Por que Bezos deixa o comando da Amazon (AMZO34) (e por que nada muda para Wall Street)

A saída de Jeff Bezos do comando da Amazon (AMZO34) foi a notícia que sacudiu os mercados mundiais na semana.

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Entretanto, a julgar pelas reações de Wall Street, mesmo com a saída do fundador, nada mudou na Amazon.

Os mercados metabolizaram a notícia em um piscar de olhos, e os analistas não parecem nada surpresos.


Isso pois é repetição da história, mais ou menos recente, da indústria de tecnologia que nos diz muito claramente que há um tempo em que os fundadores de grandes grupos tendem a cortar o cordão umbilical.

Chega um momento em que todos eles decidem deixar o comando desses gigantes e se dedicar a diversos projetos, desde a filantropia até a exploração espacial.

Além disso, 2021 parece ser o ano da regulação das contas para os gigantes tecnológicos. Os governos de todo o mundo colocaram a lupa no risco de monopólios e no tratamento – muitas vezes abusivo – dos dados pessoais.

Por isso, esse foi o momento perfeito – ainda no auge da carreira – para Bezos se desligar das operações da Amazon.

Fundador da Amazon

Jeff Bezos tem 57 anos e passou os últimos 27 à frente da Amazon, fundada em 1994.

Na época, Bezos, que cresceu entre Houston e Miami, desconhecia completamente que a ideia de vender na internet livros e outros objetivos o levaria ao topo da lista dos homens mais ricos de o mundo.

Na garagem de sua casa em Bellevue, Washington, ele colocou a primeira placa da Amazon.com, escrita com spray azul em um retângulo de plástico branco. Uma icônica foto ainda mostra esse primórdio da gigante.

A ideia era de criar uma livraria online, sem prateleiras e sem fronteiras.

Com o tempo, tornou-se um gigante do comércio eletrônico, mas também dos dados armazenados na nuvem, da inteligência artificial e dos serviços de streaming de vídeo e música.

Agora, Bezos decidiu desistir do comando, deixando o controle para Andy Jassy, ​​que nos últimos anos liderou com a Amazon Web Service (AWS), divisão da empresa dos serviços em nuvem.

Bezos se tornará presidente executivo, com um papel ainda forte na Amazon, mas certamente mais marginal daquele até então desempenhado.

Bolsas de Valores ignoraram a aposentadoria

Se as Bolsas de Valores do mundo inteiro desprezaram descaradamente essa notícia, já que o título da Amazon não caiu, certamente não é coincidência.

A despreocupação dos investidores é, antes de mais nada, um indício que o fundador da Amazon deixa para trás uma empresa com um modelo de negócios sólido.

Aparentemente imune – pelo menos no médio prazo – a qualquer convulsão.

Bezos criou um modelo de negócios que poderia sobreviver ao seu fundador.

E, além disso, todos os analistas sabem que as lideranças tendem a ser cronometradas. A aposentadoria (parcial) de Bezos ocorre pouco mais de um ano depois que os fundadores do Google (GOGL34), Larry Page e Sergey Brin, abandonaram seus cargos para entregar tudo nas mãos de Sundar Pichai.

Casos Microsoft e Apple

Nos últimos anos, Bill Gates também deixou a liderança da Microsoft, que assim como a Amazon para Bezos, foi a empresa que fundou.

Gates permaneceu na Microsoft por oito anos, ocupando outras funções. E outros seis anos como presidente, antes de sair definitivamente após a nomeação do atual diretor-presidente (CEO) , Satya Nadella.

Então, o que podemos esperar da Amazon?

Parece bastante claro que Jeff Bezos ainda manterá o controle decisivo sobre as coisas que realmente importam.

Ele ainda vai opinar nas escolhas estratégicas da empresa. Entretanto, operacionalmente, terá menos compromissos e mais tempo para se dedicar a projetos de filantropia e exploração espacial.

Mas o ponto real parece ser outro: Bezos ou não Bezos, hoje as empresas de tecnologia mais bem-sucedidas parecem ser entidades bastante independentes do destino de seus fundadores.

Suas posições de mercado são tão fortes e radicadas que vão além dos homens que as fundaram. E isso é uma mudança importante.

Isso pois, cerca de dez anos atrás, quando Steve Jobs morreu, muitos se perguntaram o que aconteceria com a Apple (AAPL34).

A dependência de um CEO tão importante chegava a questionar o futuro da produtora dos iPhones.

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Entretanto, hoje a Apple é a empresa com a maior capitalização do mundo. E isso justamente graças a intuição de Jobs: o iPhone foi e ainda é o centro de um universo cada vez maior de app e serviços, que envolve um bilhão de pessoas.

Tim Cook também contribuiu com essa situação, através de um trabalho incrível no reposicionamento da marca, investindo em energia renovável e uma cadeia de suprimentos mais sustentável.

Em suma, as mudanças na liderança de uma empresa com a Amazon podem ser bem-sucedidas mesmo quando um CEO do peso de Bezos decide se aposentar.

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Carlo Cauti

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