Investidor deve olhar ativos que não dependam só do Brasil, diz Sagmo

A recuperação econômica do Brasil deve fazer com que os ativos brasileiros performem bem em 2020. Mas, o investidor que quiser manter retornos positivos não deve depender só de setores que operem no País.

É o que afirma o CIO da Sagmo, Sergio Zanini. A gestora, que inicia agora a captação mais robusta de clientes via plataformas, mistura a internacionalização dos ativos, como moedas como a Libra, com setores que deverão performar bem no Brasil, como o varejo e construção, por exemplo.

“Temos nos posicionado muito no setor de construção civil, tem sido uma aposta muito positiva para nós. Varejo também, de tempo em tempos, temos comprado. Estávamos muito pessimistas com o setor bancário e, agora, achamos que esse setor pode ter um tipo de alta em relação aos demais”, disse Sergio Zanini, CIO da Sagmo.

De olho na evolução da indústria de fundo no Brasil, os gestores apostam que haverá demanda no País por produtos que alocam, ao menos parte do capital, lá fora.

“A indústria [de fundos] está ficando madura e os produtos offshore vão começar a aparecer mais no Brasil. Essa é realmente a nossa aposta. O retorno de qualidade do investimento passa pela necessidade de você ter algum tipo de alocação para ativos externos também”, afirmou Zanini.

Confira a entrevista completa de Sergio Zanini, CIO da Sagmo, ao SUNO Notícias:

-Qual é a tese de investimentos da Sagmo?
A gente desde o começo da Sagmo que já faz um pouco menos de dois anos a gente acredita no movimento de internacionalização do investimento dos brasileiros a medida que o poupador brasileiro ele vai perdendo o appeal dos ativos locais em função da queda de juros, a indústria vai se desenvolvendo mais e a sociedade vai engajando mais os investimentos. É normal essa poupança buscar oportunidade de investimento que não dependa só do Brasil

Esse é o inicio da tese. Se você comparar o Brasil com outros países do mundo, a gente é um dos países com menor internacionalização da poupança. Se você pegar fundos de pensão no Peru Chile na Colômbia perto da metade dos ativos são fora dos mercados domésticos, o Brasil está muito atrasado o processo é natural ele deve ir acontecendo a medida q o tempo for passando e logico que a queda da taxa de juros aqui no Brasil ajuda muito o processo acontecer, essa era a tese principal da criação da Sagmo.

A nossa experiência e a nossa proposta é que a gente pode gerir dinheiro em outros mercados além do Brasil. A Sagmo tem um fundo Global Magnum que investe tanto no Brasil quanto fora. Ele foi moldado a partir dos modelos de head fund internacional.

Eu vou entrar um pouco na minha experiencia. De 2014 a 2017, eu fui responsável pela mesa proprietária da curadoria internacional do banco Itaú BBA. Fiquei 10 anos entre Nova York e Londres, trabalhei em banco.

Vim para o Brasil com a proposta de diversificar o risco proprietário da tesouraria do banco Itaú, mas em 2017 eu resolvi sair para empreender. Grande parte da regulamentação dos EUA chegou no Brasil que restringe muito a capacidade de bancos de fazer aposta proprietária, então minha função começou a perder um pouco do caráter de investimento e estava se tornando uma função um pouco burocrática no banco. Então eu resolvi sair e fazer o q eu gosto que é investir, daí a gente resolveu começar a Sagmo.

Hoje vocês tem dois fundos?
Um fundo master. A gente está com R$ 100 milhões de gestão. Tivemos uma parceria interessante com os distribuidores de varejo, seed money de uma plataforma grande, e como era um time novo na parte da gestão, que não trabalhou junto antes, a gente teve desde o começo a preocupação que o time estava em ordem antes de começar a comercializar. Grande parte é dinheiro dos sócios e um pouco da captação de varejo. Está aberto para captação na plataforma da XP, da Órama, na Guide, da Rico, do Modal e deve estar no BTG logo logo.

Ao longo dos últimos meses, era uma gestora dentro de outra empresa de investimento que foi montada a pouco tempo e há pouco tempo que foi apresentado para a mídia que é o Galápagos Capital Hoje, a Galápagos foi criada para fazer alguns investimentos proprietários e agora ta começando a olhar para outros atividades muito interesse na parte de credito liquido e investimentos alternativos de uma maneira geral a Sagmus hoje é uma gestora da holding de investimento da galápagos.

