Grana na conta

Via (VIIA3) cai após provisões trabalhistas de R$ 2,5 bi no 3T21; veja explicação da empresa

A Via (VIIA3), dona das Casas Bahia e do banco digital banQi, teve prejuízo líquido contábil de R$ 638 milhões no terceiro trimestre (3T21), impactado por revisões em provisões de processos trabalhistas.

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De acordo com o balanço da Via, o valor médio dos processos cresceu 32% no período de 2020 a 2021 ante os anos de 2019 e 2020. Além disso, a entrada de novos processos disparou 82% no primeiro semestre em relação à primeira metade do ano passado.

Com isso, as ações da Via puxam as maiores quedas do Ibovespa hoje, despencando 12% no fechamento, sendo negociadas a R$ 6,23.

Em teleconferência com jornalistas e analistas realizada nesta manhã, Orivaldo Padilha, VP de Finanças da Via, explicou que as provisões com processos trabalhistas contra a varejista estão sendo compensadas com monetização de créditos fiscais acumulados pela companhia.

Segundo ele, no quarto trimestre essa neutralização será maior, a ponto de ter um reequilíbrio de capital melhor para a empresa voltar a gerar caixa.

Veja balanço completo da Via: 

Diferença entre processos trabalhistas da Via

Segundo Padilha, embora os processos novos tenham disparado neste ano, o ticket médio das ações trabalhistas é melhor. Ele explica que são casos de funcionários novos, que ficam pouco tempo na empresa e fazem parte de um ciclo natural de turnover. Com isso, são processos mais baratos.

O problema estaria em processos antigos, que estão há mais de sete anos correndo na Justiça, com correção de juros. Esses casos se iniciaram após a Via passar por um período de ajuste de quadro, em que houve redução de equipes, mudanças para digitalização, em que muitos funcionários foram demitidos.

Parte deles tinham muito tempo de casa e salários altos, segundo Padilha. Somando isso com o tempo de tramitação do processo, o ticket médio desses casos chega a mais de R$ 100 mil.

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Ao todo, a provisão para demandas trabalhistas pela Via foi ampliada em R$ 1,2 bilhão, segundo consta em balanço, para R$ 2,5 bilhões.

Provisões Via (VIIA3)
Provisões Via (VIIA3). Foto: Reprodução Balanço

O impacto previsto para os próximos trimestres é de:

  • R$ 100 milhões a R$ 200 milhões no resultado do quarto trimestre;
  • R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão em 2022;
  • R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em 2023.
  • R$ 300 milhões a R$ 400 milhões após 2024
Perspectiva de impacto de provisões da Via (VIIA3)
Perspectiva de impacto de provisões da Via (VIIA3). Foto: Reprodução Balanço

O que pensam os analistas

Após o resultado da Via, o Credit Suisse rebaixou a recomendação para as ações de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média do mercado),  de uma vez só.

Além disso, houve mudança no preço-alvo de R$ 9,50 para R$ 5,50, o que corresponde a um valor 22% menor ante o fechamento da véspera, de R$ 7,05.

Já o Bradesco BBI, destaca que as ações da Via estão tendo um desempenho fraco desde o final de junho, junto com o restante do setor. “Nesse contexto de mercado já nervoso, os ajustes e provisões vêm em um momento ruim e claramente não ajudam a virar o case a favor da Via”, aponta relatório.

Com isso, a recomendação do BBI para a Via é neutra e preço-alvo de R$ 10 para 2022.

A Genial, por sua vez, manteve ‘compra’, mas reduziu o preço alvo da Via para R$ 12, de R$ 20, por ver um grande ‘empecilho’ nessas ações trabalhistas.

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Monique Lima

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