Sem concorrentes, CCR leva concessão da Linha 15-Prata do metrô de SP

A CCR conseguiu mais uma licitação do metrô de São Paulo com a concessão da Linha 15-Prata, do monotrilho da zona leste da cidade. Num leilão sem concorrência, a empresa fez a única proposta para levar a obra.

A Linha 15-Prata contribui para o histórico de atrasos nas obras do metrô em São Paulo. O monotrilho começou a ser construído em 2011, quando a previsão de entrega do trecho de dez estações, indo da Vila Prudente até São Mateus, era 2014. A demora nas obras fez com que, em 2017, a entrega do trecho fosse adiada para 2018 – prazo novamente não correspondido.

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A segunda etapa das obras compreende mais sete estações, indo até Cidade Tiradentes. O custo da construção de metade desse trecho, até o bairro de Iguatemi, é de R$ 5,2 bilhões. Com o leilão desta segunda, a CCR passa a operar o mesmo número de linhas que o Estado de São Paulo, por meio do Metrô.

A empresa é responsável por outro monotrilho, a Linha 17-Ouro, que vai ligar o bairro do Morumbi ao aeroporto de Congonhas. Por fim, ela também detém a Linha 4-Amarela, administrada pela ViaQuatro, pertencente ao grupo, que ainda não está acabada e teve uma sequência de atrasos na entrega de suas estações.

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Casos de corrupção

O Grupo CCR anunciou no ano passado que faria um acordo de leniência com o Ministério Público de São Paulo. A companhia relata ter doado R$ 44,6 milhões para o caixa 2 de políticos paulistas do PSDB, PT, MDB e PTB.

Dentre os nomes dos políticos apurados pela Folha de S.Paulo, que receberam doações da CCR, estão Geraldo Alckmin (PSDB), José Serra (PSDB), Gilberto Kassab (PSD) e Campos Machado (PTB). A CCR é uma concessionária de serviços públicos. Por lei, a empresa é proibida de realizar doações a partidos. Desta forma, para evitar processos aos quais teria de responder, a companhia pagará uma multa de R$ 81,5 milhões para o governo paulista. Deste valor, R$ 17 milhões serão destinados a construção da biblioteca da Faculdade de Direito da USP.

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Na reunião com o Ministério Público, executivos da CCR alegaram que a doação via caixa 2 foi feita para conquistar simpatia de políticos para os pleitos da CCR junto ao governo. Nenhum executivo falou em contrapartida do governo, o que poderia ser configurado como corrupção, crime mais grave que caixa 2.

Além disso, a CCR fechou outro acordo de leniência na semana passada. Investigada por pagamentos de propina em troca de modificações contratuais no Paraná – fato reconhecido pela própria empresa, ela se comprometeu a pagar R$ 750 milhões para a força-tarefa da Lava Jato.

Guilherme Caetano

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