Zul+ aposta em mobilidade além do carro e mescla de modais no Brasil

Na última década, a mobilidade urbana passou por uma grande transformação, apoiada por novas tecnologias e padrões de consumo. No Brasil, existiram iniciativas que caíram nas graças do público e outras que foram esquecidas. Abriu-se espaço para o trabalho com diversos tipos de mobilidade, e tudo o que envolve esses serviços — e aí que Zul+ atua.

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Quem mora em São Paulo deve se lembrar que há alguns anos o estacionamento rotativo, aquele em que o motorista para o veículo na rua, era pago por meio de um aplicativo parceiro da prefeitura da cidade. Na época, a Zul+ (então Zul Digital) possuía essa concessão.

Anos depois, a empresa já não atua mais com o Zona Azul e diversificou suas frentes. Agora apresenta uma série de facilidades para os motoristas que fazem uso do aplicativo. Já são mais de 2 milhões de usuários da AutoTech.

André Brunetta, CEO da Zul+, contou ao Suno Notícias que o histórico de atuação em outras áreas de tecnologia do time da empresa foi o combustível para a resiliência da companhia quando se viu obrigada a ampliar os serviços.

“Com o crescimento da base de usuários e público ativo, naturalmente novas funções passaram a ser desenvolvidas para atender as necessidades de quem dirige, nascendo a Zul+”, diz ele.

Hoje, basicamente, trata-se de um aplicativo para resolver tudo o que está ao redor do carro ou contexto automotivo — mas não para por aí.

“Estamos centrados no carro, mas a ideia está voltada para qualquer tipo de mobilidade“, afirma Brunetta. “Cada pessoa pode usar outros modais que conversem com o veículo. Nossa plataforma acompanhará essa evolução do deslocamento.”

Facilitação do pagamento gera remuneração

Além do estacionamento rotativo, o aplicativo facilita a vida de quem tem multas a pagar e impostos a quitar, além de utilizar pedágio e pagar por combustível, entre outros serviços.

Efetivamente, a Zul+ ganha dinheiro com a facilitação da transação desses diversos serviços.

Cada proposta tem um modelo específico, mas todos estão de alguma maneira relacionados à remuneração por transação. A tag de pedágio, por exemplo, não tem mensalidade e é cobrada uma taxa de recarga, como já fazem alguns concorrentes focados somente nessa atividade.

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Já a remuneração no estacionamento rotativo varia entre 15% a 40%, a depender da cidade. 

“O diferencial é proporcionar tudo isso de forma conjunta. Temos um ecossistema de pagamento forte e diverso, ficando disponível para todos os serviços e deixando o app adaptável ao cliente.”

Zul+ acompanha desenvolvimento de múltiplos modais

Embora tenha suas atividades voltadas ao uso do carro, a Zul+ reconhece que diversos modais terão cada vez mais espaço na rotina do brasileiro.

Na visão da empresa, modais (que nada mais são do que formas distintas de locomoção) estão coexistindo. “Antes, quem tinha um carro usava para qualquer coisa, enquanto hoje ele pode ser menos acionado, por diversas razões. Isso não acontecia e agora é bastante comum.”

Na visão de Brunetta — e da maior parte do mercado — a evolução do mercado de mobilidade passa por degraus. Nesse sentido, é observado, por exemplo, o dilema dos patinetes e bicicletas elétricas no Brasil.

Se, por um lado, os modais trazem uma forma descontraída e prática de se locomover nas grandes cidades, também exprimem falta de segurança (para o usuário e empresas) em meio a um oceano azul desregulamentado.

A ascensão e queda das operadoras desse mercado é meteórica. Quem não se lembra das bicicletas amarelas? A Grow, resultado da fusão da brasileira Yellow e mexicana Grin, teve seu pedido de recuperação judicial protocolado no fim do ano passado, mostrando mais um dos impactos da pandemia.

“É um mercado em constante mudança, temos de estar preparados para isso”, comenta Brunetta, que diz que, mesmo com o considerado fracasso dos patinetes no Brasil, algo do mesmo gênero ainda tomará espaço do carro nas ruas do País.

Segundo a direção da empresa, também existe uma demanda reprimida muito grande com motociclistas. Do outro lado do mercado, aplicativos como iFood e Rappi registram cada vez mais profissionais de entregas. Eles têm as mesmas demandas de quem tem um carro e trabalha na rua. “É algo que estamos olhando com bastante carinho.”

Acesso no lugar da posse

Uma consequência inevitável da ampliação de modais, já em curso, é o abandono da posse e preferência pelo acesso às possibilidades de mobilidade.

“Vender o carro próprio para fazer o uso dos modais, e utilizando-o como exceção, como em viagens, é o próximo passo que enxergo para a indústria.”

Com o crescimento do setor de aluguel de veículos, com Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (LCAM3) fortalecidas, mas ainda muito defasado em comparação a outros mercados, a tendência é de que o veículo seja cada vez mais rotativo.

Há ainda o serviço de carro por assinatura, comum há décadas nos Estados Unidos por meio do leasing, mas com capilaridade mínima no Brasil, por ora.

“Esse shift de regra para exceção é bastante importante e iremos ver cada vez mais. Várias startups têm programas de compartilhamento de carros e coisas do tipo. No futuro, o carro continuará sendo essencial, mas de forma diferente”, comentou o executivo da Zul+.

“O carro não vai deixar de existir. Por mais que a indústria esteja desaquecida, com a produção em queda, existe muito veículo em circulação. O que vai acontecer é que esses automóveis trocarão de mão.” Se tudo estiver conectado em uma plataforma para a mobilidade como um todo, segundo Brunetta, fará mais sentido para o uso diário. 

Upside e riscos igualmente grandes

Como toda startup, o potencial de crescimento é grande, assim como a chance de dar errado. O caso das bicicletas e patinetes mostra que mesmo algo que pareça ser muito promissor, pode não dar certo.

Nos últimos quatro anos, a Zul+ passou por uma série de mudanças e hoje é uma empresa “mais fortalecida e diversificada”, segundo seu CEO. O que sempre norteou as decisões da companhia, segundo ele, é se atualizar de forma rápida. 

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Mas poderia não ter sido assim. Os riscos do modelo de negócio da Zul+ se concentram em entraves governamentais, de tecnologia e de padrão de consumo.

Cabe à startup reagir de forma célere aos desafios, ou então ficará pelo caminho.

Ganhos de recorrência na mira da Zul+

Diferentemente de startups que queimam caixa como se não houvesse amanhã desde o início de seus negócios, a operação da Zul+ sempre foi positiva, segundo seu CEO. “As entregas sempre foram realizadas com poucos recursos em mãos.”

Agora, um dos caminhos possíveis para a Zul+ é criar uma assinatura, permitindo descontos nos serviços oferecidos. Brunetta ressalta que isso traria uma recorrência de receita à empresa, aumentando a previsibilidade e criando uma relação mais duradoura com o cliente.

O executivo diz que todo o negócio que engloba a empresa foi possibilitado por uma rodada de investimentos, no final de 2018, quando o fundo de investimentos Treecorp fez um aporte de R$ 10 milhões.

A geração de receita, embora não seja aberta ao público atualmente, também ganhou tração com a inclusão do Pix como meio de pagamento, sobretudo com a função de quitação de tributos.

“Levamos este momento com bastante otimismo, pois nos tira da zona de conforto”, diz o CEO da Zul+. “Temos lugar para quem pretende se aventurar no mundo da tecnologia e tenha disposição e criatividade para fazer bom uso das ferramentas.”

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Jader Lazarini

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