Nem o Copom salvou: por que Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) fecharam em forte queda no Ibovespa?

As ações de Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) fecharam em forte queda nesta quinta-feira (3) no Ibovespa, enquanto empresas do ramo da construção subiram, impulsionadas pela decisão não unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa Selic pela primeira vez em três anos.

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No fechamento, os papéis da Via recuaram 8,65%, cotados a R$ 1,94, liderando quedas no Ibovespa. Os ativos do Magazine Luiza, que operavam em alta até o início da tarde, passaram a cair e encerraram a sessão caindo 5,1%, a R$ 3,16, também entre as maiores baixas do Ibovespa. As ações ordinárias de Lojas Renner (LREN3) tiveram perdas de 2,37%, a R$ 18,39, e as da Petz (PETZ3) também figuraram no negativo: 4,06%, cotadas a R$ 6,85.

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 03/08/2023
1 Dia

“As varejistas são empresas que se alavancam para conseguir abrir mais lojas, comprar mais produtos, vender mais, e aí tem uma margem bem pequena. Temos um papel ‘queridinho’ da bolsa, que é o de Magazine Luiza. A redução da taxa de juros pode ser benéfica para o papel, mas o que a gente precisa ver agora é a renegociação das dívidas para saber se aí si, conseguimos melhorar margem e conseguir entregar números melhores”, diz Gustavo Gomes, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero.

No último dia 10 de julho analistas do Santander aumentaram o otimismo com as ações do Magazine Luiza (MGLU3), mas mantiveram a recomendação neutra para os papéis. A varejista divulga os resultados do 2T23 no próximo dia 14 de agosto.

“O início favorável do Magazine Luiza em 2023 mostra o enfraquecimento da competição entre online e offline, preparando o terreno para um ano de recuperação, em nossa opinião”, diz a casa.

A projeção é de que o acumulado do ano de 2023 mostre um prejuízo líquido do Magazine Luiza maior do que o acumulado de 2022, de R$ 476 milhões ante R$ 372 milhões do ano anterior.

Além disso, a ausência de um valuation atrativo no momento deixa o Santander ‘de fora da tese’.

“Sob nossas estimativas atualizadas, vemos MGLU3 negociando com um valuation ‘exigente’, de preço sobre lucro estimado para 2025 de 21 vezes, mantendo nossa recomendação Neutra”, diz a casa.

O preço-alvo do Santander é de R$ 4,30 por ação do Magalu, ao passo que os papéis são negociados a cerca de R$ 3.

“Ao nosso ver, o mercado já precificou a melhoria da dinâmica competitiva. A próxima etapa pode ser desencadeada por uma recuperação operacional que ainda não se concretizou, e assim preferimos esperar por um ponto de entrada melhor para equilibrar o risco de oportunidade”, concluem os especialistas.

Papéis da Via tiveram preço-alvo cortado pelo Citi

Em novo parecer sobre as ações da Via (VIIA3), os analistas do Citi cortaram o preço-alvo para os papéis da varejista.

Com recomendação neutra para as ações da Via, os especialistas agora mantêm um preço-alvo de R$ 2,30, ante R$ 2,40 na última revisão.

O patamar ainda fica acima do que os papéis VIIA3 são negociados atualmente, de R$ 2,09.

“Por causa da baixa visibilidade da empresa em meio à mudança de estratégia e também do setor de comércio eletrônico como um todo, preferimos nos manter mais cautelosos”, diz o Citi sober a companhia.

Os especialistas destacaram que a empresa tem mostrado um crescimento aquém do esperado, além de ter mostrado trocas relevantes na gestão nos últimos meses.

A expectativa é de que o próximo resultado da Via mostre uma evolução, porém com uma folga pequena nos comparativos, apresentando praticamente uma estabilidade nos números.

Além disso, a projeção é de uma retração de 2,4 pontos percentuais (p.p.) na margem bruta e 2% no volume bruto de vendas.

Segundo o analista, o Mercado Livre (MELI34) é uma das empresas da bolsa que entregam as melhores margens, assim como Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3), do setor de vestuário de alto padrão.

Construtoras sobem em onda pós-Copom

O setor ganhou força no Ibovespa pós-Copom foi o das construtoras. Gomes destaca um movimento de alta considerável de papéis como Cyrela (CYRE3), Direcional (DIRR3) e Eztec (EZTC3), que no começo de 2023 passavam por uma depreciação bastante acentuada.

“Assim como as varejistas, as construtoras trabalham bem alavancadas, tomam bastante dívida para conseguir fazer os seus empreendimentos, conseguir vender e, com o valor gerado pela venda, conseguem quitar suas dívidas. E, com uma taxa menor de juros, esse custo de dinheiro fica mais barato e tende a fazer com que as empresas consigam performar melhor, gerando mais lucro e ficando mais atraente para os investidores”, pontuou.

