Magazine Luiza (MGLU3) diminui perdas, mas fecha em queda após 2T23; analistas dizem o que pressionou o balanço da varejista

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) despencam nesta terça-feira (15) no Ibovespa, entre as maiores perdas do índice, com o mercado repercutindo o balanço do segundo trimestre da companhia, divulgado na véspera.

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No fechamento, as ações ordinárias do Magazine Luiza caíram 2,46%, cotadas a R$ 2,77. As ações ordinárias de Via (VIIA3) também recuaram, com queda de 1,74%, a R$ 1,69.

Cotação MGLU3

Gráfico gerado em: 15/08/2023
1 Dia

No segundo trimestre de 2023, o Magazine Luiza reportou um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões, valor 77,3% maior do que o prejuízo anotado um ano atrás. A companhia cita maiores despesas financeiras com os juros altos e diz que cada ponto percentual da taxa Selic representa uma economia anual de R$ 150 milhões.

No documento sobre o 2T23 do Magalu, a empresa destacou, no entanto, um crescimento nas vendas em todos os canais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace.

Roberto Belissimo, diretor-financeiro da companhia, disse ao Estadão/Broadcast que, neste trimestre, a evolução do marketplace “compensou” efeitos negativos ligados à tributação e permitiu que a margem bruta da empresa evoluísse – no entanto, o repasse desses efeitos ainda não foi feito em sua totalidade, o que ajuda a explicar o Ebitda em queda.

O crescimento das vendas do Magazine Luiza em conjunto com o aumento da margem de contribuição do marketplace contribuiu para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em base ajustada, que atingiu R$ 439,8 milhões. A margem Ebitda ajustada caiu de 5,7% para 5,1% em função, principalmente, do aumento dos impostos.

A margem bruta do trimestre foi de 28,8%, alta de 0,2 ponto porcentual (p.p.) sobre o apresentado um ano antes.

receita líquida da Magazine Luiza aumentou 0,1% em um ano, totalizando R$ 8,572 bilhões no segundo tri. Já o volume total de vendas foi de R$ 14,727 bilhões, incluindo o marketplace, uma alta de 5,8% em um ano.

Santander: imposto impactou receita líquida do Magazine Luiza no 2T23

Em relatório, analistas do Santander afirmam que o mercado já havia antecipado um trimestre desafiador em meio ao desempenho fraco do segmento de bens duráveis, mas atribuem a reação negativa do mercado ao balanço à margem Ebitda perdida ante a projetada pelo consenso, mesmo após excluir os itens pontuais que aumentaram sequencialmente.

Além disso, segundo o banco, a reintrodução do imposto DIFAL (diferencial de alíquota do ICMS) sobre as vendas brutas impactou negativamente a receita líquida, que permaneceu estável em relação ao ano anterior, em linha com as estimativas da instituição e as de consenso.

“O 2T23 marcou mais um trimestre de ajustes para o Magazine Luiza”, disse o Santander, que tem recomendação “neutra” para as ações da varejista, com preço-alvo a R$ 4,30.

Tendências de rentabilidade fracas marcaram 2T23 do Magazine Luiza, diz Itaú BBA

Analistas do Itaú BBA pontuaram, também em relatório, que o 2T23 do Magalu foi marcado por vendas fracas e tendência de rentabilidade fracas no Magazine Luiza, contrariando as suas projeções.

Segundo o banco, apesar de uma melhoria notável na margem bruta devido ao aumento da participação de serviços no mix, ela foi mais do que compensada pelo repasse do impacto negativo do DIFAL e alguma pressão de custos de vendas, gerais e administrativos (SG&A, na sigla em inglês) ao nível da margem Ebitda.

“Vale ressaltar também que a empresa reconheceu R$ 160 milhões em despesas não recorrentes da reestruturação para atingir uma estrutura corporativa mais eficiente, o que não esperávamos”, afirmaram no relatório.

Para os próximos trimestres, o mercado espera uma recuperação da lucratividade, disse o Itaú BBA, que manteve a recomendação de “market perform” para os papéis da companhia, com preço-alvo a R$ 3,20.

“Dado que as tendências de rentabilidade têm sido o principal foco dos investidores no Magazine Luiza, o aumento de 20 pontos-base na margem bruta foi um destaque nos resultados, considerando o impacto negativo do repasse da taxa DIFAL. Ao nível do Ebitda, esperamos que os investidores se concentrem nos resultados dos ajustes operacionais feitos no 2T23 nos próximos trimestres”, acrescentaram.

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Números do varejo online refletem foco do Magazine Luiza na lucratividade, diz Goldman Sachs

Em relatório, o Goldman Sachs pontuou que a nova gestão da operação de crédito está trabalhando para aumentar a monetização e a rentabilidade, principalmente na Luizacred, que deve começar a dar os primeiros resultados no segundo semestre.

“Também reconhecemos que as margens da operação principal de varejo online refletiram o foco da administração na lucratividade. Embora reconheçamos que o crescimento do volume de vendas brutas (GMV, na sigla em inglês) superou seu principal concorrente (Via) no 2T23 (-1% no comparativo anual), também observamos que o Mercado Livre (MELI34) continua a se separar dos concorrentes (+25% no comparativo anual)”.

O banco entende que a nova gestão da operação está focando no aumento da monetização, o que deve gerar melhores yields e rentabilidade no segundo semestre.

O Goldman tem recomendação “neutra” para as ações de Magazine Luiza, com preço-alvo a R$ 4,30.

Magazine Luiza: “Confiante com corte da Selic”

No relatório de resultados, a Magazine Luiza destacou que entrou no segundo semestre ainda mais confiante e otimista, com a expectativa de que seja o início de um novo ciclo, com cortes sucessivos da Selic, aumento do nível de confiança, do poder de compra e do crédito ao consumidor.

“O impacto dos juros para o Magalu é significativo, sobretudo no que se refere às vendas de bens duráveis, com tíquetes mais altos e mais sensíveis às condições do crédito. Juros mais baixos significam, em última análise, vendas em alta e inadimplência em baixa”, diz o relatório da empresa.

Há ainda o efeito da redução dos juros nas despesas financeiras. A companhia estima que cada ponto percentual de redução da Selic gere, para o Magalu, uma economia anual de mais de R$ 150 milhões.

O vice-presidente de negócios, Eduardo Galanternick, diz que o foco de crescimento tem se voltado para categorias complementares às especialidades de venda da empresa, com tíquete médio de mais de R$ 200. Em sua visão, nessa faixa, a varejista não está exposta à força de plataformas de produtos importados com isenção de imposto de importação.

“A área de vestuário é mais impactada”, diz. Ele explica que, na divisão da Netshoes, a companhia tem investido na força de marcas originais, enquanto algumas divisões de moda, lançadas recentemente pela companhia, agora ficam mais de lado na estratégia da empresa.

“Essas perspectivas positivas, combinadas com uma inflação mais baixa e com todas as iniciativas estratégicas que a companhia vem adotando, já estão se refletindo nas vendas e nas nossas margens no terceiro trimestre”, completa o comunicado da Magazine Luíza.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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