Cinco ações para comprar com o preço de um Big Mac

Recentemente, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ultrapassou o número de um milhão de pessoas físicas investindo em ações. Ao mesmo tempo, os títulos do Tesouro Direto também superaram um milhão de aplicadores nos últimos meses.

Porém, de acordo com um estudo de 2017 da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) junto ao Datafolha, apenas 24% da população brasileira economicamente ativa realiza algum tipo de aplicação financeira ou investimentos em ações. Desses, 16% ainda preferem a boa e velha caderneta de poupança.

Nos últimos dois anos, entretanto, a taxa básica de juros (Selic) passou de 14,25% no começo de 2017 para 6% em meados de 2019. Um patamar que representa o menor nível da série histórica do Banco Central (BC).

Saiba mais: Bolsa de Valores chega a mais de 1,1 milhão de investidores em maio

Além disso, a perspectiva do mercado é que os juros baixem ainda mais nos próximos meses. Segundo o último Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a previsão dos analistas é que a Selic chegue a 5% até o final do ano. Dessa forma, investimentos em renda fixa se tornam menos atrativos, favorecendo a renda variável, como por exemplo as ações.

Mais investidores na Bolsa de Valores

O aumento do número dos investidores na Bolsa de Valores de São Paulo é consequência direta desse cenário. Em julho deste ano, o número registrado foi de 1.244.953 investidores pessoas físicas. Uma alta de aproximadamente 50% ocorrida entre janeiro a agosto deste ano. 

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Entretanto, mesmo com esse resultado significativo, o total de investidores continua sendo cerca de 0,5% da população brasileira.

Mas por que tão poucas pessoas investem em ações?

Entre as razões que explicam essa baixa adesão está a tradicional aversão ao risco presente no mercado acionário por parte dos brasileiros, assim como a tendência das grandes instituições bancárias em oferecer produtos com baixa lucratividade e elevados custos para seus clientes.

Entretanto, a principal causa é ligada a concepção de que investir em ações é algo acessível somente a investidores profissionais qualificados e de maior poder aquisitivo. Algo muito distante do público comum.

Desvendando o mito da inacessibilidade das ações

Na base dessa percepção – errada – sobre o mercado financeiro, elencamos cinco ações que qualquer pessoa pode comprar com o preço de um único Big Mac.

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O mais famoso lanche da rede de fast food McDonald’s é utilizado como instrumento de cálculo pela revista britânica The Economist. O Índice do Big Mac permite calcular a Paridade do Poder de Compra (PPC) entre países diferentes. A análise é realizada desde 1986 tendo o dólar como parâmetro, uma vez que o sanduíche é produzido com os mesmos ingredientes em todas as unidades da multinacional dos 120 países onde atua.

No início de 2019 a revista britânica divulgou seus últimos resultados, mostrando como o Brasil tem o 5º Big Mac mais caro do mundo, custando US$ 4,55 em média.

Confira cinco das principais ações indicadas pelos especialistas em renda variável da SUNO Research, João Arthur Almeida e Felipe Tadewald, sendo possível comprar com até R$ 18,96, com base na cotação do câmbio do dia 2 de setembro:

Itaúsa 

A Itaúsa (ITSA4) é uma holding brasileira que controla uma série de empresas. Entre elas:

  • Itaú Unibanco (instituição financeira),
  • Duratex (papel e celulose),
  • Alpargatas (calçados),
  • Itautec (tecnologia da informação)

Além disso, a holding tem participação na NTS além de outros empreendimentos. É o segundo maior grupo privado do Brasil.

A Itaúsa é tradicionalmente conhecida por ser uma boa pagadora de dividendos. Seu dividendo yield é atualmente de 9,9%. Esse indicador é a razão entre o dividendo pago por uma ação dividido pelo preço das ações.

Saiba mais: Itaúsa registra lucro líquido de R$2,4 bilhões no 2° trimestre de 2019

Entretanto, segundo João Arthur Almeida, a Itaúsa poderia ser ameaçada pelos bancos digitais, uma vez que mais de 95% sua posição está em Itaú Unibanco.

“Com o aumento da concorrência, é provável que ocorra uma queda de rentabilidade nas empresas do setor, o que afetaria não só o Itaú Unibanco como também a Itaúsa. Porém, é importante ressaltar que os grandes bancos não estão parados. (…) O Itaú está fazendo esforços para crescer no segmento digital, onde a eficiência é maior, e também para diminuir o seu quadro de funcionários” disse Almeida.

Última cotação

No encerramento do pregão da última segunda-feira (2), as ações da Itaúsa apresentavam uma queda de 1,06%, sendo cotada a R$ 12,14 na Bolsa de Valores de São Paulo.

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Itaú Unibanco representa mais de 95% da Itaúsa

Klabin

A Klabin (KLBN11) é uma empresa brasileira fundada em 1899 e opera no setor de papel e celulose. Sua longa história demonstra a solidez do segmento e do modelo de negócios adotado.

