Bolsonaro está certo? Veja o que os analistas falam da queda do Magazine Luiza (MGLU3)

O presidente Jair Bolsonaro atribuiu a queda das ações do Magazine Luiza (MGLU3) ao apoio de Luiza Trajano ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, a empresária disse que nunca esteve com o ex-presidente e rebateu as críticas feitas por Bolsonaro. Em meio a essa troca de farpas, o investidor quer saber se de fato a explicação para a queda dos papéis do Magalu tem relação com política.

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De acordo com os especialistas a resposta é simples e objetiva: não. Isso porque as ações do Magazine Luiza e de outras varejistas estão sofrendo com o atual cenário macroeconômico nacional, que traz elevado nível de inflação, juros em alta e desemprego elevado. Todos estes fatores impactam o poder de compra dos consumidores.

Segundo o levantamento da Economatica, encomendado pelo site Metrópoles, do ano passado para este, o Magazine Luiza perdeu metade do que valia na Bolsa de Valores (B3). O valor de mercado do Magalu passou de R$ 159,6 bilhões para R$ 71,3 bilhões, correspondendo a uma perda de R$ 88 bilhões. Ou seja, 55,3%.

Foto: Status Invest
Foto: Status Invest

Mas isso nada se relaciona com a questão política, visto que a própria Luiza Trajano negou ter sido convidada para ser vice-presidente e nunca esteve com o ex-presidente Lula.

“Os players do mercado apontam que o cenário macroeconômico brasileiro é um grande desafio para empresas do setor de varejo, pois inflação alta retira poder de compra do consumidor, assim como os juros altos e o desemprego”, analisou o economista e head de conteúdo e sócio da BRA, Alexsandro Nishimura.

O próprio Magazine Luiza atribuiu ao seu resultado trimestral à deterioração do cenário macroeconômico. Para o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila, com o aumento da taxa de juros, a população que possui renda prefere poupar ou investir em vez de consumir, uma vez que, do outro lado da moeda, há uma inflação elevada.

O analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, acrescenta ainda que o Magazine Luiza sofre a acirrada concorrência do e-commerce, principalmente com a entrada de grandes players internacionais como Mercado Livre (MELI34), Amazon e Shopee.

“A inflação é bastante nociva para essas empresas de e-commerce, principalmente agora que a disputa está cada vez mais acirrada entre as três nacionais, como Via (VIIA3) e Americanas (AMER3). Mas temos também a entrada internacional relevante com Amazon, Mercado Livre e Shopee”.

Com o cenário que o Magalu enfrenta, até a Black Friday deve ser afetada. Isso porque as vendas nas lojas físicas apresentaram queda, e os bens duráveis costumam ser vendidos a crédito, que tende a ficar mais caro com os juros elevados.

Diante dessa perspectiva de elevado nível da inflação, alta dos juros, aumento da concorrência e desemprego elevado, os analistas concluem que está sendo precificado no papel da varejista o atual momento macroeconômico, o que representa uma grande dificuldade para o Magazine Luiza mas também para outras empresas do mesmo setor.

“As empresas do varejo são bastante alavancadas e essa dívida está atrelada tanto a taxa de juros quanto a inflação, o que acaba diminuindo o lucro dessas empresas na perpetuidade. Então o que acontece é que essa dívida fica mais cara ao longo do tempo, o que impacta no lucro do futuro. O que está sendo precificado aqui é o lucro no futuro que acaba sofrendo”, analisou sócio e assessor de renda variável da Acqua-Vero Investimentos, Gustavo Gomes.

Cotação do Magazine Luiza

Após a notícia, por volta das 15h20, as ações do Magazine Luiza atenuava a queda já vista nos últimos pregões de 3,73%, negociadas a R$ 8,51.

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Poliana Santos

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