Ibovespa fecha com leve queda em dia de perdas da Vale (VALE3); Petrobras (PETR4) sobe 2,2% e Cogna (COGN3) salta 7,5%

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (25) com uma desvalorização de 0,08%, aos 124.645,58 pontos. A mínima do dia foi de 123.702,89 pontos, enquanto a máxima alcançou 124.731,65 pontos. Já o volume financeiro totalizou R$ 21,2 bilhões.

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Com apoio de Petrobras (PETR3, +2,26%, PETR4, +2,40%) – em tarde de confirmação, na AGO, da distribuição de 50% dos dividendos extraordinários -, o Ibovespa hoje ficou perto de zerar perdas na sessão, mas não conseguiu evitar o sinal negativo pelo terceiro dia consecutivo.

Na semana, o índice da B3 cai 0,38% e, no mês, cede 2,70% – no ano, as perdas acumuladas pelo Ibovespa estão em 7,11%.

Além dos resultados da Vale (VALE3, -2,11%) – e da notícia, também da noite anterior, de que a Anglo American recebeu uma oferta de fusão não solicitada da BHP Billiton -, o destaque corporativo nesta quinta-feira foi a confirmação de que os acionistas da Petrobras aprovaram, por maioria na AGO desta tarde, a proposta da União de pagamento de 50% dos dividendos extraordinários retidos no início de março: metade dos R$ 43,9 bilhões – ou seja, R$ 21,9 bilhões – que tinham sido encaminhados para a reserva de remuneração, reportam do Rio os jornalistas Gabriel Vasconcelos e Denise Luna, do Broadcast.

Em outro desdobramento importante desta tarde, após o martelo ser batido sobre o pagamento de 50% dos dividendos da Petrobras, o governo decidiu que a outra metade será paga ao longo do segundo semestre, reporta de Brasília a jornalista Célia Froufe, do Broadcast. A data ainda não foi definida, mas, de acordo com fontes do governo, o prazo já foi consensuado com o Palácio do Planalto: em outras palavras, recebeu o “sim” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a crise instalada na estatal por conta da distribuição de dividendos.

O impulso às ações da estatal, contudo, foi insuficiente para se contrapor ao sinal não apenas de Vale mas também de outros pesos-pesados, como os grandes bancos, com destaque para Santander (SANB11, -2,43%) e Itaú (ITUB4 -0,56%).

A cotação do Ibovespa hoje (25) fechou em linha com a queda das Bolsas de Valores de Nova York.

  • Dow Jones: -0,97%, aos 38.086,25 pontos;
  • S&P500: -0,46%, aos 5.048,42 pontos;
  • Nasdaq: -0,64%, aos 15.611,76 pontos.

O dólar à vista, por sua vez, encerrou o dia com avanço de 0,30%, cotado a R$ 5,1635, depois de registrar uma cotação mínima de R$ 5,1119 e uma máxima de R$ 5,193.

Segundo Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, a cotação do Ibovespa cai hoje (25) com o peso dos dados divulgados nos Estados Unidos. Por outro lado, reduziu sua queda diante do avanço de 2,21% das ações da Petrobras (PETR4) do tipo preferencial e de 2,26% nas ações ordinárias (PETR3). A Vale (VALE3), por sua vez, recuou 2,11% nesta sessão.

A alta das ações da Petrobras no Índice Bovespa acontece depois do anúncio de pagamento de R$ 94,35 bilhões em dividendos, dos quais aproximadamente R$ 22 bilhões serão distribuídos na forma de dividendos extraordinários, algo que acabou agradando o mercado e fez com que os papéis subissem.

“Foi mais um dia difícil para os mercados globais, com os dos Estados Unidos ainda digerindo resultados corporativos não muito bons, como os de Meta, com efeito em especial para o Nasdaq (-0,64%). E, no macro, uma leitura preliminar de PIB americano no primeiro trimestre, que sugere um quadro semelhante ao de estagflação, ainda que de fato não seja. Mas a atividade abaixo do esperado e a inflação no trimestre, acima do que se projetava, geraram mal-estar muito grande, com impacto na curva de juros, elevando o rendimento dos Treasuries de 2 anos mais correlacionados à perspectiva de curto prazo para a política monetária nos EUA a 5%, na máxima do dia”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “A narrativa não muda, e não deve mudar tão cedo”, acrescenta.

