Magazine Luiza (MGLU3): prejuízo aumenta 77% no 2T23 com “pressão dos juros” e chega a R$ 198,8 mi

O Magazine Luíza (MGLU3) reportou hoje um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 77,3% maior do que o prejuízo anotado um ano atrás. A companhia cita maiores despesas financeiras com os juros altos e diz que cada ponto percentual da taxa Selic representa uma economia anual de R$ 150 milhões.

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No documento sobre o 2T23 do Magalu, a empresa destacou, no entanto, um crescimento nas vendas em todos os canais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace. Reflexo do aumento de 7,0% no e-commerce total (crescimento médio anual de 45,7% em quatro anos), atingindo R$ 10,7 bilhões, e um crescimento de 2,7% nas lojas físicas (crescimento médio anual de 4,4% em quatro anos). Já no marketplace, as vendas atingiram R$ 4,2 bilhões no trimestre, com crescimento de 15,1%.

O CFO da companhia diz que, neste trimestre, a evolução do marketplace “compensou” efeitos negativos ligados à tributação e permitiu que a margem bruta da empresa evoluísse – no entanto, o repasse desses efeitos ainda não foi feito em sua totalidade, o que ajuda a explicar o Ebitda em queda, afirma Roberto Belissimo.

A volta do DIFAL (diferencial de alíquota do ICMS) fez com que as mercadorias vendidas passassem a ser tributadas tanto na origem quanto no destino e, assim, aumentou o imposto pago pelas empresas de e-commerce. Belissimo diz que a empresa conseguiu repassar em preço de 60% a 70% desse impacto no segundo trimestre. “Vamos continuar repassando e equilibrando o crescimento de vendas. Essa questão é uma tendência temporária, enquanto a evolução do nosso marketplace é uma tendência contínua”, afirmou ao Broadcast.

O crescimento das vendas do Magazine Luiza em conjunto com o aumento da margem de contribuição do marketplace contribuiu para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em base ajustada, que atingiu R$ 439,8 milhões. A margem Ebitda ajustada caiu de 5,7% para 5,1% em função, principalmente, do aumento dos impostos.

A margem bruta do trimestre foi de 28,8%, alta de 0,2 ponto porcentual (p.p.) sobre o apresentado um ano antes.

“O resultado da margem Ebitda ajustada decorre, principalmente, do aumento dos impostos. No mesmo período, o resultado líquido ajustado foi negativo em R$ 198,8 milhões, ainda influenciado pela alta taxa de juros”, diz o release de resultados da varejista.

As provisões para perdas em crédito de liquidação duvidosa totalizaram R$ 105,1 milhões no segundo trimestre e R$ 204,0 milhões no 1º semestre. Esse valor representa um aumento de 78% nas provisões na comparação com o mesmo período de 2022.

Ao final de junho, o Magazine Luiza tinha 1.303 lojas em funcionamento, uma redução de 126 unidades, das 1.429 lojas que tinha aberta um ano atrás.

A receita líquida da Magazine Luiza aumentou 0,1% em um ano, totalizando R$ 8,572 bilhões no segundo tri. Já o volume total de vendas foi de R$ 14,727 bilhões, incluindo o marketplace, uma alta de 5,8% em um ano.

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Magazine Luiza: “Confiante com corte da Selic”

“Entramos no segundo semestre ainda mais confiantes e otimistas. A expectativa é de que seja o início de um novo ciclo, com cortes sucessivos da Selic, aumento do nível de confiança, do poder de compra e do crédito ao consumidor. O impacto dos juros para o Magalu é significativo, sobretudo no que se refere às vendas de bens duráveis, com tíquetes mais altos e mais sensíveis às condições do crédito. Juros mais baixos significam, em última análise, vendas em alta e inadimplência em baixa”, diz o relatório da empresa.

Há ainda o efeito da redução dos juros nas despesas financeiras. A companhia estima que cada ponto percentual de redução da Selic gere, para o Magalu, uma economia anual de mais de R$ 150 milhões.

O vice-presidente de negócios, Eduardo Galanternick, diz que o foco de crescimento tem se voltado para categorias complementares às especialidades de venda da empresa, com tíquete médio de mais de R$ 200. Em sua visão, nessa faixa, a varejista não está exposta à força de plataformas de produtos importados com isenção de imposto de importação.

“A área de vestuário é mais impactada”, diz. Ele explica que, na divisão da Netshoes, a companhia tem investido na força de marcas originais, enquanto algumas divisões de moda, lançadas recentemente pela companhia, agora ficam mais de lado na estratégia da empresa.

O resultado financeiro líquido do Magazine Luiza foi negativo em R$ 532,1 milhões, representando um aumento de 7,7% ante o mesmo intervalo de 2022.

“Essas perspectivas positivas, combinadas com uma inflação mais baixa e com todas as iniciativas estratégicas que a companhia vem adotando, já estão se refletindo nas vendas e nas nossas margens no terceiro trimestre”, completa o comunicado da Magazine Luíza.

Com Estadão Conteúdo

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Allan Ravagnani

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