Ibovespa afunda 2,58%, com PEC da Transição no radar; Americanas (AMER3) tomba 9,8%

O Ibovespa hoje terminou a sessão de quarta-feira (16) em baixa de 2,58%, aos 110.243,33 pontos. A mínima do dia foi 109.512,22 pontos, enquanto a máxima do pregão foi de 113.473,39 pontos. O volume financeiro foi de R$ 51,2 bilhões.

PEC da Transição bota mercado no mercado; Saiba mais!

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No radar dos investidores do Ibovespa hoje estão as incertezas com relação às questões fiscais. Nesse contexto, a apresentação da PEC da Transição pode ser feita ainda hoje (16).

Segundo informações do jornal Estadão, a PEC da Transição tem como pauta a retirada definitiva do Bolsa Família do teto de gastos.

O deputado petista, Paulo Pimenta, que também faz parte da transição de governo, afirmou que está em negociação o prazo de duração da PEC, conforme divulgado pela Bloomberg. A discussão está entre um ou quatro anos.

Ainda hoje, o presidente eleito Lula (PT) realizou o discurso na COP27, tendo como foco principal os temas relacionados à preservação ambiental. Já o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira que o novo governo não terá um mandato “gastador” e que, desse modo, a ancoragem fiscal será uma pauta a ser discutida com calma no longo prazo.

A deterioração do Ibovespa começou a ganhar contornos ainda no início da tarde, quando o senador Paulo Rocha (PT-PA) indicou que, no texto que será entregue ao Senado hoje, às 19h, a PEC da Transição apenas excepcionalizará o Bolsa Família – no entanto, sem trazer valores, que serão detalhados na LOA. “Previsão é de valor atrelado à PEC de R$ 175 bilhões, mas isso não vai aparecer”, disse. “A PEC não terá prazo, será processo de negociação. Queremos 4 anos”, afirmou também Rocha.

De acordo com o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), integrante do governo de transição, a proposta não deve fixar prazo para que os recursos que financiam o Bolsa Família, hoje Auxílio Brasil, sejam contabilizados fora da regra do teto de gastos. “Não vamos propor um ano ou quatro anos”, disse Pimenta, para quem o programa de distribuição de renda deve ser tratado como uma política de Estado, que não fique suscetível à discussão orçamentária a cada um ou quatro anos. “PEC busca garantir que o Bolsa Família seja tratado como programa de Estado, permanente”, afirmou Pimenta, para quem tal política não pode ser controlada pelo teto fiscal.

“O mercado entenderia e receberia bem o Bolsa Família fora do teto, desde que vigorasse apenas em 2023. Qualquer coisa fora disso, seja por prazo determinado ou não, cria um estresse, um ruído que se reflete em prêmios de risco na curva de juros, pela preocupação sobre o fiscal”, diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. Ele ressalva que mesmo com o aumento da percepção de risco fiscal, há espaço para recuperação do Ibovespa, considerando que a exposição do investidor estrangeiro à Bolsa brasileira continua muito abaixo da média histórica e que, nos dois mandatos de Lula, período favorecido pelo ciclo de commodities, houve grande participação do fluxo externo.

“Nosso cenário-base ainda é de um governo pragmático, mesmo considerando os ruídos sobre aumento de gastos, principalmente na área social, o que inclui também habitação popular, com potencial para impacto fiscal. Mas o principal gatilho dependerá, de fato, de quem vier a sentar na cadeira da Fazenda. Houve muita especulação sobre nomes, sem sinal mais concreto. Quanto mais demorar, maior a incerteza: algo ruim mesmo que, ao fim, prevaleça um nome técnico”, acrescenta Brito, que espera alguém com perfil político, negociador, com uma retaguarda de técnicos pró-mercado.

“Desde o discurso do Lula na última quinta-feira, criou-se incerteza em relação a questões fiscais, mas o adiamento da apresentação do texto (da PEC) para esta quarta-feira trouxe expectativa de uma negociação adicional, com um pouco mais de consenso sobre o que pode passar no Congresso, uma PEC possivelmente mais restrita, envolvendo somente o auxílio”, diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

Na última quinta-feira, com a fala de Lula contrária à estabilidade fiscal, o Ibovespa registrou sua maior perda diária (-3,35%) em quase um ano, desde 26 de novembro de 2021 (-3,39%). Depois, na sexta e na segunda-feira seguinte, respectivamente, teve recuperação de 2,26% e 0,81%, antes do ajuste negativo deste pós-feriado da República.

