Ibovespa aos 130 mil pontos? Veja o que esperar da Bolsa até o fim do ano

O Ibovespa, apesar do relativo otimismo de analistas, passou por turbulências após as duas mais recentes ‘super quartas’, em que decisões de política monetária foram tomadas no Brasil e nos EUA, pelo Copom e pelo FOMC, respectivamente.

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Em agosto, o Ibovespa chegou a engatar 13 quedas consecutivos no embalo de um comunicado mais hawkish por parte do Federal Reserve (Fed).

Apesar disso, gestores e analistas ainda enxergam folga para que o índice suba daqui até o fim de 2023, considerando os cerca de três meses que restam até o fim do ano e o patamar atual – de cerca de 115 mil pontos.

“Estamos no meio dessa turbulência, mas esperamos que a volatilidade diminua. Quando a volatilidade diminuir entendemos que há espaço para a bolsa voltar a performar bem. Não temos um ‘target’, mas achamos que 130 mil pontos no fim do ano não são nada exagerado”, afirma João Mamede, gestor de renda variável da AZ Quest.

“O momento de queda da Selic vai continuar, a dúvida é sobre a intensidade, mas o mercado espera corte de 0,50 ponto percentuais ao menos pelas duas próximas, e deve chegar em 9% ou 10% no fim do ciclo. Isso é o que o mercado tem precificado na curva de juros“, acrescenta.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, destaca que após esse certo consenso sobre a Selic em 2023, os holofotes do mercado tendem a se voltar para o cenário fiscal, dada a façanha do Governo em equacionar as contas públicas mesmo após a aprovação do Arcabouço Fiscal.

“Para o próximo mês, no Brasil, o cenário fiscal deve tomar conta. Uma mudança na meta de déficit zero em 2024 deve provocar mais estresse no Brasil. Um cenário benéfico seria uma sinalização mais clara do governo de que vai conseguir bater as metas de arrecadação que o ministro Fernando Haddad vem falando ao longo dos últimos meses, tornando mais aceitável um cenário de que a meta de déficit zero deve mesmo ser batida em 2024”, comenta.

Além disso, nos mercados externos, o especialista aponta que as atenções estão voltadas 100% para os EUA.

“Enquanto o cenário de juros mais altos se mantiver, os ativos de risco devem sofrer ao longo dos próximos meses. Um cenário que pode amenizar esse sentimento de risk-off no mundo é a inflação americana começar a demonstrar forte desaceleração, podendo assim mudar o rumo da política monetária nos EUA para uma postura menos hawkish por parte do Federal Reserve”, explica.

As decisões do Fed, aliás, foram justamente o que motivaram um recente corte da estimativa do Ibovespa por parte da XP. Agora a casa projeta 128 mil pontos – o que ainda representa um upside ante o patamar atual.

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“O tom recente do Federal Reserve foi mais duro do que o esperado, e agora temos o risco de que os preços mais altos de energia possam reacelerar a inflação. Nossa equipe de Economia XP revisou, recentemente, sua projeção para a taxa de juros dos EUA e agora está prevendo um aumento adicional de 25 pontos base”, ressaltam os especialistas da casa.

Além disso, os especialistas ainda ressaltaram o ambiente fiscal como relevante.

“O consenso do mercado é que alcançar a meta parece pouco provável, mas os investidores aguardam mais esclarecimentos. Nossa visão é de que uma mudança na meta é negativa. Embora a não aprovação das medidas fiscais possa remover um uma grande incerteza para as empresas, poderíamos ver um efeito mais negativo no câmbio e nas taxas de juros, o que deve pressionar negativamente as ações”.

Quais setores devem performar melhor no Ibovespa?

Em sua análise, os especialistas da XP frisaram alta qualidade e baixo risco como fatores positivos, e destacaram que as small caps registraram perdas.

“Ainda vemos espaço para setores que ficaram para trás performarem bem, apoiados pelo padrão histórico consistente de desempenho observado em ciclos de corte no passado. No entanto, é importante reconhecer que as atuais condições macro podem continuar a impactar os retornos desses setores/fatores”, apontam.

Os especialistas reduziram sua exposição ao varejo, diminuindo as ações do Grupo Soma (SOMA3) da sua carteira recomendada.

Além disso, adicionaram ações da Equatorial (EQTL3) e trocaram as ações da Gerdau (GGBR4) pela Vale (VALE3).

O portfólio da casa ainda conta com:

  • Itaú (ITUB4)
  • Localiza (RENT3)
  • Copel (CPLE6)
  • M.Dias Branco (MDIA3)
  • Petrobras (PETR4)
  • Prio (PRIO3)
  • Rumo (RAIL3)

Andre Fernandes, da A7, destaca que “está inclinado a acreditar que commodities ainda devem performar bem, mas os ativos de consumo doméstico também”.

“A população está com um maior poder de compra, tanto por causa de uma inflação menor, mas também pelos ajustes no salário mínimo e bolsa família. É provável que desde a pandemia poderemos ver um fim de ano mais parecido com o cenário histórico, de ser um trimestre forte para o varejo como um todo, além de um maior consumo de alimentos e bebidas com a proximidade do fim de ano”, completa, sobre o Ibovespa.

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Eduardo Vargas

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