Bradesco (BBDC4) no 1T23: ‘Lucro surpreendeu, mas inadimplência ainda prejudicou balanço’

Em entrevista ao canal do Suno Notícias, o fundador e CEO da Axia Investing, Antonio Samad Jr, comenta que o Bradesco (BBDC4) teve um lucro que ‘surpreendeu’ as projeções do consenso de mercado, mas que o indicador de Provisionamento para Devedores Duvidosos (PDD) ainda preocupa os analistas.

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“O lucro do Bradesco, de fato, caiu 37% na base anual, mas é algo que depende da ótica. Por outro lado, podemos dizer que o Bradesco surpreendeu, com com um lucro acima do esperado”, comenta.

“O PDD ainda foi alto, com o cenário de inadimplência. É o calcanhar de Aquiles dos bancos neste ano. Os bancos refletem a realidade do país, e o endividamento das famílias está, de fato, alto. Se não fosse esse PDD tão maior do que o visto em igual etapa do ano anterior, talvez tivéssemos um resultado acima do que o visto no 1T22”, acrescenta.

O especialista relembra o impacto sofrido pelo banco no caso da Americanas (AMER3), em que o Bradesco mostrava uma exposição de crédito relativa e substancialmente grande – implicando em um provisionamento bilionário e um impacto direto nos resultados e nas ações BBDC4.

“O fator Americanas afetou todo o setor bancário e desencadeou até mesmo uma crise de credibilidade no setor financeiro. O Bradesco, de fato, teve uma perda relevante. O PDD teve R$ 14,8 bilhões em provisionamento no último trimestre, que seria 100% do ‘caso Americanas'”, explica.

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Números do Bradesco no 1T23

O banco anotou um lucro recorrente de R$ 4,28 bilhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23). O valor representa uma queda de 37,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, em comparação ao quarto trimestre de 2022, o lucro cresceu 168,3%.

O consenso Refinitiv apontava que o lucro líquido do Bradesco seria de R$ 3,596 bilhões no período.

A margem financeira total do Bradesco no 1T23 recuou 2,4% em relação aos três primeiros meses do ano passado, alcançando R$ 16,653 bilhões. A margem com clientes aumentou 7,3%, alcançando R$ 17 bilhões, mas caiu 2,9% em relação ao quarto trimestre de 2022.

Já a margem com mercado do banco ficou negativa em R$ 312 milhões entre os meses de janeiro e março de 2023.

A carteira de crédito do Bradesco fechou o trimestre em R$ 879,28 bilhões. O retorno sobre patrimônio (ROAE) do banco ficou em 10,6% no trimestre.

As provisões para empréstimos inadimplentes (PDD) caíram 36% em relação ao quarto trimestre de 2022, quando o banco optou por provisionar o total de seus créditos com a Americanas.

Entretanto, a PDD expandida do trimestre ficou em R$ 9,517 bilhões, um aumento de 96,8% em relação ao primeiro trimestre de 2022.

Analistas da XP destacaram o resultado como “desanimador” e viram uma deterioração na qualidade de crédito. A recomendação da casa é neutra para os papéis BBDC4, com preço-alvo de R$ 18.

“O Bradesco reportou um lucro líquido de R$4,3 bilhões no 1T23, o que representa um aumento de +16% em relação à nossa estimativa e ao consenso do mercado. No entanto, consideramos que o desempenho geral do banco no trimestre foi fraco. A pressão sobre as provisões, o aumento dos NPLs em 80 pontos-base sequencialmente e a redução do índice de cobertura foram os principais fatores que contribuíram para essa fraqueza”, afirma os analistas.

“O lucro líquido do Bradesco foi impactado positivamente pela menor alíquota efetiva de Imposto de Renda. Do lado positivo, o NII com o mercado melhorou e o segmento de seguros manteve seu momento positivo. No lado do portfólio de crédito, o ritmo de crescimento desacelerou e encerrou o trimestre abaixo do guidance para 2023″, acrescentam.

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Eduardo Vargas

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