A volatilidade e o nervosismo tendem a persistir até o fechamento da semana ao menos, tendo em vista que, nesta sexta-feira, serão conhecidas novas leituras sobre a inflação no Brasil (IPCA-15) e também nos EUA (PCE, a métrica preferida do Federal Reserve para monitorar os preços ao consumidor). “No ambiente doméstico, parece haver algum apaziguamento na relação entre governo e Congresso, o que contribui para moderar um pouco a percepção ruim que veio com a revisão das metas fiscais”, ressalva o analista.

“Houve cautela, desde cedo, com a leitura sobre o PIB americano, em desaceleração de ritmo apesar da resiliência que tem sido vista na atividade como também no mercado de trabalho em um ambiente de juros ainda altos”, diz Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research. Ele acrescenta que uma taxa de crescimento mais lenta e, ainda assim, saudável não deixa de ser um sinal positivo para os mercados, ao se levar em conta a busca por ambiente desinflacionário na maior economia do mundo.

Nesse contexto, se o PCE, amanhã, mostrar leitura significativamente superior ao esperado, especialmente com relação ao desempenho do setor de serviços, o aquecimento de preços pode resultar em Fed duro, hawkish, optando por apenas um corte de juros no último trimestre – ou mesmo deixando para reduzi-los em 2025, e não mais este ano, acrescenta o economista da Alta Vista, lembrando que o comitê de política monetária do BC americano volta a se reunir na próxima semana.

“Pela análise do PCE trimestral divulgado na manhã de hoje, junto com o PIB, é possível que venha amanhã um PCE de março mais pressionado. O mercado está indeciso com os diversos dados divulgados ao longo da semana: uma hora impacta de forma negativa, na outra, positiva. Definitivamente, o divisor de águas será o PCE de março, que será divulgado nesta sexta-feira”, diz Cleide Rodrigues, analista-chefe da Money Wise Research.

“A gente teve hoje dados do PIB vindo bem abaixo do esperado, que deixaram bolsas aqui e lá fora negativas. A expectativa para o PIB americano era de um crescimento de 2,4% e veio 1,6%.  No momento da divulgação, a nossa Bolsa teve um forte impulso para cima. Mas, logo depois, o mercado olhou com calma e viu também que o índice de preço do PIB veio bem acima do esperado, mostrando, de certa forma, uma inflação ainda alta. Não é a principal medida de inflação, pois teremos uma maior noção dos dados amanhã com o PCE”. explicou o especialista.

Rodrigo Cohen enxerga um cenário “cada vez mais difícil de prever o que vai acontecer para a frente”. Nesse sentido, as bolsas de valores vêm registrando alta volatilidade depois do anúncio desses dados, mas posteriormente retornaram para um contexto negativo.

No cenário nacional, o analista diz que a inflação no Brasil vem superando as expectativas, de modo que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, reforça que os juros podem continuar em queda, mas não no nível de 0,50% como ocorreu nas reuniões passadas.

Destaques do Ibovespa

Entre as altas do Ibov, além de Petrobras, estão as empresas do setor de educação como Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3). O avanço da Cogna acontece depois que o JPMorgan elevou a recomendação para compra da ação, fato que também teria beneficiado a Yduqs. Outra ação que avançou foi a Klabin, que divulgou o pagamento de R$ 330 milhões em dividendos, algo que agradou os investidores do ativo.

Nas quedas do Ibovespa hoje estão as ações de empresas aéreas como a Azul (AZUL4). Conforme destaca Cohen, essas empresas “sentem” de maneira negativa a alta do dólar, já que muitos dos custos das companhias se encontram diretamente relacionados à moeda, como o próprio querosene de aviação, precificado em dólar.

Maiores altas do Ibovespa

  • Cogna (COGN3): +7,50%
  • Yduqs (YDUQ3): +5,73%
  • Petz (PETZ3): +3,00%
  • Ultrapar (UGPA3): +2,73%
  • Embraer (EMBR3): +2,68%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Hypera (HYPE3): -5,66%
  • Iguatemi (IGTI11): -5,04%
  • Allos (ALOS3): -4,91%
  • Azul (AZUL4): -3,86%
  • São Martinho (SMTO3): -3,52%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de ontem (24) em queda de 0,33%, aos 124.740,69 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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