Fed não deve elevar juros mesmo com inflação acima da meta, diz Powell

O Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, definiu uma meta de inflação média de 2% ao longo do tempo, e, ao contrário do que fez nas últimas décadas, não deve elevar as taxas de juros para conter o aumento dos preços. De acordo com Jerome Powell, presidente do Fed, em seu discurso no simpósio econômico de Jackson Hole desta semana, a autoridade monetária deve permitir que a inflação suba “moderadamente” acima da meta por algum tempo, após ter ficado abaixo da meta por anos a fio.

As mudanças anunciadas por Powell foram levantadas à medidas que o Fed observou que a inflação não subiu como o desejado nos últimos anos, ao passo que o país apresentava um pleno emprego antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). ““Isso reflete nossa visão de que um mercado de trabalho robusto pode ser sustentado sem causar um surto de inflação”, afirmou Powell.

O movimento de paralisação da tendência da elevação dos juros em momentos de alta de inflação mostra-se ser uma das medidas mais ambiciosas das definições de política monetária, implementadas pela primeira vez pelo BC estadunidense em 2012. Desde o início de 2019, o Fed abandonou o planejamento de continuar subindo os juros — estimulado pela constante preocupação dos BCs mundiais pela dificuldade em gerar crescimento econômico com as taxas de juros já muito baixas, e por vezes negativas.

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À vista dos efeitos da pandemia na economia dos Estados Unidos, o Fed cortou sua taxa de juros de referência por duas vezes em março deste ano, trazendo-a, por fim, até a banda de 0% e 0,25%. Além disso, o BC norte-americano intensificou suas compras de ativos governamentais para estabilizar os mercados.

Fed decide por não elevar taxas de juros, mesmo com inflação acima da meta

Durante décadas, a autoridade monetária central dos Estados Unidos justificou o aumento dos juros com o alerta de que esperar muito para tomar essa decisão pode provocar uma forte alta nos preços, sobretudo em períodos em que a taxa de desemprego mostrava-se mais baixa dos que níveis considerados neutros.

Em novo comunicado, no entanto, o Fed sinalizou que não deve elevar as taxas de juros somente pela expectativa de que a inflação suba, mas tenderá a aguardar para constatar as evidências que de a inflação fique por volta da meta de 2%.

Por mais que, em termos nominais, o Fed não tenha alterado sua meta de inflação, pontuou que caso a inflação fique abaixo dos 2% após períodos de crise econômica, irá procurar manter as expectativas de inflação de longo prazo estáveis, com uma inflação acima de 2% em momentos de economia mais forte.

“O Comitê busca atingir uma inflação média de 2% ao longo do tempo e, portanto, julga que, após períodos em que a inflação tenha persistido abaixo de 2%, a política monetária adequada provavelmente terá como objetivo atingir uma inflação imediatamente acima de 2% por algum tempo”, segundo a o Fed.

Powell, entrentanto, deixa a “porta aberta” diz que o Fed “não estava se amarrando a uma fórmula matemática específica que define a média” da inflação, chamando a nova mudança como uma “forma flexível de metas de inflação média”.

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Jader Lazarini

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