Gol (GOLL4) pode sair da bolsa com formação de holding; entenda o impacto aos acionistas

Com a mudança societária na Gol (GOLL4), a companhia pode sair da bolsa ao criar uma holding para ser uma ‘megacompanhia’ aérea. A mudança pode implicar em uma remuneração aos acionistas sobre o preço da ação, já que a aérea pode sair da bolsa.

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Segundo o comunicado da Gol, após o fechamento do negócio, investidores se comprometeram a investir até US$ 350 milhões em ações do Grupo Abra – o nome da holding. A Gol (e a Avianca fecharam um acordo para criar o Grupo Abra, mirando ser “um grupo líder em transporte aéreo na América Latina”, conforme comunicado oficial. Além das duas companhias, o novo grupo terá participação nas empresas Viva, da Colômbia, e Sky Airline, do Chile.

“Quando é um caso de aquisição da companhia, o novo ‘dono’ costuma fazer uma oferta pública de aquisição de controle, ou seja, esse novo dono recompra e retira as ações do mercado. Porém, nesse caso, não haverá alienação (venda) ou transferência de controle acionário, ou seja, não haverá a obrigatoriedade dessa oferta. Com isso, o investidor deve aguardar os próximos passos em relação ao fechamento do negócio”, explica Fabio Louzada, economista e analista CNPI.

O especialista diz que o Abra pode impulsionar o mercado e ter acesso a condições melhores para renegociação de dívidas ou para mais eficiência nas respectivas operações – o que “pode animar o investidor”.

Nesta quinta-feira (12), as ações da Gol, negociadas sob o ticker GOLL4, caem 1,16% no intradia, a R$ 12,79. Isso ocorre porque, ainda que o consenso tenha visto vantagem na transação, o setor possui riscos relativamente elevados.

“O setor aéreo como um todo tem pouca margem e muito risco, já que são expostos a diversos fatores. Na pandemia, por exemplo, o setor sofreu com o fechamento das fronteiras. Agora o segmento é afetado pela alta do preço do petróleo“, frisa Louzada.

Segundo a Ativa Investimentos, o movimento da Gol é positivo pois:

  1. a Avianca detém participações não-controladoras na Viva, aérea colombiana e na Sky, aérea chilena, o que pode permitir que Gol amplie a sua malha na América Latina, permitindo inclusive que as companhias avaliem melhor os destinos atuais e possíveis adições futuras
  2. A fusão proporcionará escala à operação da Gol, o que pode proporcionar melhora da sua eficiência em custos
  3. A criação da holding concentrará as dívidas das empresas, o que pode afetar positivamente o perfil financeiro com a obtenção de melhores condições de refinanciamento dos valores envolvidos.

Os analistas da corretora destacam quem “não veem grande impacto para algumas concorrentes”, como a Azul (AZUL4). Já para Latam, que dispõe de grande participação no mercado internacional, é vista um aumento de competividade para a aérea, que segue negociando seu plano de recuperação judicial na corte americana e poderá alterar a sua estratégia se constatar que o novo passo de Gol provocará mudanças competitivas nas rotas que atende.

Além disso, a Ativa diz que mesmo que a Avianca e a Gol sigam operações independentes, a fusão é vista como algo que “possa ser alvo em algum nível de contestação através de movimentos antitruste nos mercados onde irão atuar”.

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“Apesar das muitas dúvidas que ainda existem na proposição, vemos a mesma como positiva para Gol, indiferente para Azul e desafiadora para Latam. Para Gol, que vale atualmente menos de 40% do que valia no pré-pandemia, os movimentos recentes, como o acordo com a American Airlines e este com a Avianca ratificam a complexidade das questões envolvendo a sua liquidez e solvência ao mesmo passo que as aliviam em algum grau”, diz a corretora.

A recomendação da casa segue neutra, sem firmar preço alvo, pelos analistas ainda se mostrarem cautelosos, esperando “maiores esclarecimentos do acordo para atualizarmos nossas diretrizes acerca dos impactos do evento societário proposto”.

