Sem gás: BofA revisa avaliação da Ambev (ABEV3) com ‘produção fraca no 1T22’

O Bank of America divulgou nesta terça-feira (5) relatório sobre o setor de cervejas em que mantém sua recomendação neutra sobre a compra das ações da Ambev (ABEV3).

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De acordo com os analistas do BofA, o segmento sofreu no início de 2022, com os indicadores de produção se esgotando em 14% e 17% em janeiro e fevereiro, respectivamente, quando comparados ao mesmo período em 2021.

“As condições climáticas certamente não ajudaram nos primeiros meses, com os índices pluviométricos acima da média nas principais cidades do país”, aponta o relatório.

O BofA aponta que os preços off-premise (fora de estabelecimentos como bares e restaurantes) bateram recordes para marcas fortes como Heineken e Stella Artois. Com a inflação em alta, as margens da indústria ficam pressionadas, tanto de players com hedge quanto sem hedge.

O ponto positivo vem dos dados de mobilidade, divulgados no resultado do quarto trimestre de 2021 da Ambev. Segundo o banco, esses dados se recuperaram muito bem, “já que o canal de food service está muito mais ativo do que nos últimos dois anos, ajudando a conter parte do aumento de custos com um mix de canais mais rico”.

Preços em alta em todos os setores

Os analistas verificaram que há um claro crescimento de preços em todos os segmentos e empresas, com avanço que varia de 2% a 6% no trimestre, dependendo da marca e do canal.

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“Vimos Stella Artois como a marca que mais aumentou os preços no primeiro trimestre, o que ocorre agora com a Heineken, tanto em off-premise como on-premise”, diz o relatório. Ou seja, os valores de ambas as marcas são similares tanto em bares e restaurantes como em mercados.

Os preços da Budweiser chamam atenção, já que ficaram praticamente estáveis ​​nos dois os segmentos, assim como a Original, que é um grande player em consumo no local. A Original foi a que mais diminuiu os preços no online na comparação anual.

Produção de 2022 começa difícil para Ambev

De acordo com o BofA, os dados de produção industrial de bebidas alcoólicas apontaram dois meses difíceis no início de 2022, diminuindo 23% no acumulado do ano. “A média do 1T22 está atualmente 15% abaixo do 1T21”, observa a análise.

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Os níveis de produção de embalagens também caíram em 9% em caixas de vidro e 15% em caixas de metal, assim como o nível de produção de bebidas não alcoólicas, que não se recuperou bem.

A média no acumulado do ano até agora tem sido 4% melhor sobre o 1T21, “apesar de ter diminuído 17% de dezembro a fevereiro”.

Esses números levantam a questão se o alto nível de inflação geral está freando a demanda estruturalmente.

O banco lembra que os preços de commodities podem representar riscos de inflação de custos, com o conflito no leste europeu iniciado no primeiro trimestre. A guerra na Ucrânia acabou por pressionar as principais commodities das cervejarias para “novas altas”.

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O alumínio, milho e trigo (proxy para cevada) tiveram aumento de 16% a 18% em dólares. ”Rússia e Ucrânia representam 20% da produção mundial de cevada, 6% de alumínio e 5% de milho. Ao mesmo tempo, há impactos indiretos, como sanções, aumento nos preços dos fertilizantes e rendimentos potencialmente mais baixos das colheitas em todo o mundo”, registra o texto.

Por fim, o banco de investimentos destaca que o índice de custos continuou a crescer no primeiro trimestre do ano, com alta de 8% na comparação com o trimestre anterior e +30% contra o mesmo período de 2021, em termos em reais.

“Para players menos protegidos, isso significa custos maiores e, para empresas com hedge, indica que os custos para o próximo ano podem continuar crescendo, por isso a necessidade de repasse aos preços na forma de preços, pacotes menores e reequilíbrio de portfólio”, finaliza o relatório.

Cotação

Ambev opera em queda de 0,27%, às 16h20, cotada a R$ 15,16. Nos últimos 12 meses, os ativos acumularam queda de 0,85%.

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Victória Anhesini

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