China anuncia medidas para atrair investimento estrangeiro

O governo da China publicou uma lista de medidas para atração de investimento estrangeiro. Segundo o texto, a iniciativa visa atrair e utilizar o capital estrangeiro como parte “importante da promoção de abertura de alto nível e da construção de um novo sistema de economia aberta”.

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As medidas incluem apoio ao uso de investimento estrangeiro na criação de centros de pesquisa e desenvolvimento na China, o fortalecimento da proteção aos direitos de propriedade intelectual – especialmente no mercado farmacêutico -, otimização das políticas de entrada, saída, permanência e residência para executivos e técnicos de outros países e suas famílias.

Entre as áreas cujo objetivo é ampliar a participação internacional está a de telecomunicações, com restrições como participação de até 50% em negócios de internet doméstica.

Cenário deflacionário pode ser difícil de contornar, apontam especialistas

A demanda morna do consumidor e as crescentes preocupações econômicas levaram a China a um território deflacionário pela primeira vez em dois anos, aumentando a pressão sobre Pequim para agir de forma mais agressiva para evitar um agravamento do mal-estar econômico.

“A realidade parece cada vez mais sombria”, avalia Eswar Prasad, professor de Política Comercial e Economia da Cornell University e ex-chefe da divisão do Fundo Monetário Internacional na China. “A abordagem do governo de minimizar os riscos de deflação e estagnar o crescimento pode sair pela culatra.”

Segundo economistas, a inflação ao consumidor não deve aumentar muito este ano, já que a falta da confiança do consumidor faz com que as famílias continuem a sentir o impacto prolongado de três anos de incerteza da covid-19, incerteza regulatória e preocupações contínuas sobre a saúde do mercado imobiliário.

O setor imobiliário, um dos principais impulsionadores do crescimento da China há décadas, está em queda, com novas preocupações com a inadimplência em torno de um dos maiores investidores imobiliários da China.

Agora, os economistas esperam que o banco central da China reduza ainda mais as taxas de juros nos próximos meses, embora muitos estejam céticos de que tais medidas por si só possam dissipar as pressões deflacionárias.

Isso ocorre porque a confiança entre empresas e famílias demorou a se recuperar, resultando em apetite limitado para investir e gastar mais.

Tal ambiente torna as medidas de estímulo moderadas amplamente ineficazes, disse Arthur Budaghyan, estrategista-chefe de mercados emergentes da BCA Research.

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Fundos de private equity que investem na China sofrem perda de 89% em captação

Na China, a arrecadação de empresas de private equity que investem no país praticamente secou. Os dias de lucros altos e fáceis também acabaram. As empresas chinesas estão encontrando cada vez mais dificuldade para abrir o capital em Hong Kong e nos Estados Unidos, limitando as estratégias de saída de muitos fundos de private equity.

Os fundos de private equity baseados em dólares que têm pelo menos metade de seu capital investido na China levantaram apenas US$ 1,4 bilhão no primeiro semestre de 2023, uma queda de cerca de 89% em relação ao ano passado, segundo dados da Preqin. A captação global de fundos de private equity caiu cerca de 15% no mesmo período.

O rápido aumento das taxas de juros nos EUA, desde o ano passado, criou dores de cabeça para empresas de private equity em todo o mundo. Isso pôs fim a mais de uma década de dinheiro barato e baixos retornos do mercado de títulos, que tornaram o private equity e o capital de risco ainda mais atraentes para os investidores.

As empresas de private equity que investem principalmente na China enfrentam uma série de outros obstáculos, incluindo a vagarosa recuperação econômica do país, uma queda nas avaliações do mercado de ações e uma crescente relutância entre os investidores internacionais em alocar dinheiro em ativos chineses.

O governo Biden está preparando uma ordem executiva para restringir o investimento de capital de risco e private equity na China e em outros países, informou o Wall Street Journal anteriormente.

China mostra inflação estável, abaixo do esperado

No mês de julho, o índice de preços ao consumidor (CPI) da China se estabilizou na comparação anual de junho, enquanto o de inflação ao produtor (PPI) teve deflação mais acentuada, segundo dados oficiais.

Pesquisa do escritório de estatísticas chinês, conhecido como NBS, mostra que o CPI da segunda maior economia do mundo ficou estável em junho ante igual mês do ano passado, desacelerando após avançar 0,2% no confronto anual de maio.

O resultado de junho ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,2%.

Já o PPI da China teve queda anual de 5,4% em junho, bem maior do que o declínio de 4,6% de maio. A leitura de junho, a mais fraca desde dezembro de 2015, ficou abaixo do consenso no levantamento do WSJ, que era de recuo de 5%.

Em relação a maio, o CPI da China diminuiu 0,2% em junho, enquanto o PPI caiu 0,8%.

Yellen defende redução de tensões com China

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou que o país deve procurar maneiras de diminuir as tensões com a China, mas ainda considera prematuro eliminar as tarifas impostas pelo governo do ex-presidente Donald Trump.

Yellen deu uma entrevista coletiva à imprensa em Gandhinagar, na Índia, onde se reuniu com ministros das finanças do G20 para discutir os desafios econômicos globais.

“Seria útil procurar maneiras de diminuir a escalada (da tensão com a China) ao longo do tempo”, disse. “Talvez, com o tempo, esta seja uma área em que podemos fazer progressos, mas diria que é prematuro usar esse recurso (tarifas) como um alívio, pelo menos por enquanto”.

Com Estadão Conteúdo e Dow Jones Newswires

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Marco Antônio Lopes

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