Tripé macroeconômico: Descubra o que é e como ele teve início no Brasil
Você já ouvir falar sobre tripé macroeconômico?
O tripé macroeconômico é um dos aspectos mais importantes dentro do conceito da macroeconomia.
O que é tripé macroeconômico?
O tripé macroeconômico, que norteou a política econômica dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, consiste em três medidas que são base para a política econômica: câmbio flutuante, metas de inflação e metas fiscais.
Como o tripé macroeconômico teve início no Brasil?
O tripé da macroeconomia no Brasil teve início em 1999. Na época, tinha-se o início do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A implementação do plano é atribuída a Armínio Fraga, presidente do Banco Central no período.
O tripé foi necessário na época pois o Brasil passou a ter problemas com a condução da política econômica, a qual utilizava o regime cambial fixo. Ou seja, o governo fixava um valor para o dólar em relação ao real, e operava diretamente no mercado para manter este valor fixo.
Os investidores e demais atuantes do mercado percebiam que aquele valor para a moeda americana era artificial, por isso, mesmo com o câmbio fixo os agentes econômicos seguiam comprando dólares.
Isto exigia que o Banco Central cada vez mais atuasse do outro lado da operação, vendendo dólares para manter a moeda estável. Chegou-se ao ponto de que estas operações se tornaram muito custosas para a balança de pagamentos do Brasil, sendo necessária uma nova solução.
Ainda, outra forma que o Governo percebeu para atrair dólares foi manter uma elevada taxa de juros. A taxa Selic, para se ter uma noção, em Janeiro de 1998 era de 38%.
Este patamar elevado de juros necessário para manter o câmbio fixo corroborou para a criação do tripé macroeconômico.
Em junho de 2016, Armínio Fraga descreveu o tripé macroeconômico em uma linguagem simples, desta forma:
Frase de Armínio Fraga:
“O que se tem hoje é uma mudança que dá à taxa de câmbio uma função diferente da função que ela tinha antes. Antes o Governo dizia para a taxa de câmbio: ‘Você toma conta da inflação.’ e dizia para a taxa de juros: ‘Você toma conta do balanço de pagamentos.’, que é um regime de taxa de câmbio fixa. Hoje nós estamos escalando o time de forma diferente. Nós estamos dizendo para taxa de câmbio: ‘você toma conta do balanço de pagamentos’ e para taxa de juros: ‘você toma conta da inflação’. Agora, nada disso funciona sem uma boa política fiscal”.
Na frase do ex-presidente do Banco Central, percebe-se que ele cita os 3 componentes do tripé da macroeconomia, abaixo será detalhado o que representa cada componente:
- Meta de inflação
- Câmbio flutuante
- Meta fiscal
Meta de inflação
Estabelece-se no tripé da macroeconomia que um dos principais objetivos do Banco Central é perseguir uma meta de inflação.
De tal forma que seja definida um centro da meta, por exemplo, de 4,5%. E que a partir desta meta será estabelecido um piso, de 3% por exemplo, e um teto, de 6% por exemplo.
Este piso e teto servem como parâmetros dentre os quais o Governo deve trabalhar para está sempre entre deles. O teto e o piso da meta de inflação servem para acomodar possíveis choques externos inesperados.
Uma vez estabelecida a meta, o Banco Central deve buscar atingi-la com os instrumentos que lhe são capazes, tais como a taxa de juros.
Isto ocorre pois uma inflação elevada pode trazer diversos malefícios à economia de um país. O Brasil, inclusive, passou por muitas dificuldades durante a época da hiperinflação nas décadas de 80 e 90.
Câmbio flutuante
O câmbio flutuante é uma forma de deixar que o valor do câmbio oscile livremente. Os valores das moedas internacionais são definidos pelo mercado, seguindo a lei da oferta e da demanda.
Desta forma, não há influência artificial na taxa de câmbio. Assim, ela passará a refletir diretamente a percepção de risco sobre o país.
Atualmente, embora se considere que o Brasil adota uma política cambial flutuante, o Banco Central ainda intervém em momentos de grande estresse do mercado.
Meta fiscal
A meta fiscal diz respeito ao estabelecimento de um objetivo para a política fiscal que o governo deve cumprir.
A política fiscal, por sua vez, refere-se ao gerenciamento das receitas e dos gastos do governo, antes do pagamento dos juros da dívida.
Ao estabelecer uma meta fiscal o Governo se compromete a determinado patamar de gastos e receitas.
Ao fixar este patamar e cumpri-lo, o Governo passa a gozar da confiança dos seus credores. Assim, é possível manter uma taxa de juros reduzida, o que por sua vez fomenta o desenvolvimento do país.
O cenário ideal é que a meta fiscal seja composta por um superávit primários, ou seja, que as receitas superem os gastos.
No entanto, em algumas ocasiões a meta fiscal pode ser definida de forma a colocar um limite para o déficit fiscal. Ou seja, o limite no qual os gastos podem ultrapassar as receitas.
Em 2018, por exemplo, a meta fiscal do Governo Brasileiro foi estabelecida em um déficit de R$ 159 bilhões.
Discussões a respeito do tripé
Apesar de ser utilizado por praticamente todas as nações desenvolvidas o tripé da macroeconomia não é uma unanimidade.
Muitos economistas, principalmente da escola Keynesiana, defende uma flexibilização do tripé.
Estes economistas acreditam que o Governo pode agir como um indutor do crescimento, realizando para isso muitos gastos.
Por isso, para estes economistas, a meta fiscal deveria ser muitas vezes deixada de lado, além de se aceitar uma maior inflação.
Alguns economistas mais radicais defendem inclusive o retorno da taxa de câmbio fixa.
Conclusão sobre o tripé macroeconômico
Entender o tripé macroeconômico é essencial para uma melhor compreensão da economia do Brasil e outros países.
Vários fatores influentes no dia a dia de muitos brasileiros possuem suas origens no tripé da macroeconomia. Por exemplo, quando se ouve a expressão de que “o dólar caiu” isto só ocorre devido a existência do tripé.
Além disso, mudanças na taxa de juros para conter a inflação, e o conceito de superávit e rombo fiscal, ambos muito noticiados nos meios de comunicação, também derivam diretamente do tripé da macro economia.
Ainda, esta política quando bem executada traz desenvolvimento e prosperidade aos países.
O tripé macroeconômico foi abandonado em 2011 no governo Dilma para a implementação da Nova Matriz Econômica (NME).
Sendo assim, entender o tripé macroeconômico torna as pessoas muito mais esclarecidas a respeitos dos movimentos da economia do país, além de ser uma alternativa viável para o desenvolvimento.