Costa, da Monte Bravo, destaca também a expectativa para a definição de quem será o futuro ocupante do ministério da Fazenda, com preferência do mercado por um nome “razoável” que tenha credenciais para defender uma política de ajuste, que seja fiscalmente “correta do ponto de vista da dinâmica de dívida” para os próximos anos.

No início da tarde desta quarta-feira, a fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na COP27, no Egito, sem novidades, chegou a frustrar expectativa dos que consideravam que ele poderia aproveitar a oportunidade para fazer anúncios, o que não se confirmou.

“Hoje estamos vendo uma queda generalizada na Bolsa. O setor que cai menos, se é que se pode dizer assim, é o de materiais básicos, de novo, e o que está pior é o de dinâmica interna, inclusive o de utilities que tem uma previsibilidade de caixa”, aponta Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. “A explicação para isso é a incerteza fiscal, ainda. Não temos resposta de como é que vai ser o comportamento das contas públicas no próximo governo”, ressalta o gestor.

“Setores como varejo e aviação são mais sensíveis à oscilação da curva de juros e caem (hoje) com mais intensidade”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. “Apesar de termos um ‘valuation’ atrativo para o Ibovespa, o que poderia trazer valorização, o mercado segue pouco favorável aos ativos de risco na medida em que o risco fiscal ganha espaço. Com a agenda vazia, o mercado deve seguir atento a mais informações referentes ao equilíbrio fiscal e aos desdobramentos da PEC da Transição para, com isso, pautar a tomada de risco”, acrescenta.

“O mercado lá fora também esteve negativo hoje, com as principais bolsas em baixa, nos Estados Unidos e na Europa. O petróleo também cedeu, e o varejo americano já mostra sinais dessa inflação alta por lá. Aqui, os juros futuros subiram mais, o que pode atrair interesse do gringo, o investidor de fora, nessas taxas altas, com a ideia de que o Brasil pode ter realmente um problema fiscal, dado que o novo governo pretende ampliar gastos em um momento de juros altos, em que as economias em todo o mundo não vão bem. Cobra-se então prêmio maior na medida em que o País quer gastar mais. Os R$ 175 bilhões fora do teto já se refletem na curva de juros”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, que espera uma “desidratação” da PEC aos poucos, de forma a agradar a “gregos e troianos”.

Bolsas de Nova York

As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta quarta-feira (16), em sessão marcada pelos resultados negativos das empresas de varejo e pressões geopolíticas causadas pelo míssil que atingiu a Polônia. Ainda, falas de dirigentes do Federal Reserve estiveram no radar de investidores.

  • Dow Jones: -0,12%, aos 33553,83 pontos
  • S&P 500: -0,83%, aos 3958,79 pontos
  • Nasdaq: -1,54%, aos 11183,66 pontos

Nos Estados Unidos, diversos dirigentes do Fed vêm indicando uma desaceleração no ritmo do aumento da taxa de juros. Hoje, a presidente da distrital de Kansas City, Esther George, defendeu as altas, mas destacou que o ritmo deve ser menor.

Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda na sessão desta quarta, 16, depois de oscilar entre altas e baixas, com o mercado digerindo dados de estoques nos EUA, o aumento das tensões geopolíticas e as perspectivas para a economia mundial nos próximos meses.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em baixa de 1,53% (US$ 1,33), a US$ 85,59 o barril, enquanto o Brent para janeiro de 2023 negociado na Intercontinental Exchange (ICE) recuou 1,07% (US$ 1,00), a US$ 92,86 o barril.

O contrato mais líquido do ouro fechou em baixa nesta quarta-feira, 16, pressionado pelas perspectivas de continuidade de alta de juros pelo Federal Reserve (Fed). Nos Estados Unidos, alguns indicadores apresentaram força da economia local, sugerindo que há espaço para maior aperto visando conter a inflação, o que foi reforçado por declarações de dirigentes do Fed ao longo do dia.

Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro caiu 0,06%, a US$ 1775,8 por onça-troy.

No Ibovespa hoje, o principal destaque do pregão foi Embraer (EMBR3), disparando 9,94%. Além disso, a Bradespar (BRAP4) também se encontra entre as maiores altas, subindo 2,16%, e a CSN Mineração (CMIN3) avançou 2,12%. A Suzano (SUZB3) variou +1,49% enquanto a CCR (CCRO3) teve ganho de 0,61%.

Na ponta negativa, se destacaram as ações da Hapvida (HAPV3), que despencaram 10,94%. Já a Americanas (AMER3) recuou 9,81%, enquanto a Minerva (BEEF3) caiu 9,27%. O IRB (IRBR3) desvalorizou 8,51%, enquanto a Locaweb (LWSA3) variou -8,10%.

Maiores altas do Ibovespa:

Maiores baixas do Ibovespa:

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

  • Via: acordo com Bradesco pode ter impacto superior a R$ 3,2 bilhões
  • Santander: Ex-CEO do Next, do Bradesco, será novo vice de atacado
  • Petrobras é a 3ª maior pagadora de dividendos do mundo

Via: acordo com Bradesco pode ter impacto superior a R$ 3,2 bilhões

A Via anunciou que firmou um acordo com o Bradesco para oferta de cartões de crédito e outros produtos financeiros.

A parceria entre Via e Bradesco pode resultar em R$ 3,25 bilhões até 2027 em antecipação de receita, conforme apuração do Exame.

A Via explicou que o prazo do contrato era até o final de 2029. Após a realização do novo acordo, o prazo de vigência da parceria para a oferta de cartões de crédito co-branded, na rede de lojas e websites sob a bandeira Casas Bahia, passou a ser até 2037.

Os R$ 350 milhões que foram anunciados previamente já teriam sido creditados no caixa da Via, e representam uma espécie de “prêmio” pelo acesso ao cliente no balcão da Casas Bahia.

Santander: Ex-CEO do Next, do Bradesco, será novo vice de atacado

O Santander Brasil anunciou nesta quarta-feira (16) que Renato Ejnisman, que é ex-CEO do Banco Next, pertencente ao Bradesco, será o novo vice-presidente de atacado do banco a partir de 1º de janeiro de 2023.

O executivo vai suceder a Jean Pierre Dupui, que já liderou a área do Santander nos últimos oito anos. Nesse momento, ele vai ficar responsável por uma nova vice-presidência do conglomerado no Brasil.

Ejnisman já trabalhou no Bradesco durante 15 anos, dos quais 14 deles se dedicou a áreas como investimentos e atacado. Além disso, teve passagens no Bradesco BBI e na Bradesco Asset.

No ano de 2021, ele foi o primeiro CEO do Next, liderando uma fase de forte crescimento do negócio. Ele deixou o Next em setembro, e foi substituído por Curt Zimmermann, CEO da carteira digital Bitz, também pertencente ao Bradesco.

Petrobras é a 3ª maior pagadora de dividendos do mundo

A Petrobras caiu no ranking de maiores pagadoras de dividendos do mundo, passando da primeira para a terceira posição. A lista é realizada pela gestora Janus Henderson em seu índice global de dividendos, que se encontra atualmente na 36ª edição.

No terceiro trimestre de 2022, os dividendos da Petrobras totalizam US$ 9,7 bilhões. No acumulado de 2022, a empresa remunerou US$ 19,4 bilhões em proventos.

A Petrobras foi desbancada pela China Construction, que é um banco chinês que se encontra entre os maiores do país. Já a BHP atua no setor de mineração e de petróleo.

A Petrobras é a única brasileira entre as 10 maiores pagadoras de dividendos do mundo. Na edição anterior do ranking de distribuidoras de proventos, a Vale estava na 4ª colocação.

Cotação do Ibovespa nesta segunda (14)

O Ibovespa terminou a sessão desta última segunda-feira (14) em alta de 0,81%, aos 113.161,28 pontos

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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João Vitor Jacintho

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