Dólar fecha em alta de 0,33% acompanhando reajuste do IOF

O dólar encerrou as negociações desta sexta-feira (17) em alta de 0,33%, frente ao real, valendo R$ 5,282 na venda.

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Ficou no radar do dólar hoje o decreto de aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para custear o novo Bolsa Família. A decisão, divulgada ontem à noite pelo Planalto, vai encarecer o crédito, mas renderá arrecadação adicional aos cofres do governo de R$ 2,14 bilhões até o fim deste ano e será usada para a ampliação do programa social, agora denominado Auxílio Brasil.

Na avaliação de João Beck, economista e sócio da BRA, “a decisão de elevar o IOF para pessoas físicas e empresas é um retrato da incapacidade de negociação do governo para saídas melhores.”

Ele explica que “a medida deve ter um efeito de conter o processo inflacionário e ajudar a ancorar a curva curta de juros, mas, com bastante redução da atividade, prejudica a recuperação da economia num momento tão importante pós Covid. O governo encarece os financiamentos e empréstimos em um ponto de fraqueza econômica e de endividamento recorde. A saída do governo vem por causa de uma relação difícil do congresso que tem limitado a capacidade do governo de negociar saídas mais responsáveis para financiar o programa social.”

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“O Brasil passa por um nível alto de endividamento. Com o aumento da alíquota, passa a ficar ainda mais endividado e encarece o crédito”, completa.

Movimentação do dólar

O dólar americano abriu a sessão de hoje em alta, refletindo a cautela do investidor com o cenário doméstico. Além disso, o mercado ficava atento ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O coordenador do IPC, Guilherme Moreira, elevou de 0,93% para 1,0% a sua projeção de inflação de setembro, após a leitura mais pressionada da segunda quadrissemana do mês. Apesar de ter desacelerado de 1,34% para 1,21%, o IPC ficou acima da expectativa da Fipe, de 1,14%.

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No decorrer do dia, o dólar permaneceu em alta frente ao real, indicando a aversão ao risco no exterior, com os investidores preocupados  com o impacto da variante delta de coronavírus na retomada econômica, e também de olho no recuo do minério de ferro, de acordo com Marcelle Gutierrez, da mesa RV.

Notícias que movimentaram o dólar

Além disso, veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:

  • Taxa anual do indicador CPI acelera a 3% em agosto na zona do euro
  • PIB cresce 0,6% em julho comparado a junho, aponta Monitor da FGV
  • Europa fecha no vermelho com cautela em relação ao Fed e NY

CPI na zona do euro: aceleração de preços aos consumidor

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 3% em agosto ante igual mês do ano passado, acelerando fortemente em relação ao acréscimo anual de 2,2% observado em julho, segundo revisão divulgada nesta sexta-feira pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado confirmou a estimativa preliminar e veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

A inflação de agosto se afastou ainda mais da meta oficial de 2% do Banco Central Europeu (BCE), ao atingir o maior patamar desde novembro de 2011.

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Em relação a julho, o CPI da zona do euro avançou 0,4% em agosto, também como se previa.

PIB do Brasil: monitor indica avanço ante junho

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,6% em julho ante junho, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com julho de 2020, a atividade econômica cresceu 6,6%.

“Em julho, primeiro mês do terceiro trimestre, a taxa de crescimento contra ao igual mês do ano anterior mostrou que tem decrescido fortemente desde abril, quando foi observado o fundo do poço da recessão. Essas taxas de crescimento deverão continuar decrescentes, tendo em vista que a economia melhorou a partir de maio de 2020”, avalia Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV, em nota oficial.

“Esses resultados estão influenciados pela recuperação de todas as atividades, exceto agropecuária, com destaque para o setor de outros serviços, em razão de maior percentual de pessoas vacinadas. O mesmo ocorre para os componentes da demanda, excetuando-se exportação, devido à forte desvalorização cambial”, acrescenta.

Bolsas da Europa: queda em bloco

Após uma abertura de mercado no verde, as bolsas da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira, com exceção da de Madri. Os índices acionários do Velho Continente foram contaminados pela cautela em Nova York, onde pesam as incertezas da retomada econômica e a expectativa pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na próxima semana.

Nesse cenário, o índice Stoxx 600, que contempla diversas companhias da Europa, encerrou o dia com perda de 0,88%, a 461,83 pontos. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,91%, a 6.963,64 pontos.

Em outras praças, o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, caiu 1,03%, a 15.490,17 pontos, com perda de 2,75% nos papéis da Volkswagen. O CAC 40, de Paris, por sua vez, registrou queda de 0,79%, a 6.570,19 pontos. No mercado francês, as ações da ArcelorMittal cederam 4,16%.

Seguindo na Europa, em Milão, o FTSE MIB recuou 0,98%, a 25.709,56 pontos, na mínima do dia. Nas praças ibéricas, o índice PSI 20, de Lisboa, registrou perda de 0,71%, a 5.299,37 pontos, no menor nível do dia. Na contramão, o Ibex 35, de Madri, subiu 0,31%, a 8.760,90 pontos, mas também na mínima do dia.

Cotação do dólar nesta quinta (16)

Na última sessão, quinta-feira (16), o dólar encerrou o pregão em alta de 0,54%, negociado a R$ 5,26.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Laura Moutinho

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