Magazine Luiza (MGLU3): analistas miram prejuízo de mais de R$ 100 milhões com 1T22 pressionado

O Magazine Luiza (MGLU3) divulga seus resultados do 1T22 na tarde desta segunda-feira (16), após o fechamento do pregão. O balanço é um dos mais aguardados, já que o varejo foi extremamente penalizado em 2021 e os números e as possibilidades de turnaround (a retomada, a volta por cima) ainda divergem opiniões.

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Além disso, as ações da Magazine Luiza caem 34% no acumulado de 2022. Na janela de 12 meses, os papéis MGLU3 despencam 76%.

Neste cenário, analistas estimam um prejuízo acima de R$ 100 milhões no acumulado do 1T22. O resultado do Magazine Luiza, segundo a XP, deve vir com R$ 132 milhões no vermelho, na linha final. “Esperamos um trimestre fraco”, diz o relatório.

“O varejo físico deve apresentar uma queda de vendas mesmas lojas em 5% com o macro mais desafiador, enquanto a base mais forte de março oferece algum alívio”, diz a prévia da corretora sobre o balanço da Magazine Luiza.

A estimativa da XP Investimentos também mira um Ebitda ajustado de R$ 377 milhões, com margem Ebitda de 4,3% – o que representa uma retração de 0,9 ponto percentual em relação à margem do 1T21, e 1,7 p.p. em relação ao 4T21.

A XP segue com recomendação neutra para as ações, com estimativa de R$ 12 no preço-alvo. Os analistas mantêm a cautela mesmo que esse target represente uma alta de 177% em relação á cotação atual, de cerca de R$ 4,30.

“Nós estimamos um crescimento de GMV total (Volume Bruto de Mercadoria, na sigla em inglês) de 13% A/A, sustentado pelo GMV online em +17% A/A (1P +5% e 3P em +47%) em cima da base mais difícil do ano passado, apesar do (site de e-commerce) KaBum impactar positivamente o trimestre. Em relação à rentabilidade, esperamos uma alta de 1,6p.p. na margem bruta, dado que a companhia reduziu incentivos de frete e aumento de preços durante o trimestre. Entretanto, a margem EBITDA deve cair 0,9p.p. A/A (para 4,2%) em função da desalavancagem operacional das lojas e pressões inflacionárias”, acrescenta a XP.

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Vale frisar que a corretora mantém recomendação neutra para as demais concorrentes no segmento de e-commerce. As recomendações de compra no varejo ficam com players de consumo discricionário – como Petz (PETZ3), Vivara (VIVA3) e Natura (NTCO3) – e atacarejo, a exemplo do Assaí (ASAI3). Além disso, a XP mantém boa visão para farmácias, que devem ter “resultados sólidos”.

O Banco Safra, por sua vez, recomenda compra para os papéis do Magazine Luiza, projetando um preço-alvo de R$ 32. Sem citar projeções para o 1T22, o banco prevê um 2022 de “impulso após a correção recente”. Para os analistas da casa, as quedas são fruto de uma descrença dos investidores com techs com múltiplos mais altos.

“Nossa opinião é que o Magazine Luiza continue a ganhar participação de mercado e se beneficie de aquisições mais antigas, enquanto planta as próximas alavancas de crescimento. Os bons resultados do 1T21 decorrem das aquisições assertivas da Logbee, Integra e Netshoes, que ajudaram a melhorar a logística e o sortimento”, diz o Safra.

“Além disso, o modelo omnicanal de Magalu, junto com o desenvolvimento de seu super app, impulsionou a empresa para a segunda posição no cobiçado setor de e-commerce do Brasil. Agora o Magalu direciona suas estratégias para a expansão do mercado total endereçável, aumentando o engajamento do consumidor”, segue.

A expectativa para o ano é de que a varejista aprimore a experiência de mercado por meio da ampliação da malha logística, reduzindo os tempos de coleta e entrega dos produtos.

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Itaú BBA vê Magazine Luiza com prejuízo de R$ 114 milhões

Com opinião semelhante à da XP, o Itaú BBA fez prognóstico de um prejuízo líquido de R$ 114 milhões para o Magazine Luiza.

“Esperamos que a empresa sofra novamente com os ventos contrários do macro e com uma base de comparação difícil no primeiro trimestre de 2021, mas com melhorias sequenciais”, diz a casa.

Os analistas esperam uma alta de 16% no GMV (vendas brutas) no comparativo anual. A expectativa é de uma receita líquida de R$ 8,6 bilhões, alta de 5% no ano.

Já nas vendas de empresa para empresa é esperada uma retração de 4% no SSS (vendas em mesmas lojas), ante os 22% negativos do 4T21.

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“A empresa repassou a inflação para os preços e isso, combinado com outras iniciativas, deve gerar um leve ganho de margem bruta de 50 bps (pontos-base) no ano, para 25,6%”, segue o relatório do time de equity research.

Já a Ativa Investimentos destaca que “nem mesmo as vendas além do esperado da Liquidação Fantástica devem impulsionar o desempenho” da varejista.

“Na rentabilidade, projetamos uma margem bruta 1,1 p.p superior na comparação anual devido a uma base mais fraca no primeiro trimestre de 2021. Já a margem Ebitda deve ser pressionada em 80 bps com o efeito da inflação sobre as despesas operacionais e a maior quantidade de lojas na fase inicial da curva de maturação”, dizem os analistas.

O que a safra do 1T22 diz sobre o varejo?

Para a XP, até então, os resultados do primeiro trimestre vieram sólidos, “antevendo uma temporada melhor que a anterior”.

Até então, 62% das empresas reportaram Ebitda acima do que era projetado, 8% foram em linha e os 31% restantes abaixo do que era esperado.

Quanto à receita, 40% das empresas superaram as expectativas, 17% foram em linha e 42% vieram abaixo.

No segmento de varejo, a corretora aponta o dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).

Na leitura dos dados referentes à performance de vendas do comércio varejista brasileiro em março, o indicador apresentou uma alta de 1,0% em relação a fevereiro. Ou seja, no comparativo anual, a performance foi de alta de 4%.

“O desempenho do setor ficou acima do esperado pelo mercado, potencialmente devido à retomada mais forte frente ao arrefecimento da pandemia, expansão marginal da renda disponível e base de comparação fragilizada de 2021”, diz a XP.

“Dentro dos segmentos da nossa cobertura, observamos a sólida performance da categoria de vestuário e calçados, beneficiada pela fraca base de comparação, embora se mantenha cerca de 7% abaixo dos níveis de 2019, enquanto o crescimento da categoria de artigos farmacêuticos apresentou sinais de arrefecimento  frente à melhora do cenário pandêmico”, segue a corretora.

Desta forma, a XP segue com uma visão mista, deixando o Magazine Luiza de fora das companhias com visão otimista. Apesar do FGTS e do Auxílio Brasil serem drivers relevantes, os analistas vêm maior incerteza do cenário macroeconômico e político e a escalada da inflação como pontos negativos para produtos de tickets médios mais elevados, como bens duráveis, e categorias mais discricionárias.

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Eduardo Vargas

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