Dólar recua 1,32% e fecha a R$ 5,60, no menor nível desde outubro de 2024
O dólar reverteu a tendência de véspera e fechou nesta terça-feira (13) em seu valor mais baixo em mais de sete meses, em R$ 5,6087, queda de 1,32% em relação ao pregão anterior. É a menor cotação de fechamento para a moeda norte-americana desde 14 de outubro (R$ 5,5827).

Depois de cair fortemente pela manhã, quando registrou mínima a R$ 5,5958, o dólar acentuou o ritmo de baixa à tarde, em sintonia com o exterior. O dia foi marcado por uma onda global de queda da moeda dos EUA, em especial na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities.
O índice DXY — que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro e o iene — recuava cerca de 0,80% no fim da tarde, ao redor dos 100,965 pontos, bem perto da mínima da sessão, aos 100,939 pontos.
Entre os países exportadores de commodities, os maiores ganhos foram do dólar australiano e do neozelandês, seguidos por real e o peso mexicano. Os preços do petróleo subiram mais de 2%, ainda na esteira da trégua comercial entre EUA e China, mas também com o acordo de investimentos de US$ 600 bilhões por parte da Arábia Saudita nos EUA.
A inflação ao consumidor americano (CPI). com resultado de 0,2% em abril e acumulado de 2,3% em 12 meses, perto da meta de 2% e abaixo das projeções do mercado, reforçou a aposta em um corte de ao menos 50 pontos-base pelo Federal Reserve (Fed) até o fim do ano, dado que a economia dos EUA deve desacelerar nos próximos meses. Na segunda-feira (12), o acordo comercial provisório entre China e EUA havia mitigado, por ora, os riscos de uma recessão americana, estimulando o apetite ao risco.
Dólar: como o mercado vê o cenário
“O comportamento do mercado de câmbio está muito ligado à inflação ao consumidor americano hoje. Uma parcela do mercado acredita que o Federal Reserve vai ter espaço para cortar os juros neste ano, o que acabou enfraquecendo o dólar”, avaliou a economista-chefe da Ouribank, Cristiane Quartaroli.
Analistas ponderam que os efeitos da política tarifária de Trump devem se traduzir em inflação mais elevada nos próximos meses. Por ora, a leitura é que o Fed tende a manter uma postura cautelosa, mas que pode haver espaço para redução de juros a partir do segundo semestre.
O diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, prevê que o real se aprecie ainda mais daqui para a frente, com o dólar descendo até R$ 5,40 ainda neste ano. O analista destaca que o Brasil é um dos beneficiados pelo ambiente externo gerado pela administração Trump, uma vez que é um grande exportador de commodities agrícolas, sobretudo para a China, que ele vê claramente como “vencedora” da queda de braço com os EUA.
Com Estadão Conteúdo