AES Brasil (AESB3) derrete: UBS-BB rebaixa empresa por alta alavancagem e desempenho fraco. E como ficam os dividendos?

Preocupada com a capacidade da AES Brasil (AESB3) em gerar caixa de forma consistente, o UBS-BB, um dos maiores bancos de investimento do mundo, rebaixou a companhia para “venda” e cortou o preço-alvo de R$ 12 para R$ 9 por ação. No pregão desta segunda-feira (1º), as ações da AES Brasil registraram uma significativa queda em resposta à notícia, encerrando o dia com uma baixa de 6,37%, sendo negociadas a R$ 9,55. No acumulado deste ano, a desvalorização já atinge 22%.

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“Estamos rebaixando a AES para venda devido à alta alavancagem, ao fraco desempenho operacional dos ativos da AES, à baixa vida útil do portfólio e à volatilidade impulsionada pelas notícias de venda de ativos”, diz o relatório do banco.

No texto, os estrategistas afirmam que, embora prevejam o crescimento operacional para a empresa no futuro, os fatores negativos, como o desempenho ruim dos ativos da AES a somar com o efeito de restrição e as altas despesas financeiras, levaram a essa mudança de classificação. Atualmente, a AES está sendo negociada com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 8,1%, enquanto a média das empresas que a UBS-BB é de 10,5%.

Mudanças financeiras impactam perspectivas da AES Brasil

A revisão do modelo financeiro da companhia trouxe uma série de mudanças significativas nos resultados da AES Brasil, segundo o UBS-BB. As estimativas de receita líquida foram ajustadas, refletindo suposições mais altas em relação aos preços de energia. No entanto, o Ebitda (lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) foi impactado negativamente devido à atualização das restrições e suposições de geração de energia.

A revisão também influenciou o lucro líquido da empresa, impulsionado por dois fatores principais: uma nova alíquota de imposto assumida para o futuro e a incorporação da última programação de amortização da AES. Como resultado dessas mudanças, dizem os analistas, espera-se que o Lucro por Ação (EPS) aumente em 2026 e 2027, apesar do declínio do Ebitda, principalmente devido a estimativas otimistas de resultados financeiros.

Além disso, as projeções indicam uma queda nos dividendos da AES Brasil por Ação (DPS) a partir deste ano até 2026, devido a um pagamento de dividendos menor previsto pela empresa, em virtude de sua alta alavancagem. No entanto, a partir de 2027, os estrategistas esperam um aumento nos DPS, conforme projeções de lucro líquido mais elevado.

Uma das mudanças mais notáveis na revisão do modelo financeiro é a introdução de uma penalidade de 10% para a geração renovável da AES Brasil, atribuída à ineficiência operacional da empresa em seus ativos renováveis, juntamente com o efeito das restrições de geração de energia. A comparação da garantia física de 2023 da AES com a energia gerada real revelou uma disparidade de aproximadamente 10%, levando à suposição de que essa penalidade persistirá ao longo do tempo.

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O que acontece agora com a companhia?

Com o rebaixamento para “venda”, a ação da AES Brasil enfrenta um cenário desafiador. Os investidores estão preocupados com a capacidade de a empresa em lidar com sua alta alavancagem e melhorar o desempenho operacional de seus ativos. Além disso, a volatilidade do mercado e a baixa vida útil de seu portfólio adicionam incerteza ao futuro da empresa.

Não é possível determinar até quando a AES Brasil deve permanecer rebaixada sem uma análise contínua de fatores como o desempenho operacional da empresa, condições de mercado, mudanças regulatórias e outros eventos relevantes. Os rebaixamentos de classificação são geralmente revisados periodicamente por agências de classificação de crédito ou por analistas de mercado com base em novas informações e desenvolvimentos na empresa e no mercado em geral.

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Murilo Melo

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