Americanas (AMER3) deve pedir recuperação judicial após declarar à Justiça dívidas de R$ 40 bi

A Americanas (AMER3) cogita pedir recuperação judicial. A empresa, que na última quarta (11) encontrou um rombo contábil de R$ 20 bi, declarou à Justiça que tem dívidas no total de R$ 40 bi. As informações são do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. A descoberta da lacuna bilionária no balanço da empresa culminou com a saída do CEO da empresa, Sergio Rial.

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A Americanas confirmou, em documento enviado à CVM, que o juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Paulo Assed, “concedeu medida de tutela de urgência cautelar pedida pela companhia”. Essa decisão elimina a possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens por causa das dívidas da empresa.

O documento foi assinado por João Guerra, que assumiu interinamente as funções de diretor Presidente e de Relações com Investidores da Americanas.

Após essa decisão, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial, se a empresa decidir por essa medida.

O pedido da Americanas se deu porque as inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões comunicadas pela empresa podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas, segundo alegação da varejistas ao TJRJ.

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Americanas: “Modificação no grau de endividamento”

A medida faz a Americanas ganhar tempo: a companhia ficaria desobrigada de pagar suas dívidas até que um provável pedido de recuperação judicial seja feito à Justiça.

A empresa alega que o rombo contábil de R$ 20 bilhões pode acarretar em “vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante de cerca de R$ 40 bilhões.”

A Americanas diz que a descoberta da “inconsistência contábil de R$ 20 bilhões”, comunicada em fato relevante na quarta, exigirá “reajustes nos lançamentos da companhia e vai impactar os últimos balanços, com modificação do grau de endividamento da empresa”.

O BTG (BPAC11) teria declarado o vencimento antecipado de dívidas de uma cifra maior que a R$ 1,2 bilhão.

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Bancos credores

Mais cedo, a jornalista Irany Tereza, do Broadcast, havia revelado que Bradesco (BBDC4) e BTG são os maiores bancos credores da Americanas, com dívidas no total de R$ 4 bi, segundo a colunista.

A jornalista explica que a informação foi apurada com fontes do mercado e executivos. Seriam pessoas que trabalharam ou já não estão mais na Americanas.

O volume de cerca de R$ 4 bilhões das dívidas da Americanas com BTG e Bradesco incluem empréstimos e debêntures encarteiradas. As instituições não confirmam os valores ao Broadcast.

Sérgio Rial, que esteve na presidência da Americanas durante apenas nove dias, chegou a citar o BTG ao explicar a situação da empresa nesta quinta.

O rombo contábil, que abalou o mercado desde que a informação foi divulgada pelas Americanas na quinta, fez as ações da Americanas derreterem na bolsa. Na quinta (12), os papéis caíram 77,33%, a R$ 2,60, e a varejista perdeu R$ 8,4 bi em valor de mercado.

Nesta sexta, as ações se recuperaram e subiram 15,81%, a R$ 3,15, após passar mais uma vez por leilões no Ibovespa. Os papéis da Americanas chegaram a subir 45% no pregão da sexta, Na quarta, antes do documento que revelava o rombo bilionário da varejista ser divulgado ao mercado, cada ação valia R$ 12.

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Buraco contábil pode ser pior

Ainda hoje, antes do fechamento do mercado, especulava-se que o rombo na Americanas (AMER3) poderia ser ainda pior do que os R$ 20 bilhões informados inicialmente pela varejista, na visão do time de analistas do BTG Pactual (BPAC11). Os analistas do banco retiraram as suas recomendações e colocaram o papel “em revisão”.

“Estamos alterando nossa classificação e preço-alvo da Americanas para ‘Em Revisão’ agora, enquanto aguardamos novos desenvolvimentos que possam melhorar nossa capacidade de avaliar o negócio”, destacaram os analistas do BTG Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis em relatório publicado na quinta (12).

Antes, o BTG Pactual tinha como preço-alvo das ações da Americanas o valor de R$ 29.

“Nosso entendimento é de que mesmo os R$ 20 bilhões em inconsistências estimadas são preliminares e, como as práticas contábeis aparentemente são comuns há muitos anos, pode levar algum tempo até que o comitê independente e os auditores externos cheguem a um número final que reflita com precisão o balanço e posição de alavancagem da Americanas”, destacaram.

O time do BTG também não descarta um cenário em que seja necessário injetar capital ou realizar outra fonte de financiamento adicional nos próximos trimestres.

A falta de visibilidade de quão rápido esses problemas serão resolvidos e a retomada das operações normais tornam difícil o investimento hoje.

Americanas: próximos passos

Sérgio Rial, gestor que assumiu a empresa no início do ano e deixou o cargo em menos de dez dias, atuará como assessor dos acionistas de referência (3G Capital) durante a apuração do caso. Na apresentação ao mercado, Rial evidenciou que a Americanas precisará do aporte de “alguns bilhões”.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos para apurar o rombo da Americanas.

Segundo o jornal Valor Econômico, a varejista estuda uma solução rápida para conseguir cobrir esse rombo e uma das possibilidades é uma oferta subsequente de ações (follow-on) com a garantia de compra de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital. A decisão deve ser tomada nesta sexta (13).

Para os analistas ouvidos pelo Suno Notícias, o aporte do 3G Capital é visto como uma possível garantia de que a Americanas não declare falência.

“Acionistas de referência” sugerem injeção de R$ 6 bi

A Bloomberg publicou nota nesta sexta (13) revelando que os acionistas de referência da Americanas – o bilionário Jorge Paulo Lemann e seus sócios na 3G Capital, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que têm 31% de fatia na varejista – querem injetar R$ 6 bilhões na companhia, segundo reportagem da jornalista Cristiane Lucches.

Fontes revelaram à agência que a oferta à Americanas foi feita ao ex-CEO da empresa, Sergio Rial, e aos credores, o que incluem os maiores bancos do Brasil.

A matéria diz, no entanto, que os banqueiros avaliaram a oferta como baixa – querem o mínimo de R$ 10 bilhões. A segunda (16) terá mais rodadas de negociações. O trio de bilionários, que têm participação na Americanas, afirmaram às fontes da reportagem da Bloomberg que vão dar suporte à varejista.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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