Via (VIIA3): Processos trabalhistas e queda nas lojas físicas ofuscam 3TRI21

A Via (VIIA3) mostrou um prejuízo de R$ 638 milhões no terceiro trimestre, mas o que mais chamou atenção do mercado foi uma atualização sobre valores de provisões para processos trabalhistas, que impactou o resultado em R$ 810 milhões. Outro destaque negativo foi a queda de 14,3% das vendas nas lojas físicas.

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Ao todo, a provisão para demandas trabalhistas foi ampliada em R$ 1,2 bilhão. Segundo a empresa, houve aumento relevante na expectativa de desembolso de valores nas ações trabalhistas.

A Via projeta o seguinte impacto para os próximos trimestres:

  • R$ 100 milhões a R$ 200 milhões no resultado do quarto trimestre;
  • R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão em 2022;
  • R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em 2023.

Dentre as razões, está o fato de as reclamações trabalhistas terem aumentado 82% no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, houve aumento de aproximadamente 32% no valor do “tíquete médio” para os casos sentenciados em 2021 em comparação ao mesmo período dos últimos dois anos (2020 e 2019)

Este reconhecimento de créditos tributários somou R$ 254 milhões. A Via explicou que o aumento nos valores das ações trabalhistas se relaciona a uma prática antiga da companhia de levar os casos até os tribunais de justiça superiores, que gera correção mais alta dos valores.

Além disso, a companhia defende que “grande parte dos valores provisionados é de responsabilidade de antigos sócios”.

Em 2022, a empresa estima que, para cada R$ 1 em provisão, consiga recuperar R$ 1 de antigos sócios ou créditos fiscais. De 2023 a 2026, a expectativa é de recuperar R$ 3,50 de ex-sócios e créditos fiscais para cada R$ 1 em provisão.

Hoje a companhia tem 22 mil processos em andamento, mas a cifra já foi de 43 mil. A companhia não especifica quais tipos de acusações são feitas e alega que, no País, há “aliciadores” que se especializaram em convencer funcionários a entrar com processos. A companhia diz ainda que a alta de demissões nos últimos dez anos traz um aumento “natural” de processos.

A estratégia da companhia é utilizar novos créditos tributários para minimizar o efeito do provisionamento mais alto.

No balanço do terceiro trimestre da Via, a empresa explica que tem adotado ações desde 2011 para melhorar sua rentabilidade, incluindo redução de 39% do seu quadro de funcionários.

“No mesmo período apresentamos um crescimento de 42% da receita bruta. Essas demissões impactaram fortemente as entradas de reclamações trabalhistas, principalmente nos anos de 2016 e 2017”, escreve a direção da companhia.

Outros destaques do balanço do 3TRI21 da Via

O lucro líquido operacional da Via (VIIA3), dona da Casas Bahia e do Ponto, alcançou R$ 101 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 1% ante o mesmo período de 2020.

A receita líquida da Via apresentou uma queda de 5,9% na base anualizada, para R$ 7,349 bilhões.

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A receita bruta consolidada recuou 6,7% na base anual, para R$ 8,7 bilhões. A dona da Casas Bahia cita três fatores que explicam a queda do indicador:

  • O descasamento entre a retomada do plano de expansão de abertura de lojas e o fechamento de 100 lojas nos últimos 9 meses que resultou em redução de área de vendas e perda de receita;
  • A relevância que o vendedor online tem mostrado. Essas vendas são contabilizadas como online desde março de 2020 e portanto não entram na receita bruta da loja desde o segundo trimestre do ano passado
  • A mudança no padrão de consumo por conta da pandemia que combinado com o cenário econômico explicam o desempenho negativo das lojas físicas no período.

Por sua vez, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da varejista no trimestre foi de R$ 669 milhões entre julho e setembro, com margem de 9,1%, resultados, respectivamente, 6,7% e 1,1 ponto percentual superiores  ao terceiro trimestre do ano passado.

A XP esperava prejuízo ajustado de R$ 123 milhões para a Via durante o terceiro trimestre desse ano. Já o BTG recomendava compra das ações da Via, com a estimativa de que a companhia lucrasse R$ 263 milhões no período.

Vendas digitais brutas têm alta de 34,7%

Além disso, o GMV Bruto da Via (Volume Bruto de Mercadoria) totalizou R$ 11,1 bilhões entre julho e setembro,  alta de 5,7% na comparação ano a ano, “impulsionado pelo forte desempenho do marketplace que mudou de patamar para quase R$ 2 bilhões em GMV, um salto de 133% a/a”, conforme mostra o balanço.

Já o GMV Lojas Físicas Bruto caiu 14,3%, para R$ 5,211 bilhões, na base anualizada.

O GMV Bruto, considerando o 1P e o 3P online somou R$ 5,863 bilhões, após um salto de 33,4% na mesma comparação. Desse toral, o 1P online foi responsável por R$ 3,888 bilhões (alta de 9,6%) e o 3P online, por R$ 1,976 bilhão (alta de 132,8%).

As vendas digitais brutas chegaram a R$ 6,622 bilhões, um incremento de 34,7% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

Segundo o balanço, o Vendedor Online contribuiu com R$ 1,9 bilhão em vendas no penúltimo trimestre desse ano, ante R$ 2,1 bilhão no trimestre anterior e R$ 7 milhões um ano antes. A participação nas vendas digitais foi  de 29%, contra 17% no terceiro trimestre de 2020.

Última cotação da Via

A ação da Via (VIIA3) encerrou o pregão de hoje em forte queda de 6,50%, valendo R$ 7,10, antes da divulgação dos resultados.

Com Estadão Conteúdo

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Laura Moutinho

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