Ibovespa cai 1,53%, em dia de baixa da Petrobras (PETR4) e bancos; índice acumula queda de 5,09% em agosto

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (31) em baixa de 1,53%, aos 115.741,81 pontos, na cotação mínima diária. Na máxima, o índice chegou a alcançar os 117.636,62 pontos. No mês de agosto, o Ibovespa teve baixa de 5,09%, acumulando +5,47% em 2023. O volume financeiro deste pregão foi de R$ 25,9 bilhões.

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O Ibovespa fechou este 31 de agosto na mínima do dia, em um mês pautado a princípio pelos temores em torno da desaceleração chinesa – que afetam diretamente a B3 pela exposição a commodities – e também pela incerteza em torno dos juros nos Estados Unidos, se poderão subir mais ou se ficarão perto dos níveis em que já estão, em meio a um mercado de trabalho ainda sólido na maior economia do mundo. Aqui, nas últimas sessões, as preocupações sobre o cenário externo têm dado algum espaço ao olhar doméstico, especialmente à perspectiva fiscal, com as soluções encontradas pelo governo na proposta de orçamento para atingir a meta de déficit zero em 2024.

Nesse contexto de incertezas, nas últimas oito sessões, desde o dia 22, o Ibovespa tem mostrado simetria de ganhos e perdas, alternando avanços e recuos duplos, com o passo à frente em geral superando por pouco o recuo que lhe sucede.

Dessa forma, chegou ao fim de agosto acumulando perda de 5,09%, o primeiro revés mensal desde a queda de 2,91% em março, que havia sucedido recuo maior, de 7,49%, em fevereiro. Na série histórica de 13 perdas entre os dias 1º e 17 de agosto, a maior desde 1968, o Ibovespa cedia 5,71% no mês, o que limitava o ganho acumulado em 2023 a 4,78% – agora, sobe 5,47% no ano. Neste agosto que ora chega ao fim, foram apenas cinco altas em 23 sessões.

Assim, o índice finaliza o mês abaixo dos 116 mil pontos, após ter fechado julho bem perto dos 122 mil.

O Ibovespa hoje seguiu em linha com as Bolsas de Nova York, acompanhando em parte o movimento de queda no exterior, com exceção da Nasdaq, que teve uma leve alta de 0,11%.

  • Dow Jones: -0,48%, aos 34.721,16 pontos;
  • S&P500: -0,16%, aos 4.507,54 pontos;
  • Nasdaq: +0,11%, aos 14.034,97 pontos.

O dólar à vista chegou a alcançar a máxima de R$ 4,9601, mas terminou o dia em alta de 1,68%, cotado a R$ 4,9511.

Apenas 7 ações do Ibovespa terminaram o dia em alta hoje, com destaque para os 3 que lideraram os ganhos: Petz (PETZ3), com +5,18%, 3R Petroleum (RRRP3), com +2,24%, e Prio (PRIO3): +1,33%.

As 3 principais quedas de hoje foram CVC (CVCB3), com -9,49%, Alpargatas (ALPA4), com -6,56%, e GPA (PCAR3), com -6,44%.

As ações da Petrobras (PETR4) do tipo preferenciais tiveram baixa de 2,08%. Os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) caíram 2,70%, colaborando para a baixa do Ibovespa hoje. Já a Vale (VALE3) terminou o dia com +0,15%.

“O minério de ferro tem mostrado recuperação nas últimas três semanas, o que é positivo para Vale e o setor metálico, com o peso que o segmento de commodities tem na Bolsa brasileira. As preocupações com China e os juros americanos deram o tom aos negócios na passagem para agosto, o que resultou em diminuição de fluxo para Brasil e naquela série de 13 perdas na abertura do mês”, diz Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos.

Por outro lado, “nas últimas sessões de agosto, a atenção tem se voltado ao fiscal, ao cenário doméstico. E há duas questões aí: primeiro, se o governo conseguirá chegar à meta que está sendo traçada de déficit zero em 2024; segundo, o que será feito, com relação à receita, para que se atinja esse objetivo”, acrescenta Faust, destacando que o fim da dedutibilidade de juros sobre capital próprio para todos os setores, a partir do ano que vem, tem pesado em especial no desempenho das ações do setor financeiro, conhecido por realizar distribuição de JCP em “maior proporção e frequência”.

Assim como na quarta, as ações de grandes bancos fecharam esta quinta-feira em bloco no vermelho, ainda que em grau semelhante de ajuste ao visto no Ibovespa na sessão. O Itaú (ITUB4) caiu 0,87%, o Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 1,57%, o Bradesco (BBDC4) recuou 1,39% e o Santander (SANB11) teve queda de 1,53%, em dia da publicação do projeto de lei que acaba com o JCP a partir de 2024.

Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI, planejador financeiro CFP e fundador da Eu me banco, a Bolsa de Valores caiu com os investidores preocupados com o cenário doméstico e a piora das contas públicas.

“As contas do setor público registraram déficit primário de R$ 56,17 bilhões de janeiro a julho, enquanto no mesmo período do ano passado houve superávit de R$ 150,3 bilhões”, destaca.

“Há dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir a meta de déficit zero para o próximo ano, estabelecida no arcabouço fiscal. Hoje foi apresentado o projeto de lei orçamentário para 2024, e as declarações dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) não amenizaram o comportamento do mercado, avesso a risco na sessão, com a questão fiscal e a possibilidade de aumento de gastos”, diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.

Entre as quedas do Ibovespa hoje, temos a CVC (CVCB3), que recua em movimento de realização de lucros depois de muitas compras feitas nos dois últimos pregões. Na quarta, a ação subiu 17%. A alta do dólar também prejudicou o desempenho da operadora de turismo.

As ações do setor de varejo, consumo e construção como Grupo Soma (SOMA3), Alpargatas (ALPA4), Arezzo (ARZZ3) e EzTec (EZTC3) também tiveram queda, afetadas pela alta na curva de juros

Enquanto isso, a Via (VIIA3) cedeu em meio à proposta de aumento de capital para até R$ 3 bilhões, visando captar dinheiro para melhorar a sua estrutura de capital.

Os juros futuros subiram hoje, mesmo com o alívio dos Treasuries. “Os dados de déficit primário do setor público, sem dúvida, têm prejudicado o mercado de juros”, diz Louzada.

Por outro lado, entre as altas do Ibovespa hoje estão papéis como 3R Petroleum (RRRP3) e Prio (PRIO3), que acompanharam a alta do petróleo no exterior, tanto do barril Brent como do petróleo WTI.

Na contramão, a Petrobras (PETR4) recuou depois da mudança no Carf. O mercado enxerga isso como um possível aumento do risco fiscal para a companhia.

Ainda entre as ações de peso no índice, as ações da Vale (VALE3) também sobem, acompanhando a forte alta do minério de ferro lá fora, que alcançou a cotação máxima depois de 5 semanas.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão desta quinta-feira (31) em queda de 0,73%, aos 117.535,10 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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