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‘Lua de mel’ do dólar tem seus dias contados

A ‘Lua de Mel’ do capital estrangeiro no Brasil é o principal reflexo da queda do dólar, mas como toda viagem tem seu fim, os especialistas acreditam que essa queda tem seus dias contados.

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Em março de 2021, o mercado financeiro se perguntava se a moeda norte-americana chegaria a R$ 6, mas depois de um ano, a conversa já é outra: agora, todos querem saber se o dólar vai encerrar 2022 abaixo dos R$ 5.

Isso porque, segundo o levantamento da Economatica, o dólar perdeu 12,72% em relação ao real desde o início do trimestre, ou seja, a moeda acumula a maior desvalorização trimestral contra o real desde 2009, quando a desvalorização chegou a 15,70%.

Com a queda da moeda, muitas pessoas começaram a tirar do papel o plano de viajar para o exterior, com o dólar turismo sendo negociado a R$ 5.

Fonte: Google Finance
Fonte: Google Finance

Na análise do economista-chefe da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), Reinaldo Cafeo, o Brasil está vivendo no mercado cambial o que pode ser chamado de ‘lua de mel do capital estrangeiro’, mas com seus dias contados por conta da eleição.

“Em relação ao Brasil eu tenho uma preocupação no tocante às eleições presidenciais, principalmente de quem estiver à frente e se tiver um discurso populista, por exemplo, de não cumprir o orçamento e abrir mão do teto de gastos, ou seja, uma aventura fiscal.”

Motivos para a tendência do dólar

Com a elevação contínua da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, o Brasil se torna um país mais atrativo para investimentos estrangeiros. Para se ter uma base de comparação, a taxa Selic está em 11,75% ao ano (a.a.) e tem a projeção de encerrar o ano em 13% a.a., conforme a previsão do Relatório Focus.

Já a taxa dos Estados Unidos, principal economia do mundo, está no intervalo de 0,25% a 0,50% ao ano.

“Esse diferencial [entre Brasil e EUA] é grande e isso acaba atraindo investimentos estrangeiros. Ou seja, é mais fluxo de capital vindo para cá e isso também favorece o dólar”, disse a economista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli.

O dólar encerrou as negociações desta quinta-feira (30) em alta de 0,29%, frente ao real, valendo R$ 5,4457  na venda.
Nota de dólar. Foto: Pixabay

Cafeo aponta ainda que a bolsa de valores brasileira é barata, o que influencia ainda mais essa entrada de fluxo no Brasil. E o setor de commodities (produtos de matérias primas como o petróleo e minério) está ganhando ainda mais destaque com a guerra entre Rússia e Ucrânia, pois o País é grande exportador desses produtos.

“Como o Brasil é um grande exportador de commodities, as empresas acabam se favorecendo diante desse conflito, o que resulta no favorecimento da moeda”, completa Quartaroli.

Além das empresas exportarem mais, ou seja, mais fluxo de dólar para o País, as ações dessas empresas, como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e outras, se tornam mais atrativas para o investidor estrangeiro.

Portanto, os fatores que influenciam na queda do dólar são:

Motivos da queda do dólar:

  • Alta da Taxa Selic;
  • Exportação de commodities;
  • Bolsa brasileira barata.

Lua de mel do dólar tem dias contados

Mas os especialistas preveem que no curto prazo essa lua de mel vai acabar. O ano é 2022 e as eleições presidenciais, que devem acontecer em outubro, são o motivo pelo qual o dólar pode dizer adeus para as quedas observadas nos últimos dias.

As propostas do futuro presidente devem influenciar nessa entrada de fluxo estrangeiro no Brasil. A aversão ao risco faz com que o investidor se proteja em moeda estrangeira, no caso, na moeda mais segura do mundo que é o dólar.

“Eu prevejo que no curtíssimo prazo de 30 a 60 dias, ainda teremos essa lua de mel, mas em algum momento essa tensão das eleições vai chegar ao mercado e isso vai ser precificado no dólar”, disse Cafeo.

“A gente está em ano eleitoral, logo menos essa corrida vai começar a ficar mais acirrada, o que implica diretamente no comportamento do dólar. Então, mais para metade do ano, devemos ver uma pressão no dólar por conta da incerteza”, complementou Quartaroli.

Na contramão, o sócio diretor da Pronto! Investimentos, com mais de 30 anos de experiência no mercado cambial, Vanei Nagem, disse que a expectativa é ainda de ver bastante volatilidade no dólar durante as eleições mas depois projeta uma melhora.

Com isso, a estimativa é de que a moeda encerre o ano entre R$ 4,90 e R$ 5,00. “A gente analisa um ano bem mais nervoso por conta da eleição, mas nós estamos vendo que mesmo com o risco país alto, o capital estrangeiro está entrando muito mais fácil aqui. A nossa perspectiva é de que isso vai continuar durante o ano mesmo com as eleições”, disse Vanei.

Já Cafeo estima o dólar em R$ 5,20 e o último relatório do Boletim Focus prevê a moeda em R$ 5,30 ao final de 2022.

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Poliana Santos

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