Suspensão do Consignado irá ‘derrubar’ bancos? Entenda

Após o Conselho Nacional de Previdência Social baixar o teto dos juros, bancos passaram a tomar medidas que envolvem a suspensão de crédito consignado.

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Segundo analistas da XP, a suspensão do crédito consignado, deve ter um efeito “marginalmente negativo” para o setor de bancos, dado que as linhas menos arriscadas vinham sendo priorizadas pelos bancos em 2023.

“Essa maior seletividade na concessão de crédito já vinha sendo comunicada e se refletiu nos guidances mais modestos, em termos de crescimento de carteira de crédito, para 2023. Ressaltamos ainda que a medida pode aumentar as preocupações dos investidores em cenário atual já de aumento da percepção de risco para o setor decorrente de eventos domésticos (caso Americanas) e externos (caso SVB)”, explica o analista Matheus Guimarães.

Assim, a casa reitera sua “visão construtiva para as empresas do setor, apesar dos desafios previstos para o ano”.

Em nota a Federação Brasileira de Bancos ressaltou que “cada banco associado segue sua estratégia comercial de negócio na concessão, ou não, da linha de crédito consignado para beneficiários do INSS, diante da decisão do Conselho Nacional de Previdência Social de reduzir o teto de juros dessa modalidade de crédito”.

“O setor financeiro já havia se manifestado junto ao Ministério da Previdência e ao INSS, afirmando que, neste momento, considerando os altos custos de captação, eventual redução do teto poderia comprometer ainda mais a oferta de empréstimo consignado e do cartão de crédito consignado”, diz a nota da Febraban.

“Os novos tetos têm elevado risco de reduzir a oferta do crédito consignado, levando um público, carente de opções de crédito acessível, a produtos que possuem em sua estrutura taxas mais caras (produtos sem garantias), pois uma parte considerável já está negativada”, completa.

Segundo a federação, as duas linhas de crédito consignado do INSS (empréstimo e cartão) têm um saldo de R$ 215 bilhões, com 7,6 bilhões de concessão em janeiro de 2023 e média mensal de concessão, nos últimos 12 meses, de R$ 5,2 bilhões, alcançando hoje cerca de 14,5 milhões de tomadores, com um ticket médio de R$ 1.576,19.

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Caixa e BB seguem na esteira e suspendem consignado

A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (BBAS3) comunicaram o Ministério da Fazenda recentemente que iriam suspender a oferta de crédito consignado para aposentados do INSS, na esteira dos demais bancos.

Conforme reportado pelo Suno Notícias, Itaú (ITUB4), Mercantil Brasil, Banco Pan (BPAN4) e Daycoval estão entre as instituições que também interromperam essas linhas.

No caso dos bancos públicos, líderes partidários próximos ao ministro da Previdência, Carlos Lupi, e deputados do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) começaram a pressionar as lideranças pela exoneração das presidentes, Rita Serrano e Tarciana Medeiros, que comandam Caixa e BB, respectivamente.

Vale lembrar que a mudança nos juros no momento atual de restrição da oferta de crédito foi feita à revelia do Ministério da Fazenda pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, e acabou gerando um embaraço para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – já que uma eventual reversão da medida tem custo político para o governo.

O presidente criticou em evento nesta semana o anúncio de medidas por seus ministros sem o aval da Casa Civil.

Um dos alvos do recado de Lula foi justamente o ministro da Previdência, que no início do governo já tinha sido desmentido pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, depois de acenado com reversão de regras aprovadas na reforma da Previdência.

Cerca de 14,5 milhões de aposentados do INSS têm empréstimo consignado, com valor médio de R$ 1.576,19.

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Eduardo Vargas

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