Petrobras (PETR4) “abusa” com lucros excessivos, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta segunda-feira (30), os “lucros excessivos” da Petrobras (PETR4). Acusou a estatal de não ter” responsabilidade com o momento do Brasil” e cobrou o aumento no intervalo dos reajustes de preços dos combustíveis.

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“A Petrobras tem seus problemas, mas não tenho como mandar lá. Temos que respeitar o livre mercado, mas a Petrobras abusa. A Petrobras não precisa desse lucro excessivo e, no momento, não tem qualquer responsabilidade, quer mais é arrancar dinheiro do povo”, reclamou durante entrevista ao programa Alerta Nacional, da RedeTV!.

Bolsonaro voltou a defender a privatização da Petrobras e criticou o que chamou de monopólio da estatal no Brasil. “O que não pode é Petrobras ser uma semiestatal com monopólio no Brasil. Eles decidem vou aumentar hoje à noite o diesel. Eles aumentam, não tão nem aí. A Petrobras não passa por mim. Ela é praticamente autônoma”, afirmou durante entrevista na RedeTV!, gravada no último sábado, 28, em Manaus, e exibida nesta segunda-feira, 31.

“Quanto mais caro está o combustível, mais eles ganham, mais eles pagam para os acionistas, mais mandam para fora do Brasil. Parece que é coisa orquestrada. A Petrobras não precisa desse lucro excessivo”, também criticou o presidente, ao voltar a falar em preços abusivos fixados pela estatal. Bolsonaro ainda admitiu que a privatização será um “negócio complicado” e previu que o processo de venda da petroleira vai durar quatro anos.

Com receio de como o aumento dos combustíveis tem impactado na sua popularidade, o presidente tem feito mudanças no comando da Petrobras para segurar os reajustes e dar mais “previsibilidade” de preços em tempos de guerra da Ucrânia com a Rússia. Para isso, Bolsonaro quer reduzir a frequência dos aumentos, num momento em que o impacto da inflação em suas perspectivas de reeleição preocupa o comitê de campanha do presidente.

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Os governadores também foram alvo de críticas do presidente, que falou em “ganância” ao cobrar novamente a redução na cobrança do ICMS dos combustíveis. “Alguns governadores mais que dobraram a cobrança de ICMS sobre o litro de gasolina. Por que eles não zeram o imposto do gás de cozinha? O imposto federal do diesel eu zerei, era na casa de R$ 0,32 por litro”, afirmou.

Lira fala em ‘apertar o governo’ para criar subsídio a preço dos combustíveis

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira, 30, que vai “apertar o governo” nesta semana para que seja concedido subsídio federal como forma de reduzir os impactos do aumento no preço dos combustíveis.

“Vamos apertar o governo para que ele faça ou não o subsídio. É importante, todo mundo está fazendo, todas as petrolíferas públicas ou privadas estão fazendo. Os governos dos países mais avançados dão subsídios para (evitar) a alta dos combustíveis”, afirmou em entrevista exibida pela Record News nesta noite. Lira disse ainda que o Congresso tem tentado sensibilizar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que se mostra refratário à ideia do subsídio.

Na última quarta, 26, o presidente da Câmara defendeu a criação de um auxílio para que caminhoneiros arquem com os reajustes do óleo diesel. O Congresso tem feito uma espécie de “levante” contra aumentos de preços e tem o apoio do governo, num momento em que o efeito da alta da inflação nas chances de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) preocupa o comitê de campanha do presidente.

Na semana passada, a Câmara aprovou um projeto que estabelece teto de 17% para o ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, gás natural, querosene de aviação, transporte coletivo e telecomunicações.

“O foco do Congresso e da Câmara é combater essa inflação que machuca a todos os brasileiros”, também disse Lira na entrevista.

Cade deve adotar medidas mais duras contra “exageros da Petrobras”, diz Lira

Lira (PP-AL) pediuque o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tome “medidas mais duras” contra o que chamou de “exageros” na política de preços da Petrobras.

“Contra a Petrobras, sempre podem ter medidas mais duras. Cade já deveria ter dado resposta a exageros de monopólio da Petrobras”, afirmou Lira em entrevista exibida pela Record News. Como exemplo do endurecimento das medidas, ele disse que o Cade deveria investigar uma denúncia de cartel na venda do gás de cozinha pela estatal.

“Se você pega a exploração do preço do gás no pré-sal com centavos de dólares e, quando esse gás entra no gasoduto da Petrobras, ele vai para 10/12 dólares, o que justifica esse custo? Petrobras pode responder por isso e por muito mais coisas”, afirmou.

Como mostrou o Estadão/Broadcast em reportagem de abril, pressionado pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério da Economia para tomar ações que resultem na queda do preço dos combustíveis, o Cade tem ao menos 11 investigações abertas que envolvem direta ou indiretamente a Petrobras, segundo levantamento realizado pelo órgão a pedido da reportagem. Há processos abertos desde 2009, e a maioria ainda não teve resultados práticos.

Lira tem liderado uma ofensiva contra aumentos de preços e tem o apoio do governo, num momento em que o efeito da alta da inflação nas chances de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) preocupa o comitê de campanha do presidente. Aliado do chefe do Executivo, ele passou a defender a privatização da estatal, assim como Bolsonaro.

Bolsonaro fez outras críticas à Petrobras (PETR4) nesta segunda

Mais cedo, as falas do presidente afetaram as ações da Petrobras no intradia no Ibovespa. O presidente afirmou que a companhia poderia “quebrar o Brasil”, caso ocorressem mais aumentos no preço do diesel.

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Ele fez a declaração durante entrevista coletiva que tratava de possíveis ações do governo para auxiliar as famílias afetadas pelas enchentes em Pernambuco. Bolsonaro aproveitou para criticar os questionamentos dos governadores estaduais sobre o projeto aprovado na Câmara que propõe a redução do ICMS.

Segundo o presidente “é um crime se cobrar um real de ICMS por litro de óleo diesel“. Ele ainda acrescentou que “como alertei no mês passado, a Petrobras pode quebrar o Brasil com isso”. Apesar do intuito da entrevista não ser sobre assuntos da Petrobras e o preço dos combustíveis, o mandatário acabou tratando de outros temas além do problema das enchentes.

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O mercado reagiu de forma positiva no pregão de hoje (30) às declarações do presidente. As ações do Petrobras, que na sexta tiveram queda de 4,76% (PETR4) e 4,18% (PETR3), voltaram a recuar nesta segunda.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam o dia em queda de 1,99%, cotadas a R$ 29,99. A baixa no preço das cotas se dá em continuidade à queda da última sexta-feira (27), com uma variação de -4,17%. As ações ordinárias encerraram o pregão com baixa de 2,16%, a R$ 33,11. A possibilidade de um desabastecimento de diesel no país também colaborou para o desempenho negativo.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Victória Anhesini

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