Guerra em Israel: 8 especialistas preveem impactos do conflito no mercado brasileiro e na bolsa; veja

O foco mundial está voltado para a Guerra em Israel após o ataque do grupo extremista Hamas no sábado (7) e a contraofensiva israelense. Entre as várias preocupações do conflito, que já soma mais de 1.200 mortos em Israel e na Palestina, estão os impactos econômicos e financeiros. Segundo os especialistas ouvidos pelo Suno Noticias, o setor de petróleo deverá ser o principal afetado. A oferta pode estar em risco, a depender da expansão da guerra no Estado judaico. Veja as opiniões:

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Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research: Petróleo pode subir com a Guerra em Israel; como fica a Selic?

“Primeiramente, condolências às famílias e vítimas envolvidas neste conflito. Falando sobre os mercados, os efeitos no curto prazo deverão ser limitados. Entretanto, caso o conflito comece a tomar um formato mais de guerra e se espalhar pelo Oriente Médio, aí poderemos ver maiores incertezas e consequências negativas sobre os mercados.

Olhando mais especificamente sobre o preço do petróleo, hoje o Brent está subindo mais de 4% e quando temos conflitos e naquela região, consequentemente o mercado de petróleo fica um pouco mais estressado. A boa notícia é que os dois países envolvidos não são grandes exportadores de petróleo.

Se começarmos a ver o envolvimento de outros países, como a Arábia Saudita, Irã e outros, aí o preço [dos combustíveis] poderá tornar a subir. Isso, entretanto, vai depender muito se haverá um escalonamento do conflito e os preços fiqcarem mais altos por mais tempo. Nesse caso, seria possível ver empresas como a Petrobras (PETR4) começarem a repassar o custo para os combustíveis, impactando a inflação. Por enquanto, isso não deve alterar a política monetária, acredita-se ainda que devem vir cortes nos juros, mas isso também vai depender do patamar do petróleo nos próximos meses.”

João Daronco, Analista CNPI da Suno Research: Impactos da guerra na bolsa e nas commodities

“Na minha visão, os dois principais aspectos que o investidor precisa estar atento sobre o conflito Israel-Hamas são a duração e a intensidade. Caso tenhamos um conflito que se estenda por um longo período, podemos ver preços de algumas commodities subindo de patamar, o que pode beneficiar algumas empresas da bolsa, e prejudicar outras.

O mesmo ocorre caso o conflito escale e tome outra proporção.

Entretanto, cabe ao investidor identificar o que é ruído ou fator de curto prazo e o que pode ser uma mudança estrutural. Não recomendo que investidores mudem suas carteiras pensando no conflito e nem tentando prever os movimentos do mercado. Como diz Peter Lynch: Mais dinheiro foi perdido tentando prever os movimentos do mercado do que no próprio movimento”.

Vinícius Vieira, Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Oxford e Professor na FGV: outros países irão se envolver com a Guerra em Israel?

“O Hamas diz que o principal fator para o conflito, entre os tradicionais, foi a dessacralização da mesquita de Al-Asqa, localizada em Jerusalém e dominada pelos israelenses. Vale ressaltar que o Hamas não existiria se não fosse a insistência dos muçulmanos em não reconhecer a existência do Estado de Israel, mas por outro lado o Hamas seria uma minoria sem apoio se Israel não perpetrasse essa política dos últimos 15 anos de expansão de assentamentos na Faixa de Gaza. A região equivale a um cerco literal em uma área como da Zona Sul à Zona Norte de São Paulo, com 2,5 milhões de pessoas e com severas limitações a itens básicos, como água. Pelo tamanho territorial, é possível prever uma grande baixa de populações civis com o conflito.

Não vejo outros países entrando no conflito, pelo menos diretamente, só os Estados Unidos que enviaram porta-aviões para Israel. Além disso, temos países do Oriente Médio que não têm força para entrar no conflito, e tampouco países como a Jordânia, Síria e o Egito que reconhecem a existência de Israel e mantêm canais diplomáticos.

É muito mais provável que países com envolvimento direto, como o Irã, que apoia o Hamas e a Rússia, e os Estados Unidos tentem proteger o seu aliado [Israel].

Quanto aos impactos econômicos da guerra em Israel, o maior temor pode ser um aumento no preço da energia, no caso de uma aproximação da Arábia Saudita ao conflito, que já vinha se distanciando do Ocidente. Então é possível esperar alguma crise no mercado de petróleo, além de estar localizado próximo a rotas de transporte, aumentando custos logísticos.”

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Phil Soares e Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos: Guerra vai impactar investimentos?

Phil Soares, chefe de análise de ações:

“A gente deve sentir o impacto do conflito no petróleo, como o próprio Jean Paul Prates [presidente da Petrobras] destacou. No ponto de vista da bolsa de valores, é bom para os juniores que não têm um cap para a venda de petróleo. Para PETR4, fica indefinido, pois quanto mais alto, maior a pressão política para segurar o preço. Com a participação do Irã, isso seria ainda mais difícil e é o impacto mais relevante que detectamos.”