Como vocês fazem para gerar alfa para os clientes?
A nossa bed principal a gente procura grande tendências macroeconômicas globais algumas vertentes macro que para nos dão direção e nos ajudam a fazer locações no mercado, a gente sempre busca grandes momentos diferentes como na bolsa, em moedas em juros inclusive em commodities principalmente em energia e ouro. Começa com uma análise bem ampla top down a gente busca entender se estamos em um ambiente de expansão ou desaceleração um ambiente inflacionário ou deflacionário a gente busca grandes tendências para fazermos nossas posições.

Eventualmente, a gente olha algumas oportunidades temos agora uma cota relevante na carteira na Inglaterra na libra esterlina com a votação Brexit na Inglaterra. Também aposta na bolsa brasileira, o Brasil é o que tem o maior potencial de aceleração de crescimento ano contra ano, mesmo com todos os países do mundo, a gente bem otimista com o crescimento do Brasil. 2020 para o Brasil vai ser o primeiro anos depois de 5 anos que a surpresa de crescimento pode ser melhor do que o esperado.

Achamos que o Brasil, onde estávamos bem pessimistas com o crescimento no início do ano, que 2020 vai ser o primeiro ano depois de uns cinco que a surpresa de crescimento pode ser melhor que o esperado. Então isso é importante para o posicionamento, do mesmo jeito que acreditamos que a economia americana tende a crescer, no ano que vem, em um nível mais baixo do que foi esse ano, dado ruído eleitoral.

-Isso impactaria o Brasil?
O risco político americano é um risco global e isso vai trazer volatilidade para os mercados, mas a foto principal para nós é que estamos em um ponto de crescimento global positivo. Como os banco centrais cortaram os juros e isso já dá sinais, os números melhores estão chegando agora no final do ano. China, EUA, com exceção da Alemanha que sofre um pouco, os outros países já dão sinais de melhora para o primeiro trimestre de 2020.

O ano que vem será um ano, que ao contrário de 2019, a necessidade de corte de juros no mundo será menor. Isso daí é uma das grandes mudanças de cenário, mas a contrapartida disso é ver o mundo crescendo mais que em 2019. Então, com isso, estamos bem otimistas com as Bolsas, em maneira geral.

Somos comprados nas Bolsas. Em emergentes, o Brasil é prioridade. Fora isso, a gente tem, no mercado de moedas, gostamos bastante da libra esterlina, é uma posição que carregamos há um mês mais ou menos, carregamos ela contra o euro, carregamos contra o euro mesmo também. Passando a resolução do Brexit, a Inglaterra fará estímulo fiscal, então tem muita perspectiva de melhora dos ativos ingleses.

A Europa é uma região que pode dar algum sinal de melhora também. Então, algumas regiões que vão mostrar melhora já dão sinais e alguns países da Ásia ainda vão sofrer dada a disputa EUA e China. Na América Latina, pelo lado negativo, tirando Argentina e Venezuela, que é difícil fazer previsão, o México pode ter um ano de crescimento zero. Vemos, portanto, o México como patinho feio.

-Há algum setor que vocês estão apostando?
Temos nos posicionado muito no setor de construção civil, tem sido uma aposta muito positiva para nós. Varejo também, de tempo em tempos, temos comprado. Estávamos muito pessimistas com o setor bancário e, agora, achamos que esse setor pode ter um tipo de alta em relação aos demais. Então estamos achando algumas ações baratas do setor bancário. Gostamos também de mineradoras. Temos Gerdau, Usiminas e um pouco de CSN, mas muito em função da expectativa da melhora de crescimento global, esperamos que China e EUA não deteriorem mais as relações, e o crescimento da infraestrutura no mercado doméstico também ajudam esse setor.

Estamos começando a ver atratividade em ações que, tradicionalmente, dependem pouco do cenário global. Agora, para o ano que vem, o que vai definir os rumos são as eleições dos EUA.

Em relação ao que acreditamos em internacionalização do mercado, a indústria brasileira está se propondo a olhar para fora e estamos tendo uma mudança no setor dos multimercados e estamos migrando mais para a dinâmica do mercado lá fora, que os multimercados vão deixar de concorrer por capital com a renda fixa e começando a utilizar os recursos que estão indo para a Bolsa. Os head funding não tem benchmark, mas usam muito os retornos do S&P para reparar isso.

Acho que é isso que vai começar a acontecer e acho que o apetite do investidor estará sujeito a volatilidade. A indústria está ficando madura e os produtos offshore vão começar a aparecer mais no Brasil, essa é realmente a nossa aposta. O retorno de qualidade do investimento passa pela necessidade de você ter algum tipo de alocação para ativos externos também.

Vinicius Pereira

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