Americanas (AMER3): 3G deixará controle da empresa e impõe poison pill

Os sócios da 3G capital decidiram abrir mão do controle societário da Americanas (AMER3), atendendo às demandas dos acionistas minoritários, que ansiavam por uma simplificação da estrutura societária. A mudança foi informada ao mercado nesta quarta-feira (3) antes da abertura do mercado, em documento de Reunião da Administração feita na segunda (1º).

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No documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa afirma que a decisão de diluir o comando da Americanas não terá prêmio. Com a unificação, os papéis deverão ter mais liquidez e acabar com o “desconto” que a estrutura de holding impunha aos papéis das Lojas Americanas.

A Americanas S.A vai absorver a Lojas Americanas. Cada acionista de LAME3 e LAME4 receberá uma fatia de 0,186 ação de AMER3.

A proposta de unificação das bases de acionistas das companhias ainda será levada às assembleias extraordinárias das duas companhias no dia 10 de dezembro. O Conselho de Administração tem mandato até o ano de 2023.

Além disso, os sócios da 3G passarão a deter uma fatia de 29,2% do capital social da companhia consolidada – redução em relação aos 38,2% atuais, com 60,8% das ações ordinárias.

O ex-controlador impôs uma poison pill de 15% no seu capital social, forma de manter a participação relevante e inibir concorrentes ou outros interessados.

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A ferramenta de poison pill é utilizada para evitar aquisições hostis e, segundo as práticas e normativas do mercado de capitais brasileiro, consiste no pagamento de ágio sobre o preço de Oferta Pública de Aquisição (OPA) – montante que pode chegar até 50%, o que gera um efeito oneroso e desestimula aquisições.

Essa união operacional era prevista desde meados de abril, segundo informe da Americanas. Contudo, a formação da holding, conforme proposto pela controladoria, ocasionou quedas sucessivas nos papéis da empresa.

As ações AMER3 caíram 53% nos últimos seis meses, ante 35% de quedas dos papéis LAME3 no mesmo período de tempo.

A Americanas vale, na bolsa de valores, R$ 28,2 bilhões, ao passo que a Lojas Americanas vale R$ 9,7 bilhões. A 3G, vale lembrar, é o veículo de investimento dos investidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

Unificação da Americanas é ‘amadurecimento’, diz presidente

Em entrevista ao Pipeline, o presidente das Lojas Americanas, Miguel Gutierrez, afirmou que “tudo na vida tem um amadurecimento. Como os bons vinhos, vão decantando, criando corpo, criando novas perspectivas. Acho que isso que aconteceu’, se referindo às mudanças sucessivas na estrutura do capital social da Americanas – que agora culmina nesta reestruturação.

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“Não é uma decisão simples, mas o que está prevalecendo é o senso comum e visão geradora de valor no longo prazo“, disse, reconhecendo que o mercado reagiu mal às decisões corporativas, dadas as quedas.

Além disso, a companhia mantém o estudo para migrar para o mercado americano, o que foi impacto pelo plano de reestruturação.

Antes, o plano era listar a holding em uma bolsa americana, ao passo que a empresa operacional ficaria listada na bolsa brasileira, a B3 (B3SA3).

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Agora, com essa mudança, a companhia avalia migrar a companhia operacional para uma bolsa americana e listar BDRs no Brasil – o que necessariamente terá que passar por assembleias após as propostas da administração da companhia.

“Acredito que essa nova etapa não adia o cronograma para a emissão nos Estados Unidos. Temos um ritual bem definido, que vai continuar sendo perseguido. Esse estágio antecipado, de negociação de uma só ação no Brasil, vai simplificar muito o entendimento. A estrutura complexa sempre dá margem a interpretações equivocadas e, com essa nova proposta, fica melhor para quem pergunta e para quem responde”, afirmou o CEO da Americanas, ao Pipeline.

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Eduardo Vargas

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