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A companhia é a maior produtora e exportadora de produtos de celulose do País. Em particular, a Klabin foca na produção de:

  • papéis e cartões para embalagens
  • embalagens de papelão ondulado e sacos industriais
  • madeira em toras

Ao todo, a empresa opera 18 unidades industriais, sendo que 17 estão no Brasil e uma na Argentina. Além disso, a Klabin conta com escritórios comerciais em oito estados brasileiros, uma filial nos EUA e um escritório na Áustria.

Veja também: Klabin registra R$ 72 milhões de lucro líquido no 2T19

Entretanto, a forte posição de exportadora da Klabin a coloca como sensível ao cenário externo. Em um contexto de guerra comercial, os resultados da gigante da celulose estão sendo impactados.

Nos últimos 12 meses, os ações da companhia apresentaram uma desvalorização de -30,49%. Segundo Almeida, esse andamento dos papéis da empresa é pontual. Por isso, para o analista, a Klabin continua sendo uma ótima oportunidade para o longo prazo.

“A empresa pode ser encarada como uma oportunidade para o investidor de longo prazo mesmo em meio a um cenário internacional conturbado. Isso pois a Klabin possui uma exposição relevante ao mercado local, que está em recuperação após uma grave crise”, afirmou o especialista.

Última cotação

No encerramento do pregão da última segunda-feira (2), as ações (units) da Klabin apresentavam queda de 0,60%, sendo cotadas a R$ 14,97 na B3.

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Produção de celulose pela Klabin na unidade Puma

Sanepar

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) (SAPR4) é uma empresa brasileira que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico em cidades do estado do Paraná desde 1963.

Possui 170 estações de água, 53 mil quilômetros de tubulações, 1.019 poços e 234 estações de tratamento de esgoto, empregando mais de 7 mil colaboradores.

Segundo Tadewald a empresa atua em um setor que necessita de investimentos constantes para o desenvolvimento e que é muito regulado pelo governo. Por isso, para o especialista, a abertura comercial que o governo brasileiro está buscando, como por exemplo no acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, poderia beneficiar a empresa e a cotação de suas ações.

“É bem possível que isso ocorra. Inclusive, entre os planos de investimentos que a Sanepar vem realizando está a readequação no sistema de saneamento de todo o Estado do Paraná, com a maior parte do Capex sendo destinado à melhora da eficiência das operações de saneamento de esgoto” disse Tadewald. Ele também salientou que uma das propostas da empresa é ter acesso a novas tecnologias e materiais de melhor qualidade.

Última cotação

No encerramento do pregão da última segunda-feira (2), as ações preferenciais da Sanepar apresentavam queda de 3,43%, sendo negociadas a R$ 16,90 na B3.

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Reservatório de água da Sanepar na cidade de Irati, Paraná

Gerdau S.A

A Gerdau S.A. (GGBR4), também chamada de Grupo Gerdau, foi fundada em 1901. É líder no segmento de aços longos e uma das principais fornecedoras de aços longos especiais do mundo.

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Possui operações industriais em 11 países – nas Américas, na Europa e na Ásia –, as quais somam uma capacidade instalada superior a 25 milhões de toneladas de aço bruto por ano.

Confira: Gerdau deve investir R$ 2,4 bilhões na expansão da capacidade

Atualmente, mesmo tendo patrimônio líquido equivalente ao de 2012, e com um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de apenas 9% até o ano passado, a empresa ainda pode ser um case de crescimento, segundo Tadewald.

“A Gerdau hoje é basicamente uma nova empresa. Após terem realizado desinvestimentos importantes, vendendo a operação de granalhas nos EUA (que possui um menor metal spread), bem como a venda de operações na Espanha e na Índia, a companhia hoje está muito mais eficiente, e focada justamente em rentabilidade”, explicou o especialista.

Última cotação

Na última segunda-feira (2), as ações preferenciais da Gerdau apresentaram uma desvalorização de 1,63%, sendo negociadas a R$ 12,66 na Bolsa brasileira.

Planta da Gerdau em Araçariguama, São Paulo

AES Tietê

A AES Tietê (TIET11) atua há 20 anos no ramo de geração e comercialização de energia elétrica que pertence ao grupo AES Brasil.

A companhia possui nove usinas hidráulicas e três pequenas centrais hidrelétricas, localizadas no Estado de São Paulo; o Complexo Eólico Alto Sertão II, na Bahia; e recentemente concluiu a aquisição do Complexo Solar Guaimbê, em São Paulo.

Conhecida por ser uma boa distribuidora dos seu lucros, a AES Tietê reportou, no último trimestre, um payout de 99,4%.

Segundo Tadewald, mesmo investindo pouco em si própria, a empresa ainda pode ser considerada um case de crescimento.

“Como boa parte de seus investimentos estão sendo realizados com dívida, dívida esta barata e com prazos longos, que permitem taxas de retorno elevadas nos projetos solares e eólicos, a Companhia consegue manter sua trajetória de crescimento, sem abrir mão dos dividendos”, afirmou o especialista.

Última cotação

Na última segunda-feira (2), as ações (units) da AES Tietê apresentaram uma valorização de 2,51%, sendo negociadas a R$ 12,25 na B3.

Complexo eólico da AES Tietê na Bahia
Complexo eólico da AES Tietê na Bahia

 

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Jader Lazarini

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