Sérgio Moro: mercado vê perda de apoio e problema econômico após demissão

O pedido de demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) abriu uma crise que deve afetar a base de apoio da população e também a economia. Essa foi a avaliação de agentes do mercado financeiro entrevistados pelo SUNO Notícias.

De acordo com a avaliação do mercado, a saída de Sérgio Moro, que mantém um alto índice de popularidade, deixa o governo Bolsonaro mais instável e com poucas chances de avançar em uma agenda conjunta para tirar o País da crise.

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“A saída de Moro impacta tanto o mercado, pois ele é parte da grande trinca de estabilidade do governo, Moro, Guedes e Bolsonaro. Parece que o mercado passou a entender a real gravidade do cenário político, coisa que não era avaliada por outros especialistas”, disse Guto Ferreira, analista da Solomon’s Brain.

A opinião é compartilhada por Victor Cândido, da Journey Capital. Segundo o gestor, a demissão do braço direito de Moro na Polícia Federal, Maurício Valeixo, que desencadeou na saída do ministro, mostra que Bolsonaro estava confortável em comandar da sua maneira.

“Moro era uma das pedras fundamentais do governo”, afirmou Cândido. “Tirar o Moro é algo muito grave pois, se você pensar, era um ministro que tinha pouco atrito com o governo, relativamente”, disse ele.

De acordo com Guto Ferreira, o mercado havia descartado o risco político que o atual governo trazia para focar apenas nos resultados econômicos, que também ficaram menores que o esperado.

“Isso só reforça a opinião que nós temos há um tempo, que não existe uma análise correta do financeiro sem análise da questão política”, afirmou.

Paulo Guedes seguirá Sérgio Moro?

A falta de estabilidade reflete no mercado, que vem caindo desde o início da crise política e da disputa entre Bolsonaro e Moro, na quinta-feira (23).

“O mercado está reagindo muito mal, pois em meio a um enfraquecimento global, como um todo, o país se destaca negativamente com os conflitos internos”, afrimou Daniela Casabona, sócia da consultoria FB Wealth.

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Esse aumento dos conflitos políticos deve atrasar uma retomada da economia real após a crise do coronavírus (covid-19), que se reflete nos preços das ações listadas na B3, a bolsa de valores de São Paulo.

Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura, essas questões têm abalado a confiança do mercado financeiro no governo, fazendo com que o Ibovespa, o principal índice da B3, caísse.

“O mercado aqui virou [para queda] por um conjunto de medidas que podem indicar que os problemas políticos do governo estão aumentando”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura.

Além disso, o risco que Paulo Guedes corre em perder protagonismo durante a também assusta.

“Os rumores de uma possível saída de Guedes, além da perda de protagonismo com o lançamento do programa Pró-Brasil pela Casa Civil, também assustam”, disse um gestor, que preferiu não se identificar.

Assim, soma-se a preocupação a demissão de Sérgio Moro.

Vinicius Pereira

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