Líder dos caminhoneiros diz que mudança no preço do diesel ‘não resolve 100%’

Um dos líderes dos caminhoneiros, Wallace Costa da Silva, conhecido como Chorão, disse nesta terça (26) que a mudança na política de preços não resolve totalmente o problema.

De acordo com a liderança, a contenção dos preços do diesel não é a única reivindicação dos caminhoneiros. Os representantes da categoria se reunirão duas vezes com o governo em março: no dia 14, com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e na sexta (22), no Ministério de Infraestrutura, durante o Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Cargas.

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Segundo Silva, há um descontentamento dos caminhoneiros devido o descumprimento da tabela de fretes, implementada em 2018. “A classe inteira está insatisfeita. Nós temos a lei, mas não temos o comprimento”, diz Silva.

Durante a reunião com Lorenzoni, Silva disse que o governo pretende tomar medidas para atender aos pedidos da categoria.

“Queremos uma medida rápida para aumentar a fiscalização”, diz. “Com relação ao diesel, que está subindo como subia antes [da greve], tem que arrumar um mecanismo para segurar os aumentos”, afirma.

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Mesmo com o descontentamento, Silva se posiciona contra a paralisação. Além disso, o caminhoneiro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro deve falar sobre as demandas da categoria ainda nesta semana. “Nessa quinta tem leilão, ele deve falar”, diz.

Insatisfação e possibilidade de greve dos caminhoneiros

O nível de insatisfação dos caminhoneiros está muito grande. Pelo menos é o que afirma a Associação Brasileira dos Caminhoeiros (Abcam), uma das principais entidades do setor. Segundo ela, os ânimos podem gerar uma nova greve dos caminhoneiros, dando eco aos rumores surgidos no último fim de semana a respeito de uma paralisação no fim deste mês.

“São inúmeros telefonemas e mensagens de insatisfação com o atual piso mínimo de frete, bem como a falta de fiscalização para o seu cumprimento”, informou a Abcam, que afirma representar mais de 600 mil caminhoneiros autônomos em todo o País. “A entidade vem percebendo uma insatisfação muito grande da categoria, o que pode refletir em uma possível nova paralisação”.

Antes de tomar qualquer decisão, no entanto, a associação diz esperar a divulgação de um estudo elaborado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), da Universidade de São Paulo (USP) sobre a tabela de frete criada no último governo, após a greve dos caminhoneiros que afetou o País por 11 dias em 2018.

O governo federal está monitorando os grupos de WhatsApp nos quais os caminhoneiros estão articulando uma eventual nova paralisação. Segundo algumas lideranças dos caminhoneiros, o governo não teria cumprido os principais compromissos assumidos pelo governo do ex-presidente Michel Temer. Para tentar terminar a greve do ano passado, o Executivo tinha aceitado tabelar os fretes e reduzir o preço do diesel.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está fazendo o monitoramento e detectou mensagens que falam em greve para o dia 30 de março.

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Entretanto, as primeiras informações mostram como, no momento, o movimento não tenha a mesa força percebida no ano passado. No governo há temores de que os motoristas acabem se fortalecendo, levando a uma greve dos caminhoneiros com grande potencial, como a do ano passado.

 

Renan Dantas

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