Ibovespa se descola de NY e tem 3º queda seguida, aos 127 mil pontos; Magazine Luiza (MGLU3) derrete, Vale (VALE3) cai e PetroReconcavo (RECV3) dispara 11,7%

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (18) em baixa de 0,94%, na mínima diária de 127.315,74 pontos. Na máxima, o índice de ações registrou 129.046,63 pontos. O volume financeiro somou R$ 22,7 bilhões. O Ibovespa seguiu em queda pelo terceiro dia, tendo chegado a retomar o nível de 129 mil pontos pela manhã, sem força para sustentar recuperação mesmo com o favorecimento proporcionado por Nova York, onde os três índices subiram hoje.

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Na semana, o índice recua 2,80% e, no mês, cai 5,12%.

O Ibovespa hoje seguiu o caminho contrário ao das Bolsas de Valores de Nova York, que fecharam o dia em alta:

  • Dow Jones: +0,54%, aos 37.468,42 pontos;
  • S&P500: +0,88%, aos 4.780,94 pontos;
  • Nasdaq: +1,35%, aos 15.055,65 pontos.

Enquanto isso, o dólar à vista terminou com leve valorização de 0,02%, cotado a R$ 4,9311. O preço da moeda dos Estados Unidos ficou entre a mínima de R$ 4,9130 e a máxima de R$ 4,9555.

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Conforme explica Leandro Petrokas, em dia de queda da Bolsa de Valores local, o destaque negativo ficou com o setor financeiro, de construção e de bancos.

“A Bolsa local cai na contramão dos mercados internacionais, sendo que os índices americanos e europeus operam majoritariamente em alta nesta quinta-feira. Parece ser um dia de retirada de capital estrangeiro da Bolsa. Cabe lembrar que os investidores estrangeiros aportaram muito no Brasil em novembro e dezembro de 2023 e começaram janeiro com uma onda de retirada, com destaque para o dia 16/01, cuja soma do mercado à vista + futuro foi superior a R$ 2 bi, conforme dados da plataforma Quantzed (que utiliza dados oficiais da B3). Isso se dá por conta de um movimento de realização de lucros após a alta de nov e dez/23”, explicou o especialista.

A ministra Simone Tebet também falou publicamente sobre o orçamento de 2024, que continua sendo elaborado. Petrokas diz que isso “não foi tão relevante ao mercado”, visto que ele costuma reagir de forma contundente aos juros de mercado (DI’s).

No quadro mais amplo, os recentes sinais, neste começo de ano, de que o início do afrouxamento da política monetária nos Estados Unidos pode vir mais tarde do que o mercado vinha precificando em dezembro – o que foi decisivo para o Ibovespa buscar novas máximas históricas naquele mês – permanecem como pano de fundo da inapetência por risco – assim como a instabilidade geopolítica no Oriente Médio e a tibieza econômica na China, a que a Bolsa brasileira tem grande exposição, via commodities.

Hoje, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse que adiantou sua projeção para normalização dos juros do BC americano, do quarto para o terceiro trimestre do ano. “Dito isso, se continuarmos a ver uma acumulação de surpresas para baixo nos dados da inflação, posso ficar confortável em defender uma normalização mais cedo do que no terceiro trimestre”, afirmou Bostic, em discurso preparado para evento.

“Há uma calibragem ainda em curso, no mercado, com relação aos juros nos Estados Unidos. Isso pega a Bolsa em cheio, após se pensar que a taxa do Fed começaria a cair já em março. E quando se prolonga, quando se coloca para adiante a expectativa por juros mais baixos, afeta diretamente o apetite por ativos de risco, como ações”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, em referência à realização de lucros em andamento na B3 neste início de ano.

“Os rendimentos dos títulos americanos, os Treasuries, continuam a subir, com o de 10 anos pagando agora 4,12%, o que pressiona as Bolsas, principalmente aqui”, observa Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Assim, o Ibovespa se manteve hoje no menor nível de fechamento desde 12 de dezembro (então aos 126,4 mil pontos), no intervalo anterior à sequência de máximas históricas que o colocaria aos 134,1 mil no encerramento de 2023. Desde o início do ano, em 13 sessões, o índice da B3 subiu em cinco e caiu em oito.

Por que o Magazine Luiza (MGLU3) sofre na Bolsa

Hapvida (HAPV3) e Magazine Luiza (MGLU3) lideraram as perdas do dia, com queda de 6,98% cada. Enquanto a maior alta do Ibovespa foi da PetroReconcavo (RECV3), que disparou 11,71%.

As ações da Vale (VALE3) recuaram 0,65%, o quinto dia seguido no campo negativo. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) cederam 0,40%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) caíram 0,74%.

Segundo Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed, O Magazine Luiza (MGLU3) caiu com a falta de confiança do mercado na estrutura de capital da empresa e sem enxergar triggers de curto prazo que sejam positivos para a companhia.

Outro ponto de destaque para o Magazine Luiza é que o banco americano Morgan Stanley rebaixou ontem (17) a recomendação para as ações da empresa para venda. O banco disse que a companhia também tem uma tração limitada fora do núcleo de eletrônicos e eletrodomésticos, o que acaba pesando na opcionalidade do mercado.

As units da Energisa (ENGI11) também tombaram diante da notícia de que a companhia estaria preparando uma nova oferta de ações, conforme o cronograma inicial, buscando um volume de R$ 2 bilhões.

Segundo Petrokas, as ações da Hapvida recuam com investidores de olho na investigação do Ministério Público de São Paulo (MPE-SP) diante do descumprimento de liminares. A companhia chegou a registrar uma perda de valor de mercado de R$ 1,5 bilhão.

Já no campo positivo do Ibovespa hoje estão PetroReconcavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3). As duas ações avançaram em reação ao possível plano de consolidação, e subiram depois que a Maha Energy enviou uma carta ao conselho da 3R sugerindo uma reorganização societária envolvendo a PetroReconcavo.

“Os ativos onshore da 3R e seus passivos seriam segregados da estrutura e colocados à venda. Neste contexto, a PetroReconcavo se mostra como potencial interessada, vide a proximidade de vários ativos com possibilidade de criação de sinergias e o know how desta em operações onshore”, acrescenta a Toro.

O Citi avalia também que a combinação de negócios entre a 3R Petroleum e a PetroReconcavo proposta pela acionista da primeira, Maha Energy, possui sinergias operacionais claras, principalmente na infraestrutura e nos ativos midstream que desempenham papel importante no negócio onshore, reporta a jornalista Marcia Furlan, do Broadcast.

Maiores altas do Ibovespa

  • PetroReconcavo (RECV3): +11,71%
  • 3R Petroleum (RRRP3): +7,62%
  • Usiminas (USIM5): +2,77%
  • CSN (CSNA3): +2,28%
  • CVC (CVCB3): +2,19%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Hapvida (HAPV3): -6,98%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -6,98%
  • Vamos (VAMO3): -6,47%
  • Energisa (ENGI11): -5,34%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -4,80%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou a sessão de ontem (17) em baixa de 0,60%, aos 128.523,83 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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