Carrefour (CRFB3) analisa fechar lojas em pacote de venda de ativos imobiliários

O Carrefour Brasil (CRFB3) está analisando o fechamento de lojas como consequência de um pacote de venda de ativos imobiliários, informou o diretor financeiro da companhia, Eric Alencar, na teleconferência de resultados do segundo trimestre, realizada na terça-feira (25).

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De acordo com Alencar, o movimento é considerado “natural” do varejo, sem que haja necessariamente associação com os esforços da operação do grupo francês para reduzir seu nível de endividamento.

Para ele, o Carrefour Property, unidade de negócios que atua na gestão do portfólio imobiliário do Grupo, é um “projeto grande”, se referindo a centenas de ativos, sem especificá-los.

Ainda na teleconferência, o diretor-financeiro não quis comentar rumores de mercado de que o Carrefour estaria em negociações de venda de lojas com o Grupo Mateus (GMAT3), que possui forte presença no Nordeste.

A varejista se mostrou cautelosa sobre o comportamento dos consumidores no segundo semestre, apesar de esperar o início de um ciclo de corte das taxas de juros. “Não teremos uma queda abrupta dos juros. Não vai mudar a situação dos brasileiros na hora de pagar suas contas no fim do mês”, disse o diretor-presidente do Carrefour, Stéphane Maquaire.

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Carrefour encolhe lucro em 95%, para R$ 29 milhões

O Carrefour apresentou lucro líquido ajustado de R$ 29 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado é 95% menor do que o apresentado no mesmo período do ano passado.

Sem o ajuste, que descontou principalmente gastos com imposto de renda ligados à venda de imóveis (operação de sale and leaseback) e reestruturação de pessoal em razão da integração com o grupo Big, o Carrefour teria prejuízo de R$ 249 milhões.

O CFO do Carrefour, Eric Alencar, explica que, como esses itens são ajustados com frequência, é possível que as casas de análise considerem os números ligeiramente acima de suas projeções, que indicavam prejuízo para o grupo no terceiro trimestre.

Ebitda ajustado do Carrefour foi de R$ 1,3 bilhão, com queda de 21,7% em relação ao apresentado um ano antes. Alencar diz que o número foi impactado pelos gastos de integração do Big, mas também pelas vendas mais fracas em razão da queda da inflação. Com os preços em queda, a bandeira de atacarejo do Grupo, o Atacadão, tende a vender menos para os clientes que compram no atacado.

A perspectiva de que os produtos tendem a ficar mais baratos desestimula esse segmento a fazer grandes estoques. Porém, os gastos das lojas, mesmo com vendas menores, continuam os mesmos, afetando a margem do negócio.

De todo modo, o que mais pesou nas margens ainda foi a integração do Grupo Big, já que a companhia terminou, no segundo trimestre, a conversão de lojas para os formatos das marcas do Carrefour e do Atacadão. A margem Ebitda ajustada consolidada caiu 2 pontos porcentuais (p.p.), mas, se retirados os efeitos do grupo Big, a queda teria sido de 0,3 p.p.

Para endereçar essa questão incômoda aos investidores, o grupo abriu dados de maturação das lojas convertidas. Na projeção apresentada, depois de um ano, esses pontos passam de uma margem Ebitda negativa para patamar positivo de 2%, podendo chegar a até 9% depois de 36 meses de operação.

Vendas

receita líquida do Carrefour foi de R$ 25,9 bilhões, com alta de 8,1%, com vendas totais em R$ 29 bilhões, alta de 9,7%. Os efeitos da queda da inflação aparecem, principalmente, nas vendas em mesmas lojas do Atacadão (conceito que considera apenas as lojas que já estavam abertas há um ano): houve queda de 4,3%.

A companhia lembra, porém, que em dois anos acumulados, o crescimento das vendas em mesmas lojas nessa bandeira foi de 17,2%. “A campanha de aniversário do Atacadão em abril foi, mais uma vez, um sucesso, gerando mais de R$ 1,8 bilhão em vendas. O restante do trimestre foi impactado por um ambiente macro adverso, com desaceleração da inflação de alimentos (4,7% nos últimos 12 meses e -1,07% em junho), impulsionada principalmente pela deflação nas commodities”, diz o release de resultados da empresa.

O grupo terminou a conversão de 13 Hipermercados BIG e 2 TodoDia em lojas Atacadão. Ao todo, desde o fechamento da transação, 76 lojas foram convertidas para a bandeira Atacadão (46 do Maxxi, 27 do Hipermercado BIG, 2 do TodoDia e 1 do Sams Club), 6 a mais do que o planejado inicialmente. Além disso, houve 9 novas lojas do Atacadão no trimestre (3 delas convertidas do Hipermercado Carrefour). E ainda há a previsão de mais 3 lojas da bandeira no segundo semestre, o que leva ao número de 15 novas aberturas orgânicas de Atacadão em 2023.

Varejo

As vendas brutas do varejo, por sua vez, atingiram R$ 7,5 bilhões, com alta de 6,4% na comparação anual, sendo R$ 5,9 bilhões no Carrefour e R$ 1,6 bilhão no Big. As vendas em mesmas lojas (excluindo os postos de gasolina) ficaram estáveis, com queda de 2,7% em produtos alimentares e alta de 6,3% em não alimentares.

No online, as vendas totais do grupo chegaram a R$ 2 bilhões, um aumento de 30,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Dívida e Banco Carrefour

O faturamento do Banco Carrefour totalizou R$ 14,6 bilhões, alta de 13,4%, impulsionado pelo crescimento de dois dígitos do cartão de crédito Atacadão (+17,7%) e crescimento de 7,4% do cartão de crédito Carrefour.

Os esforços implementados desde o quarto trimestre de 2022 para atrair a base de clientes do Grupo BIG resultaram na adição de aproximadamente 328 mil novos clientes à base do banco no primeiro semestre de 2023, o que pesou, segundo o CFO Alencar, no Ebitda dessa operação. Ao incluir novos clientes, o banco precisa fazer provisões. Assim, o Ebitda caiu cerca de 10%, ficando em R$ 259 milhões.

O endividamento líquido da companhia fechou o trimestre em 2,17 vezes o Ebitda ajustado, frente a 1,95 vez no mesmo período de 2022, graças à compra do Grupo Big. Em relação ao trimestre anterior, porém, houve redução. Esse número havia sido de 2,44 vezes no primeiro trimestre de 2023.

Durante o trimestre, o Grupo Carrefour Brasil realizou três transações que garantem cerca de dois terços das necessidades de capital da companhia no ano, que está em aproximadamente R$ 13 bilhões: um empréstimo intercompany com o Grupo Carrefour na França de R$ 6,3 bilhões; uma emissão de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) de R$ 930 milhões em debêntures vinculadas a CRAs captados em maio; e a operação de sale and leaseback (venda de imóveis) de R$ 1,2 bilhão captado com a venda de 4 centros de distribuição e 5 lojas para a Barzel, que serão alugados ao Grupo por meio de contratos de locação com prazo de 20 anos, renováveis por mais 5 anos.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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