel-moeda.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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