Day trade: mesmo entre traders experientes, chance de sucesso é mínima

Em qualquer profissão, quanto mais há prática, mais tempo de serviço, e mais bem preparado está o profissional, melhor ele irá desempenhar aquela função e, assim, ser mais bem remunerado por isso, certo? Não entre os investidores que apostam no day trade.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-4.png

Quem opta por comprar e vender ativos no mesmo dia na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) não terá uma evolução nos ganhos e, mesmo que sejam considerado experientes, pouquíssimos terão alguma renda satisfatória para comprar um bom carro ou uma casa, de acordo com pesquisadores da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) que estudam o day trade.

Um estudo anterior mostrara que apenas 0,57% dos investidores continuam fazendo day trade após 300 pregões e que, na média, os day traders tem um prejuízo bruto de R$ 49 diariamente.

Agora, em uma nova análise, os professores da FGV focaram apenas nesses traders mais experientes.

“Nessa nova análise olhamos para day trade em ações, mini-índice e mini-dólar entre 2012 e 2017. Focamos em day traders “experientes”: que fizeram day trade em pelo menos 90% dos 72 meses entre 2012 e 2017 (ao menos 1 dia do mês), não importando quando começaram”, disse ao SUNO Notícias Bruno Giovanetti, professor da FGV e autor do estudo.

De acordo com o estudo, ao todo são 1.218 pessoas nos cinco anos. Os resultados não são animadores para quem busca ganhar (muito) dinheiro apostando na compra e venda de ativos no mesmo dia, já que, mesmo quem opera há muito tempo, não vem melhorando o desempenho com o tempo.

“Desses day traders experientes, apenas 5.1% (62 pessoas) tiveram lucro médio maior do que R$ 10 mil por mês”, afirmou Giovanetti.

“Isso não significa que a chance de ganhar mais de 10 mil por mês é 5.1%. É muito menor. O 5.1% é calculado a partir só dos que fizeram day trade em pelo menos 90% dos 72 meses (62/1.218). Vários desistiram ante e os 62 operam de um jeito bem particular”, completou.

Segundo o professor, mesmo entre quem faturou mais de R$ 10 mil brutos por mês parece contar com a ajuda de programas de investimento ou robôs.

“Essas 62 pessoas em geral operam muito ao longo do dia, não parecendo ser pessoas apertando o mouse”, disse.

Day trade? Mais fácil virar jogador de futebol da série A

Com os resultados, o pesquisador propôs uma analogia simples, mas que representa a enorme dificuldade de auferir grandes ganhos operando ativos no day trade.

No Brasil, país do futebol, muitos meninos já pensaram em se tornar jogadores, certo? Mas, apenas uma pequena parcela consegue. Se analisarmos apenas jogadores da primeira divisão, então, o percentual diminui ainda mais.

Segundo Giovanetti, há 670 jogadores inscritos no Campeonato Brasileiro da série A. Ou seja, há 10 vezes mais jogadores de futebol na Série A do Campeonato Brasileiro do que day traders consistentes com renda maior do que R$ 10 mil por mês.

“No Brasil todo, a gente vê só 62 day traders consistentes com renda maior do que R$ 10 mil por mês, enquanto que há mais de 600 jogadores de futebol em clubes da primeira divisão”, disse o professor da FGV.

Por isso, antes de iniciar na prática, vale a pena pensar se você será um novo Ronaldinho ou apenas mais um jogador de várzea. A diferença é que, na Bolsa, um mal desempenho não gera apenas piadas (como no futebol amador). O mal jogador, que faz day trade, perde dinheiro.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Vinicius Pereira

Compartilhe sua opinião