Pressionada, Casas Bahia (BHIA3) terá reunião ‘crucial’ com seus credores nesta terça

Depois de realizar reestruturações, o Grupo Casas Bahia enfrenta um teste importante nesta terça-feira (3), diante da reunião marcada com seus credores para renegociar os pagamentos da 20ª emissão de CRI (Certificado de Recebível Imobiliário).

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Segundo relatório da Genial Investimentos, assinado pelos analistas Iago Souza, Vinícius Estevez e Nina Mirazon, antes de entrar nos detalhes sobre o que vai definir o futuro do grupo, é preciso entender duas peças-chave que pressionam o valor da ação BHIA3 nas últimas semanas: o capital autorizado e rebaixamento da nota de crédito.

Segundo os analistas, diante da necessidade de corrigir a sua estrutura de capital, altamente alavancada, uma oferta de ações do Grupo Casas Bahia em 2023 não deveria soar como uma grande surpresa para o mercado.

No entanto, quando o grupo anunciou uma assembleia extraordinária para aumentar o capital, em agosto, após os resultados do 2T23, o mercado começou a especular que ocorreria uma diluição de seus acionistas – de acordo com o documento de convocação para a AGE, o capital social poderia sair do patamar de 1,59 bilhão de ações ordinárias para até 3,00 bilhões.

No segundo item da lista, os ratings da 20ª Emissão dos CRIs e das 8ª Emissão de Debêntures (que lastreiam os CRIs) foram rebaixados pela agência de crédito S&P Global, de “brAA-” para “brA-”, com perspectiva negativa.

Conforme o relatório, esse rebaixamento foi o golpe final no preço da ação da Casas Bahia. O corte do rating veio após a empresa consolidar uma alavancagem financeira acima do previsto, em 10,5x – acima do patamar de 4,5x previsto para 2023.

Como resultado desses eventos, desde a divulgação do balanço do 2º tri, as ações já perderam mais de 63% de seu valor até 28 de setembro. No ano, BHIA3 (ex VIIA3) caiu mais de 70%.

Saúde financeira da Casas Bahia: falta de acordo seria letal, dizem analistas

O evento que ocorre nesta terça-feira (3) será crucial para definir a saúde financeira do grupo varejista. Para a proposta se tornar válida, a assembleia deve ter um quórum mínimo de 25%. Preenchendo este pré-requisito, vence a proposta mais votada pela maioria simples presente.

Instaurada a assembleia, existem basicamente dois possíveis caminhos a serem votados: No primeiro cenário, os credores solicitam antecipação da dívida, que está acima de R$ 30 milhões, podendo acionar a cláusula de antecipação de outras debêntures, totalizando R$ 3,2 bilhões.

A companhia mantinha R$ 874 milhões em caixa e equivalentes e R$ 4,9 bilhões em Contas a Receber – sendo R$ 4,4 bilhões a receber nos próximos 12 meses.

Mesmo diante da captação de R$ 622 milhões do follow-on, a antecipação das dívidas comprometeria as atividades da Casas Bahia, uma vez que a companhia não suportaria financiar o capital de giro para manter as suas operações ao longo dos próximos trimestres.

“Sem dúvida, esse configuraria o pior dos cenários – mas com menor probabilidade de acontecer. A falta de acordo entre os credores e a companhia seria letal para a Casas Bahia, culminando em um efeito dominó que poderia levar a companhia a realizar o pedido de Recuperação Judicial”, diz o relatório.

No segundo cenário, os credores aceitam negociar a dívida e diante da maior concentração dos CRIs em bancos parceiros, existe a intenção em renegociar os termos da dívida, que seria o melhor caminho para ambas as partes, com a maior probabilidade de acontecer.

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Neste cenário, o impacto de despesas financeiras se torna maior do que o projetado, mas o grupo consegue um alívio no curto prazo de maneira a encaminhar o seu plano de reestruturação.

Projeções

Na visão dos analistas da Genial, o plano de transformação de Casas Bahia é coerente – afinal é necessário corrigir o fluxo de caixa da companhia.

No entanto, ventos contrários, como o aumento de spread de dívidas da companhia, podem dificultar a execução de estratégia no curto prazo.

Entre as principais projeções estão o fechamento de 100 lojas ao longo dos próximos 12 meses. Sem projeção de novas aberturas até 2025, além de queda no faturamento em 2023 e 2024, dado o persistente nível de endividamento das famílias, com recuperação projetada para 2025.

“Assim como a margem bruta, a margem Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia será impactada no curto prazo, dado a menor alavancagem operacional e carrego negativo de maiores custos. Estimamos uma margem Ebitda (visão não ajustada) em 4,0% em 2023, com uma recuperação gradual ao nível de 10,1% em 2028”, completa o relatório da Genial sobre a Casas Bahia.

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Allan Ravagnani

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