Quais ações Warren Buffett compraria se fosse brasileiro? Veja ‘sugestões’ do Itaú BBA

Conhecido por ser um dos maiores investidores de todos os tempos – se não o próprio – ,Warren Buffett soma um histórico invejável no mundo dos investimentos, com uma fortuna de US$ 115 bilhões, fruto de décadas no mercado financeiro. Mas, sendo um americano nativo de Omaha, no estado de Nebraska, o bilionário sempre manteve a maior parte do seu portfólio de investimentos alocado em ações listadas em Nova York.

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Contudo, se fosse brasileiro, Warren Buffett investiria em Suzano (SUZB3), Equatorial (EQTL3), Vivara (VIVA3), São Martinho (SMTO3) e Ambev (ABEV3). A ‘tese’ é de Marcelo Sá, estrategista-chefe do Itaú BBA, que foi à conferência anual da Berkshire Hathaway (BERK34) para desfrutar do conhecimento do megainvestidor.

O encontro, realizado no fim de abril, contou com a participação do head de internacional da Suno Research, Alberto Amparo, assim como diversas personalidades dos mercados mundiais, já que o evento é sempre amplamente aguardado por investidores de todo o mundo.

O Itaú BBA, que enviou um representante para a conferência anual da Berkshire Hathaway para entender o value Investing de Buffett, decidiu simular quais poderiam ser as escolhas de Buffett na B3 (B3SA3). Em um podcast produzido pelo banco, Marcelo Sá, estrategista-chefe do Itaú BBA, escolheu cinco ativos que, em sua visão, teriam potencial para passar pelo crivo do megainvestidor.

Para Sá, do BBA, a filosofia de Buffett, o value investing, é compatível com as cinco empresas citadas, já que o oráculo de Omaha, como é conhecido, costuma buscar potencial de valor das empresas a longo prazo.

Segundo o economista, a Berkshire Hathaway foca em uma estratégia de análise bottom-up (de baixo para cima, em tradução livre) que consiste em analisar, prioritariamente, uma empresa de forma ‘individual’ em detrimento do cenário macroeconômico. Investidores que fazem o contrário, comprando e vendendo ações de forma ‘setorizada’ e com uma análise que priorize o cenário macro, fazem o inverso, chamado de top-down.

Ou seja, a holding de Buffett, que possui participações societárias relevantes em gigantes da bolsa dos EUA como a Apple (AAPL34), alocaria seus recursos na Ambev ou na Suzano por enxergá-las como companhias que podem gerar rentabilidade pelos próximos 10 ou 20 anos.

Além desse fator, Marcelo Sá frisa que a Berkshire tende a gostar mais de empresas que possuem o que são conhecidas como vantagens competitivas – diferenciais de negócios que destacam uma companhia ante os demais concorrentes, sendo uma marca forte, uma estratégia ou uma tecnologia.

Outro ponto citado pelo analista é a boa gestão, já que Warren Buffett não costuma atuar para mudar os cargos de uma companhia investida ou adquirida. Ou seja, só ganham o aporte do megainvestidor empresas que possuem bons executivos e um sólido arcabouço estatuário.

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“Eles observam se as entregas foram boas, se a empresa tem eficiência operacional, se o pacote de incentivo aos executivos está alinhado com os acionistas”, destaca Sá.

Falando sobre preço, Sá explica que a Warren Buffett nem sempre compra ações ‘baratas’, com pressão vendedora do mercado. O especialista destaca que a filosofia que a Berkshire usa para fundamentar seus aportes orienta compras de boas empresas a preços justos em vez de aquisições de empresas medianas por valores muito baratos.

Ou seja, eventualmente a Berkshire monta posições consideradas ‘caras’, já apresentando altas recentes, desde que a empresa tenha grande potencial de geração de caixa e boas perspectivas de crescimento.

Isso porque, explica Sá, o prazo médio de investimento de Buffett geralmente é de mais de 30 anos.

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Warren Buffett teria Suzano e Vivara como ‘top picks’

O racional para a compra das ações da Suzano por Buffett, segundo Sá, seria a demanda de papel em alta em função de questões sanitárias.

“O consumo per capita na China ainda é muito baixo. O Brasil tem uma vantagem competitiva gigantesca”, conta.

Segundo a análise do economista do Itaú BBA, as florestas brasileiras crescem em um ritmo mais rápido do que as dos demais países com vegetação semelhante, como o Canadá ou os países da Escandinávia. “São seis anos aqui contra trinta nesses outros países”, observa.

A logística e a geração de caixa são pontos atrativos, da mesma forma. O especialista frisa que a projeção é de um potencial de 15% de geração de caixa nos projetos da Suzano.

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Esse número, vale destacar, não inclui o Projeto Cerrado, que já responderia por 5% dessa geração de caixa futura e é descrito como o projeto “mais eficiente do mundo” pelo economista-chefe do BBA.

No caso da Vivara, a tese se basearia em um potencial de crescimento com base na consolidação de mercado da companhia, que tem como ponto forte o seu retorno sobre capital investido, ou ROIC – que atualmente é de 15,40%, segundo dados do Status Invest.

Sá justifica: mesmo que a companhia tenha 10% de participação do mercado (market share), o ambiente é favorável pois os concorrentes estão em situações complicadas e com dificuldades financeiras, abrindo espaço para um crescimento vertiginoso.

“Ela pode tanto mudar o design da joia e escolher a composição do produto, dependendo do custo para colocar os produtos e o preço que o consumidor consiga pagar. A Vivara tem um controle maior sobre o custo deles”, afirma.

Além dos pontos positivos citados, que vão de encontro com a filosofia de Warren Buffett, Sá frisa que o preço é atrativo, com múltiplos abaixo da média histórica, já que a companhia costuma manter um Preço sobre Lucro (P/E) de 25 vezes e atualmente o indicador está em 16 vezes.

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Eduardo Vargas

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