Economistas da Anbima revisam projeções da Selic, dólar e PIB em 2024

O Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) reduziu a projeção da Selic para 2024. Segundo economistas, a taxa de juros do país deve encerrar o ano em 9,25% – antes a projeção era de 9,5%.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/Lead-Magnet-1420x240-2.png

De acordo com a Anbima, o ritmo de queda da Selic está previsto em 0,50 pontos percentuais a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e deve prosseguir até agosto, com a taxa básica de juros se mantendo nesse patamar até dezembro. 

A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 também diminuiu, de 3,9% para 3,8%.

“O cenário para a inflação neste início de ano é construtivo, com destaque para os preços dos alimentos, que devem impactar menos o IPCA do que em anos anteriores e, assim, abrir espaço para o Banco Central manter o ritmo de cortes nas próximas reuniões do colegiado. Ou até reduzir ainda mais o ponto terminal dos juros se a inflação e os núcleos permanecerem em uma trajetória confortável”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo.

Quanto ao PIB, a previsão de crescimento neste ano subiu de 1,6% para 1,7%. A avaliação é de que a atividade econômica pode surpreender positivamente, sobretudo devido à demanda doméstica, com o aumento da renda das famílias.

No câmbio, a projeção para o dólar ao final deste ano recuou de R$ 5,00 para R$ 4,90. Em relação ao corte de juros norte-americano, a maior parte dos economistas das casas estrangeiras avalia que o banco central norte-americano pode diminuir a taxa até julho. 

Por fim, o déficit primário foi mantido em 0,80% do PIB. Já a previsão para a dívida bruta do setor público passou de 78,6% do PIB para 78% ao final de 2024.

Selic: Bradesco Asset revisa previsão da taxa de juros para o fim do ano

A Bradesco Asset Management passou a projetar um ciclo contínuo na redução da Selic, ao invés de um ciclo em duas etapas, levando em conta a aproximação do primeiro corte de juros nos Estados Unidos, previsto agora pela casa para junho e não mais novembro.

A avaliação é de que o movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve remover uma potencial restrição à trajetória da Selic. Assim, a gestora do Bradesco ainda prevê redução da Selic até a taxa terminal de 8,50%, porém com esta taxa já sendo alcançada em novembro, quando, espera, o ciclo será fechado pelo Banco Central (BC).

Antes, a aposta era de que a flexibilização monetária se daria em duas etapas, com a taxa Selic caindo para 9,5% ao fim deste ano, e recuando, numa segunda etapa, para 8,5% apenas em 2025, na esteira do relaxamento dos juros nos Estados Unidos.

A observação faz parte de um relatório de revisão de cenário no qual a Bradesco Asset também revê o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024: de 1,5% para 1,7%, saindo de 2,8% do ano passado.

Conforme a gestora, o processo de normalização da inflação, assim como no exterior, foi consolidado no Brasil, de modo que o IPCA deve fechar 2024 em 4%, após marcar 4,6% em 2023. A expectativa é de que o aumento da inflação de alimentos será amortecido pela continuidade da baixa inflação dos bens e desinflação dos preços serviços.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

O cenário leva em conta ainda uma mudança da meta de déficit zero para um objetivo de déficit primário de 0,75% do PIB, com manutenção da margem de tolerância de 0,25 ponto porcentual. “A possibilidade de revisão da meta de resultado primário para 2024 e anos seguintes seguirá presente. O resultado primário seguirá no terreno deficitário no horizonte previsível”, prevê a Bradesco Asset. A projeção é de déficit primário equivalente a 0,6% do PIB em 2024.

Apesar disso, a gestora não vê grande variação em termos reais dos gastos do governo, o que, junto com a acomodação da produção do setor agropecuário, deve tirar força da atividade.

Em paralelo à trajetória da Selic, observa, o Fed deve começar a reduzir antes do que era previsto o aperto da política monetária nos Estados Unidos, levando a taxa de juros do país para 4,25% até o fim do ano, abaixo dos 5% previstos anteriormente. A começar por uma redução de 25 pontos-base em junho, a expectativa é de um corte total de 125 pontos-base dos Fed Funds, dada a preocupação do Fed com a desaceleração da atividade e o desaquecimento do mercado de trabalho.

Copom reduz Selic para 11,75% ao ano

Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou a quarta redução consecutiva da Selic. A taxa, com corte de 0,5 p.p divulgado hoje, ficou em 11,75%. Foi a oitava e última reunião do ano do comitê do BC. A diminuição dos juros era aguardada de forma consensual pelo mercado. A decisão foi unânime. Os membros do Copom anteveem cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 57 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom manteria o plano de voo com novo corte de 0,50 ponto na Selic. Para 51 delas (89%), o colegiado seguirá nesse ritmo nas duas primeiras reuniões de 2024, enquanto três preveem aceleração do ritmo de baixa a 0,75 ponto em janeiro e outras duas apostam nesse movimento na reunião de março.

O comportamento dos preços fez o Banco Central (BC) cortar os juros pela quarta vez seguida.

Na reunião sobre a Selic, o colegiado disse que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025”.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Vinícius Alves

Compartilhe sua opinião