Alta do dólar e paralisia do Ibovespa são resultado de negociação do Nafta e incerteza sobre o STF

Em contraste à alta de mais de 2% ontem, movida em grande parte pela antecipação à negociação entre EUA e México, o Ibovespa abre hoje com uma sutil queda de 0.14%, com 77,817 pontos. Essa tendência reflete os mercados internacionais, que também amanhecem sem grandes surpresas. O contrato de dólar futuro, vencendo em setembro, subiu 0,51%, para R$4,105.

O acordo bilateral fechado pelos Estados Unidos e México na renegociação do Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) é visto com otimismo pelo mercado. Embora ele não resolva o impasse comercial que já dura um ano, o acordo é um respiro e o maior avanço na gestão do presidente Donald Trump, marcada por entraves comerciais com outras nações, como a China e até mesmo o Canadá.

O próprio Canadá deve ser a prioridade esta semana, segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, que acredita conseguir fechar acordo em breve. À CNBC, declarou: “Acredito [que o acordo possa ser fechado esta semana]. Nosso objetivo é ter o Canadá a bordo o quanto antes”.

No cenário nacional, o mercado volta seus olhos para as notícias políticas. Entre 7 e 13 de setembro, o STF fará uma análise de um recurso da defesa do ex-presidente Lula contra a decisão de negá-lo habeas corpus no início de abril. O caso vai a julgamento após a liberação do seu relator, o ministro Edson Fachin.

Ainda no STF, deve sair hoje (terça-feira) a decisão de receber ou não a denúncia contra Jair Bolsonaro (PSL) pelo crime de racismo. Se aceita, seria a terceira vez do candidato à presidência como réu. A Folha de São Paulo aponta que os ministros da primeira turma acreditam que aceitar a denúncia pode elevar os ânimos e aumentar ainda mais a tensão das eleições, por botar em dúvida sua possibilidade de manter-se candidato.

Além das notícias políticas, o mercado fica de olho em Michel Temer, que tem hoje como último dia para sancionar as medidas provisórias aprovadas pelo Congresso em relação à greve dos caminhoneiros.

Daniel Quandt

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