As ações da Cyrela subiram 2,78%, a R$ 24,77, as de Direcional avançaram 0,090%, a R$ 21,73, enquanto as de Eztec tinham ganhos de 1,97%, a R$ 22,75.

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‘Efeito Copom’: bancos reduzem juros e linhas de crédito após queda da Selic

Banco do Brasil (BBAS3) e a Caixa Econômica Federal anunciaram uma redução nos juros em algumas linhas de crédito para pessoa física e jurídica, logo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciar uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic.

No caso do Banco do Brasil (BBAS3), as novas taxas de juros estarão disponíveis para os clientes a partir de sexta-feira (4). Na pessoa física, o banco informou que os juros caíram nas linhas de crédito consignado, automático, salário, benefício, renovação e 13º salário.

A instituição reduziu os juros do consignado do INSS de 1,81% ao mês para 1,77% ao mês, na faixa mínima, e de 1,95% ao mês para 1,89% ao mês no patamar máximo.

Caixa Econômica Federal também anunciou redução nas taxas de juros do crédito consignado para beneficiários e pensionistas do INSS, que passa de 1,74% ao mês para a partir de 1,70%, representando uma redução total de 2,3%.

Para Gustavo Gomes, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, a redução nos juros em linhas de crédito para pessoa física será muito importante para impulsionar o consumo das famílias.

“Essa redução para pessoa física ajuda muito, principalmente no consumo, porque as pessoas se sentem mais confortáveis em gastar mais. Isso vai em linha com o cenário de construtoras e varejistas, visto que se as pessoas conseguem pegar empréstimos mais baratos, elas conseguem gastar mais também. Assim, com maior consumo, as empresas tendem a melhorar suas margens e a bolsa fica mais atrativa”, destacou.

O analistas acrescentou, ainda, que esse movimento provavelmente deve ser visto em outras instituições, como Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4), por exemplo.

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Via surfa na onda do Desenrola: veja como renegociar dívidas com Casas Bahia e Ponto com vantagens

As empresas de varejo estão aproveitando o momento do início do programa Desenrola Brasil, do Governo Federal, para renegociar dívidas internas com seus clientes. Esses débitos dos consumidores vêm principalmente de cartões não bandeirados e dos carnês. A medida inclui as companhias que estão sob a propriedade da Via, conforme noticiado pelo portal Extra.

Assim, dois exemplos de empresas que estão aderindo a esse mutirão de renegociação de dívidas são Casas Bahia e Ponto, pertencentes à Via, com uma campanha que começa hoje (25) e vai durar até o dia 31 de agosto de 2023.

Assim, os clientes dessas duas lojas poderão renegociar dívidas em aberto sem pagar multa e juros. Além disso, essa renegociação prevê o parcelamento de até 36 vezes, embora as condições de pagamento vão depender da situação de cada consumidor.

Além dessas vantagens já citadas para a renegociação de dívidas com Casas Bahia Ponto, ainda existe a possibilidade de ter redução no valor de entrada e a obtenção de descontos.

Apesar disso, nem todos os débitos poderão ter essas condições. Para que a negociação possa ser feita com essas vantagens, as dívidas devem ter sido feitas até o dia 31 de dezembro de 2022 no carnê.

Segundo a Via, a estimativa é de que mais de 1,5 milhão de clientes dessas empresas possam ter suas dívidas renegociadas, regularizando-se assim as pendências.

Para renegociar as dívidas com as Casas Bahia e Ponto, os consumidores poderão optar por ir diretamente a uma de suas lojas, ou regularizar as pendências de forma online.

Nesse caso, as Casas Bahia disponibiliza 4 formatos a distância:

  1. Ligando na Central de Atendimento, pelo número 0800 025 8880;
  2. Acessando o Portal do Carnê;
  3. Renegociando pelo WhatsApp, no número 41 9951-2321;
  4. Usando o aplicativo do BanQi.

No Ponto também são 4 possibilidades de renegociação sem precisar ir a uma loja:

  1. Ligando na Central de Atendimento, pelo número 0800 022 1400;
  2. Acessando o Portal do Carnê;
  3. Renegociando pelo WhatsApp, no número 41 98512-0885;
  4. Usando o aplicativo do BanQi.

No caso das dívidas em aberto no cartão de crédito, a renegociação também pode ser feita, mas o processo é um pouco diferente dos carnês. Nesse caso, a regularização deve ser tratada diretamente com os bancos operadores. Nas Casas Bahia, o operador é o Itaú, enquanto no Ponto é o Bradesco.

Além das empresas da Via, outras varejistas também podem entrar em período de renegociação de dívidas. Esse é o caso das Lojas Renner, que optou por aderir ao Desenrola. No entanto, Pernambucanas e Magazine Luiza, por exemplo, ainda não trouxeram uma confirmação para a tomada de ações desse tipo.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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