Alexandre Espirito Santo, economista-chefe:

“Se o conflito entre Israel e Hamas perdurar e transbordar, afetando outros países da região, pode fazer o preço subir acima de U$ 100, pois estamos falando de uma região que tradicionalmente tem perfil bélico. Como agravante, tem o estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do petróleo global. Se a situação piorar podemos ver um grande estresse no mercado de petróleo, com implicações sobre a inflação global.”

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos: Petróleo eleva juros e dólar

“Nesta segunda-feira (9), os ativos operam em um risk off day. O petróleo sobe, levando consigo os juros, a medida que o dólar se fortalece, bem como minerais raros. Das projeções que ocupam a mídia nesta segunda, a que mais preocupa é a potencial escalada do conflito, restrito por enquanto ao Hamas e Israel, mas que poderia escalar para outras nações islâmicas, como o Irã, ensejando pelo ingresso de aliados de Israel.

Grande parte da imprensa chama atenção para como o Irã (que é tanto um grande produtor de petróleo quanto um apoiador do Hamas) irá se comportar frente ao conflito, visto que pode ser a chave para uma escalada da guerra. As comparações do ataque surpresa do Hamas aos israelense remontam a grandes conflitos históricos, o que pode traz consigo projeções de grandes escaladas, mas que por enquanto soam como precipitadas. Evidentemente seguiremos monitorando o conflito minuciosamente”.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed: alta do Petróleo hoje e outros setores impactados

“Logo na abertura desta segunda-feira (9), as ações do setor de petróleo abriram subindo com a forte alta do petróleo lá fora. Se petróleo escalar, vai gerar pressão inflacionária, ou seja, títulos prefixados tendem a sofrer se houver alta nos juros. Embraer (EMBR3) é um papel que pode subir, pois se a guerra em Israel escalar, pode surgir uma necessidade de jatos e caças.

Podemos ver dólar e juros subindo também, o que é comum em cenário de risk off. Essas duas classes de ativos costumam se valorizar em cenários de incertezas.

Frigo e agro, em um primeiro momento, não devem sofrer impacto, somente se a extensão do conflito for para outros países. O petróleo é uma commodity diretamente afetada pela região do conflito. Já os grãos, por exemplo, não teriam impacto significativo, porque a região não tem relevância nesse setor.”

André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP: Preocupação mais especulativa refletida no preço das commodities

“O conflito iniciado no último final de semana pode impactar os mercados financeiros, além da questão humanitária que deixa a todos estarrecidos. A região é importante para a produção de petróleo, principalmente países como Irã, Iraque e Arábia Saudita que reúnem quase 20% da produção diária da commodities.

Portanto, o mercado irá acompanhar de forma muito próxima a participação desses países no conflito. Até o momento, não há indicação de que houve qualquer mudança no fluxo de petróleo da região, portanto temos apenas uma preocupação mais especulativa refletida no preço das commodities com a possibilidade de escala do conflito.

Além disso, importante avaliar se haverá paralisação das atividades produtivas em Israel, dado que o país é exportador de produtos utilizados em fertilizantes. Outro ponto importante são os acordos geopolíticos que podem ser revistos ou cancelados dado a intensidade, continuidade e ampliação do conflito. No primeiro momento é natural a fuga do capital mais especulativo para ativos considerados mais seguros, como ouro, dólar e títulos americanos.

Com uma percepção melhor dos impactos do conflito, esse movimento pode arrefecer e os mercados podem voltar a precificar os fundamentos ligados a economia mundial”.

O que aconteceu em Israel?

Em ataque surpresa neste sábado (7), o Hamas invadiu o Estado de Israel. Em três frontes (pelo mar, terra e ar), o grupo que controla a Palestina invadiu em grande escola na que foi considerada uma das maiores ofensivas contra a nação judaica nos últimos anos.

A invasão aconteceu pro meio de milhares de foguetes contra Israel, enquanto dezenas de combatentes invadiram comunidades israelenses cruzando a fronteira. O estado de Israel, que logo em seguida retaliou com ataques aéreos.

O conflito que foi intensificado neste último 7 de outubro foi comparado aos atos terroristas do 7 de setembro de 2001 nos Estados Unidos por um porta-voz das forças armadas do país. Ao todo, estima-se que o número de mortos em Israel já somam mais de 700 pessoas, sendo que 260 delas estavam em uma festa Rave que acontecia durante o momento do ataque.

Já em Gaza, a Autoridade Palestina afirmou que cerca de 511 pessoais morreram após Israel ter revidado.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que a Palestina “pagará um preço sem precedentes” pela ofensiva e declarou o estado de guerra em Israel.

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Camila Paim

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