Dólar dispara pelo 3º dia seguido e fecha a R$ 5,47: entenda o que puxou a alta

 O dólar emendou o terceiro pregão seguido de alta nesta terça-feira, 2, acompanhando a valorização global da moeda americana diante do avanço dos juros de títulos em países desenvolvidos, impulsionados por temores fiscais. A cautela com uma possível reação do governo Donald Trump a eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, cujo julgamento começou hoje no Supremo Tribunal Federal (STF), teve impacto limitado sobre o câmbio.

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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu 0,4% no segundo trimestre ante o primeiro, resultado próximo da mediana de Projeções Broadcast, de 0,3%. A maioria dos analistas espera desaceleração da atividade nos próximos meses, abrindo espaço para corte da taxa Selic no primeiro trimestre de 2026. Após tocar R$ 5,50 pela manhã, o dólar à vista moderou os ganhos e fechou em R$ 5,4748, alta de 0,64%. Depois de cair 3,19% em agosto, sobe 0,97% nos dois primeiros pregões de setembro. No ano, recua 11,41%.

Cenário internacional e análise do mercado

O índice DXY, termômetro do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, girava ao redor de 98,300 pontos no fim da tarde, em alta de cerca de 0,60%, após máxima aos 98,595 pontos. Quem mais sofreu foi a libra, com perda superior a 1%, diante do aumento dos rendimentos do Gilt de 30 anos no Reino Unido, maior nível em 27 anos, após mudanças anunciadas pelo primeiro-ministro Keir Starmer por temores fiscais.

Nos EUA, as taxas dos Treasuries subiram em bloco, com o retorno do T-bond de 30 anos aproximando-se de 5%, máxima de 4,9977% pela manhã, refletindo apreensões sobre a independência do Federal Reserve (Fed) após tentativas de ingerência do presidente Donald Trump.

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Em análise única, o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, observa que o real não sofreu mais que outras divisas emergentes, apesar da atenção ao julgamento de Bolsonaro. “Podemos ver um clima de mais apreensão e algum impacto no câmbio quando começarem a sair os votos dos ministros. Hoje o comportamento do real parece estar mais ligado ao setor externo”, afirma. Costa projeta o câmbio em R$ 5,80 no fim do ano, citando sazonalidade desfavorável do fluxo comercial e quadro fiscal doméstico desconfortável.

Segundo o economista sênior do banco Inter, André Valério, a perspectiva de cortes de juros nos países desenvolvidos, num ambiente de fragilidade fiscal, eleva a percepção de inflação persistente. Isso levou à venda de títulos públicos, “o que acabou contaminando as outras classes de ativos”, fortalecendo a alta do dólar globalmente.

Com infromações da Agência Estado

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Maíra Telles

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