Além do FGC: Quais os riscos e oportunidades da renda fixa?

Muito se fala que os investimentos de renda fixa possuem pouco risco. De fato, a grande parte dos títulos de renda fixa são menos arriscados que a renda variável, mas estão longe de ser “risco zero”. Dentro do universo da renda fixa, existem diferentes graus de risco que devem ser compreendidos pelo investidor antes de aplicar seu dinheiro. Parte dos investimentos em renda fixa possui a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que oferece proteção ao risco de crédito dos ativos bancários.

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Já os títulos públicos, da plataforma do Tesouro Direto, não contam com a cobertura do FGC, mas têm a a garantia do Tesouro soberano, considerado o investimento mais seguro de todos. Para quem quer maiores ganhos dentro da renda fixa, os títulos corporativos como debêntures, CRIs, CRAs podem “apimentar” qualquer portfólio e oferecer rentabilidades interessantes.

Mas será que vale a pena tomar riscos maiores, ficando de fora do “guarda-chuva” do FGC?

O Suno Notícias apurou as melhores alternativas para você investir em renda fixa. Esta matéria faz parte da Semana da Renda Fixa, realizada com apoio da SVN Investimentos. Você pode conferir todo o conteúdo neste link.

Como funciona o FGC?

O FGC é uma entidade privada que faz parte da rede de proteção do Sistema Financeiro Nacional. Diversas instituições como bancos, sociedades de crédito e outras inúmeras entidades financeiras participam do FGC como associadas.

O Fundo Garantidor de Crédito garante o valor máximo por pessoa de até R$ 250 mil reais. Ou seja, se o banco que emitiu o CDB em que você investiu não garantir o crédito da operação, o FGC faz o ressarcimento.

Neste caso, o fundo cobre tanto o valor investido na operação quanto a rentabilidade do investimento.

No geral, os ativos bancários são cobertos pela garantia do fundo, entre eles:

  • Letras de câmbio (LC)
  • Letras hipotecárias (LH)
  • CDB e RDB
  • Letras de crédito imobiliário (LCI)
  • Letras de crédito do agronegócio (LCA)

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Outros riscos da renda fixa que o FGC não cobre

Embora o FGC proteja o investidor em relação ao crédito privado, a renda fixa também abarca outros tipos de riscos que o fundo garantidor de crédito simplesmente não cobre. Segundo Francis Wagner, CEO do App Renda Fixa, existe o “risco de liquidez, uma vez que os títulos de renda fixa têm um prazo de validade”.

Se o investidor compra um CDB com prazo de 5 anos e precisou do dinheiro antes, ele fica preso sem conseguir sair do papel. “Existe um mercado secundário de títulos, mas ele não é de fácil acesso”, destaca Wagner. Mesmo que algumas corretoras consigam te ajudar a vender o título antes do prazo, o investidor pode perder dinheiro.

Por isso que o investidor precisa diversificar seus investimentos, com títulos de diferentes prazos em sua carteira. “É importante investir de acordo com seus objetivos, de curto prazo, médio e longo prazo”, destaca. Os prazos dos títulos precisam estar de acordo com esses objetivos, caso contrário, o investimento pode ter prejuízo com o resgate antecipado.

Mesmo com a reserva de emergência, ter liquidez na renda fixa é importante, afinal, em algumas situações o investidor pode até mesmo precisar resgatar todo o investimento. Caso ele não tenha uma diversificação de prazos, o prejuízo pode ser enorme, afirma o CEO do App Renda Fixa.

Além desse, o risco de crédito é um dos principais quando o assunto é renda fixa. Se o investidor escolhe ativos que têm a proteção do FGC, a questão do risco de crédito fica muito menor, tornando até mesmo uma vantagem.

Outro risco que envolve a renda fixa envolve diretamente a escolha errada de títulos, desconsiderando as variáveis como inflação, juros e taxa Selic. Por exemplo, um investidor pode escolher um prefixado com uma taxa menor que a taxa Selic, obtendo no vencimento do título uma rentabilidade menor que a inflação.

Wagner comenta que isso é muito comum entre iniciantes no mercado, que buscam rentabilidade sem considerar o tipo de ativo em questão.

Isso fica ainda mais complicado quando o assunto é “títulos públicos”. Com a marcação a mercado, o preço do título varia conforme as mudanças nas taxas do juros. Francis Wagner destaca que muitos compram esses ativos sem levá-los ao vencimento, tomando prejuízos enormes.

Investir em ativos sem cobertura do FGC: vale a pena?

Se o FGC é uma proteção interessante que o investidor de renda fixa possui em relação ao risco de crédito, a escolha de títulos fora da cobertura do plano precisa ser analisada com atenção.

Neste caso, a diversificação entre títulos pode ser uma alternativa para “sair do FGC” e buscar rentabilidades maiores. De acordo com Rodrigo Eboli que é portfólio manager da Brainvest, “ter um mix entre ativos pós-fixados, pré-fixados e indexados a inflação é interessante para equilibrar risco e retorno na renda fixa”.

Porém, o especialista não acha interessante ir além de 3 anos nos vencimentos pré-fixados. “Preferimos correr riscos de vencimentos mais longos nos ativos indexados à inflação”.

Já o investidor iniciante deve priorizar os ativos que possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, afirma Francis Wagner. “É fato que existem muitas oportunidades em ativos fora do FGC. Mas para quem está no início da trajetória como investidor, correr risco de crédito pode arruinar o patrimônio de quem ainda está nos seu primeiros passos”, comenta.

Para o investidor que tem um nível bom de conhecimento e diversificação de ativos, faz bastante sentido investir em demais ativos, como debêntures, fundos de crédito privado, CRIs e outros títulos com maior grau de risco e melhor rentabilidade.

Portanto, é possível encontrar no mercado ativos de renda fixa considerados high grade, ou seja, são investimentos que oferecem baixo risco inadimplência para os seus investidores. Ou seja, para quem procura crédito privado para “apimentar” seu portfólio, existem ativos de qualidade e que possuem “rating de crédito” que atestam sua segurança.

De igual modo, o investidor precisa ficar ligado em ativos de crédito considerados high yield, ou seja, com retornos elevados, mas com grau de inadimplência maior.

Os títulos públicos: segurança e (muitas) oportunidades

A exceção para essa “regra” são os títulos públicos. Francis Wagner destaca que o grau de liquidez, segurança e rentabilidade desses ativos pode estar acessível a todos, inclusive ao investidor iniciante.

É claro que alguns títulos prefixados e IPCA com vencimentos mais longos precisam ser analisados com maior calma. Mas as oportunidades são igualmente relevantes. “Com a questão da marcação a mercado, quem comprou títulos no mês passado pode se dar bem com as recentes quedas nas taxas dos títulos. Essa valorização pode gerar uma rentabilidade maior que a contratada”, afirma Wagner.

De igual modo, o CEO do App Renda Fixa acredita que o perfil do investidor faz bastante diferença na hora de diversificar os títulos de renda fixa e encontrar opções longes da cobertura do FGC.

”Para investidores de nível moderado e mais arrojado, escolher ativos de outra natureza torna-se interessante”, pontua Wagner. Talvez começar por meio de fundos de crédito para depois escolher ativos específicos seja a melhor opção para muita gente.

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Gustavo Bianch

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