Luiz Grubert

Valuation: A arte por trás dos grandes investidores

São raros os investidores que conseguem ter um bom desempenho global da sua carteira de investimentos de forma consistente. Qual o segredo?

O Mercado de Bolsa de Valores desperta a cobiça e ganância em muitos investidores pelas perspectivas de altos retornos e cases de sucesso: investidores e gestores que alcançaram um resultado invejável em um horizonte de tempo relativamente curto. Como é possível? A resposta é simples: comprando um ação com elevadas perspectivas de crescimento. É fácil encontrá-las? De forma alguma! E, mais ainda, um resultado de curto prazo pode muito mais ser facultado à benevolência da sorte do que um conhecimento e habilidades superiores.

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Um excelente resultado no curto prazo diz muito mais sobre a causalidade dos resultados do que a validação de uma estratégia. Muitos investidores já há algum tempo no mercado tem alguns cases de sucesso para contar, uma empresa que se valorizou 100%, 200% ou 300% em sua carteira em determinado período – mas são raros aqueles que conseguem ter um bom desempenho global da sua carteira de investimentos de forma consistente. Qual o segredo destes últimos?

A resposta passa por vários níveis: Asset Allocation (Alocação entre classes de ativos), Diversificação Setorial, e a cereja do bolo: Valuation (avaliação do “valor justo” do ativo – e somente comprar ações subavaliadas). Cada qual tem sua importância e todos são imprescindíveis não só para que a carteira performe bem, de forma consistente, mas também que se mantenha o risco controlado e aderente ao perfil de cada investidor – mas neste artigo me aterei ao tão falado Valuation.

Em poucas palavras, o que é o Valuation? Nada mais é do que a avaliação do valor justo de uma companhia, baseado nas premissas do analista e em suas perspectivas futuras – uma combinação de Arte e Ciência. Arte, pois cada analista tem premissas e expectativas sobre determinada empresa ou setor e Ciência, pois todas essas premissas serão incluídas em fórmulas e planilhas e resultarão em um número objetivo para o preço da ação. Logo, por ter o composto “Arte”, podemos entender que o Valuation não é absoluto e diferentes analistas (igualmente capacitados) podem chegar a resultados diferentes (podendo um ser mais otimista/pessimista do que o outro em relação ao crescimento da empresa/setor em questão).

Parece complicado de entender na prática, mas a verdade é que a maioria dos investidores não precisa ser um analista – mas é importante que entendam o racional dos investimentos e como podem crescer seu patrimônio com ações.

Neste sentido, o ponto que todo investidor deveria se atentar é: onde está o “valor” desta empresa? Aqui caberiam “n” respostas, mas todas convergem para o fluxo de caixa futuro desta companhia – o quanto ela é capaz de gerar de dinheiro de fato. É nele que reside o valor de toda empresa, pois o objetivo último de toda empresa é gerar lucro (hoje ou em algum momento futuro – de preferência não tão distante).

E aqui cabe o primeiro insight, qual o sentido de manter em carteira uma empresa que apresenta prejuízos consecutivos e em que não há perspectiva de reversão desse cenário? Caso a situação se perpetue por muito tempo a empresa estará “destruindo” patrimônio e, caso não haja uma liquidação (venda) dos ativos da companhia antes desta data, em algum momento ela valerá “zero” e encerrará suas atividades. Quando todos os ventos sopram contra, muitas vezes é melhor amargar o prejuízo e partir para novos mares – desta vez com a estratégia ajustada.

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Mas, voltando ao conceito central deste artigo, o que é este fluxo de caixa? São o registro de entradas e saídas de valores financeiros frutos da atividade prestada pela empresa. Para definirmos o quanto vale uma empresa, precisamos estimar o fluxo de caixa atual e futuro – considerando o (de)crescimento ou não destes fluxos -, e como o dinheiro tem valor no tempo (conceito de juros). Esse fluxo precisa ser descontado a alguma taxa pois ‘R$ 100’ de hoje não comprarão a mesma cesta de bens de ‘R$ 100’ daqui a 10 anos.

Colocando em prática, o valuation nada mais é do que estimar esses fluxos de caixa e descontar a uma determinada taxa para encontrar o “valor justo” de uma companhia. Agora que você já entendeu o conceito de precificação de um ativo, ficará muito mais simples entender a lógica por trás do pensamento dos grandes investidores: comprar um ativo por (muito) menos do que ele vale. Este é o conceito de Value Investing, a filosofia de investimento da maioria dos grandes investidores.

Mas sabemos também que o Valuation (precificação de um ativo) tem um composto subjetivo (arte) e portanto podemos ter algum nível de divergência quanto aos resultados. A solução é aplicar uma Margem de segurança, ou seja, se chegamos a um Valuation de R$10 por ação para uma empresa, aplicando uma margem de segurança de 20%, chegaríamos a um preço máximo de compra (preço-teto) de R$ 8 por ação, minimizando a chance de prejuízos, ainda que tenhamos sido demasiadamente otimistas quanto a perspectivas futuras de uma empresa.

Fazendo este processo diversas vezes, construindo uma carteira diversificada (setorialmente e entre classes de ativos), as chances de sucesso a longo prazo aumentam substancialmente. O conceito é simples, mas na prática pode ser oneroso e custar muito de seu tempo – daí vem a importância de estar bem assessorado por profissionais qualificados (como casas de análise e consultores de investimentos) e alinhados para auxiliá-lo a trilhar este caminho e não auferir ganhos rápidos e milagrosos, mas um desempenho superior com risco controlado e de forma consistente.

Esta matéria foi escrita pelo time da Suno Consultoria. Para conhecer melhor este serviço da Suno, clique aqui

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Nota

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Luiz Grubert
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