Entenda a ‘quase fusão’ da Gol

A Gol (GOLL4) e a Avianca fecharam um acordo para criar a holding Grupo Abra, mirando ser “um grupo líder em transporte aéreo na América Latina”, segundo comunicado oficial. Além das duas companhias, o novo grupo também terá participação nas empresas Viva, da Colômbia, e Sky Airline, do Chile.

Tanto a Gol quando a Avianca manterão suas operações independentes, ou seja, a mudança não irá alterar a operacionalização das empresas na ‘ponta’ – só tornará as duas controladas por um mesmo grupo e quadro societário.

“O Abra fornecerá uma plataforma para que as companhias aéreas reduzam ainda mais os custos, obtenham maiores economias de escala, continuem a operar uma frota de aeronaves de última geração e expandam suas rotas, serviços, ofertas de produtos e programas de fidelidade”, diz o comunicado.

Ainda de acordo com o documento, “o Grupo Abra será co-controlado pelos principais acionistas da Avianca e pelo acionista controlador da Gol, além de ser liderado por executivos com larga experiência em transporte aéreo, em atuação regional, longa trajetória de empreendedorismo e construção de marcas e um histórico comprovado de crescimento e transformações bem-sucedidas de companhias aéreas”.

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O  acordo foi assinado entre os principais acionistas da Avianca e o acionista controlador da Gol, que veem no Grupo Abra uma oportunidade de aumentar sinergias e manter uma participação de mercado (market share) maior.

“Avianca e Gol serão a base de uma malha pan-latinoamericana de companhias aéreas com o objetivo de ter o menor custo unitário em seus respectivos mercados, os programas de fidelidade líderes em suas regiões e outros negócios sinérgicos”, diz o fato relevante da Gol.

Ambas as empresas preveem benefícios com “maior eficiência e investimentos feitos pelo mesmo grupo controlador”, segundo comunicado.

A Avianca Group possui uma frota de mais de 110 aeronaves e é a companhia aérea líder na Colômbia, América Central e Equador, com operação de 130 rotas na América Latina.

Já a Gol Linhas Aéreas opera uma frota de 142 aeronaves e possui 33,6% de participação no mercado doméstico brasileiro, ainda atrás da Latam (35,1%). Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

“O fechamento da transação é esperado para ocorrer no segundo semestre de 2022, sujeito às condições habituais de fechamento e regulatórias”, destacou a Gol, em fato relevante divulgado ao mercado. Você pode ler o documento completo aqui.

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GOLL4 pode sair da bolsa

A mudança societária pode ocasionar em implicações diretas aos acionistas das ações GOLL4. Isso porque o novo grupo terá capital fechado e investidores se comprometeram a injetar até US$ 350 milhões em ações.

Uma apuração feita pelo Estadão constatou que ainda não está definido se a Gol permanecerá como uma companhia listada na bolsa de valores brasileira. Segundo fontes envolvidas na negociação, a família Constantino – controladora da empresa brasileira – terá uma participação maior no novo grupo.

Na mesa de executivos, Roberto Kriete será o presidente do Grupo, pois, segundo o Abra, ele “transformou a Taca na principal companhia aérea da América Central, na década de 1980, e fez a fusão com a colombiana Avianca Airlines em 2009. Ele também fundou, em 2006, a Volaris, principal companhia aérea mexicana”.

Já Constantino de Oliveira Junior, da Gol, será o CEO do grupo, por ser o ‘pioneiro do low cost (baixo custo)’ na região. “Junto com as aquisições de VRG, em 2007, e Webjet, em 2011, ele conduziu seu crescimento para uma posição de liderança no mercado.”

Por sua vez, o atual presidente e CEO da Avianca, Adrian Neuhauser, será co-presidente do Grupo Abra. O executivo se juntará a Richard Lark, atual CFO da Gol, nessa função. Os dois executivos serão co-presidentes do grupo e manterão suas funções nas respectivas companhias.

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Eduardo Vargas

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