Grana na conta

Ambev (ABEV3) supera as expectativas da XP e Citi, mas resultado ainda não é ‘excitante’; ações caem no Ibovespa

O lucro da Ambev (ABEV3), bem como a produção de cervejas no Brasil superou ligeiramente as expectativas da XP para a companhia no primeiro trimestre de 2024 (1T24).

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-3.png

A previsão da casa, que era de R$ 3,571 milhões de lucro líquido da Ambev, foi superada pelo consolidado de R$ 3,817 milhões.

Além disso, o volume de produção Cerveja Brasil cresceu em 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior (1T23), enquanto os analistas do Safra, XP e Citi esperavam um avanço mais enxuto, entre 2,5% e 3,0%.

O Carnaval, de acordo com o Safra, foi um fator que impulsionou os volumes no Brasil, assim como a expansão das marcas premium e super premium, como Corona e Spaten.

Segundo analistas do Citi, as ações ABEV3 podem esperar uma reação positiva na bolsa de valores nesta quarta-feira (8).

A XP mantém a recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de ABEV3 a R$ 16,20 e potencial de 28,57%. O BTG mantém uma posição neutra, com preço-alvo menor que a XP, de R$ 15,00 e valorização de 19%.

Para o Banco Safra, as ações continuam fora de um escopo atrativo, com recomendação de “venda” (“Underperform”), considerando a persistente fraqueza na Argentina e Canadá e as incertezas sobre o regime de juros, enquanto o valuation ainda é avaliado como pouco interessante.

Resultados da Ambev não são “excitantes” para XP e Safra

Segundo Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, que assinam o relatório da XP, o segmento de bebidas não-alcoólicas também liderou a “recuperação da margem com volumes recordes para um primeiro trimestre, juntamente com CAC [América Central e Caribe] mais saudável, apesar da fraqueza de LAS [América Latina Sul] e Canadá.”

Apesar disso, a expansão da margem EBITDA ajustada no 1T24 não conseguiu compensar os números mais fracos da Argentina em meio à crise econômica e os impostos mais altos no Brasil.

Os analistas da XP associam dois fatores – Argentina e impostos no Brasil – como as principais causas da queda no lucro por ação (LPA) de -3% A/A (ano a ano).

Do lado positivo, o LPA ultrapassou em 7% a estimativa da casa e ainda 10% acima do Consenso Visible Alpha, liderado por menores despesas financeiras sem custo de hedge relacionados à exposição cambial da Argentina e menor taxa de imposto efetiva.

“Ainda assim, acreditamos que a fraqueza no Internacional deve continuar ofuscando a boa performance de Brasil. Apesar da recuperação contínua da margem e da perspectiva climática favorável, vemos este como um trimestre positivo, mas não excitante,” afirmam os analistas.

Apesar do crescimento nos volumes de cerveja da Ambev no Brasil, as operações internacionais fracas e a incerteza fiscal impedem que este avanço seja um catalisador impactante.

A companhia da AB InBev destaca ainda em seu resultado que conquistou participação de mercado no trimestre, com as marcas premium e super premium aumentando na casa dos dez pontos percentuais, liderado pela Corona, Spaten e Original, enquanto o segmento core plus aumentou na casa dos 15%, liderado pela Budweiser.

Enquanto isso, olhando para os outros países da América do Sul, os números pressionados da Argentina, com volumes em queda de 12,7% na comparação anual não conseguiram ser compensados por outros dados mais otimistas.

“Os volumes caíram, pressionados pelo cenário desafiador na Argentina, apesar da performance positiva no Chile e Uruguai”, pontuam analistas do Banco Safra.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/1420x240.jpg

BTG avalia trimestre balanceado na ABEV3

Em tom mais neutro do que as demais casas, o BTG Pactual avaliou que a Ambev apresentou pontos altos e baixos, com um trimestre “amplamente em linha”.

Segundo os analistas do banco, o debate sobre o segmento de cerveja sno Brasil se resume ao preço. “Nós nos perguntamos se a Ambev não capturou mais vendas sell-in (para distribuidores) do que sell-out (venda efetiva para consumidores, com saída de estoque)”, comentam Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG.

O banco avalia que a empresa no momento está passando por uma fase intrincada, na transição de “crescimento” (growth) para “valor” (value). Nesse aspecto, o mercado ainda observa com cautela a consolidação das linhas premium da Ambev e a maturidade da companhia na indústria.

“Nossas preocupações sobre precificação e competição permanecem bem vivas. Não há razão para reavaliar a ação, somos neutros”, afirmam os analistas do BTG.

Citi: ABEV3 deve subir na bolsa hoje

Com o balanço da Ambev melhor do que o esperado pelo Citi, o banco aguarda uma reação positiva para ABEV3 no pregão de hoje.

Entre os destaques, , os analistas Renata Cabral e Tiago Harduim citam o Ebitda da região LAS ficou 26% acima da estimativa do Citi, puxado por Chile e Paraguai.

Além disso, a hiperinflação na Argentina impactou negativamente em uma contração da margem de 480 pontos-base ao ano.

“As principais questões de gestão são sobre os próximos passos da Ambev sob o desenvolvimento das reformas tributárias do Brasil”, apontam os analistas do Citi.

Desempenho das ações

Ao contrário da previsão de alguns analistas, as ações da Ambev (ABEV3) abriram em queda nesta quarta-feira. Por volta das 10h50, os papéis caíam 3,97% a R$ 12,10.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Controle-de-Investimentos.png

Camila Paim

Compartilhe sua opinião