Após abrir fogo contra ‘velha política’, Bolsonaro tenta pacificar relações

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda (25), numa reunião com ministros, que é hora de construir uma relação pacífica com o Legislativo, principalmente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo a Folha de S.Paulo, Bolsonaro se reuniu com os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), Paulo Guedes (Economia) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Após um fim de semana de atritos com Maia, Jair Bolsonaro disse no encontro não ter interesse numa relação conflituosa.

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Na sexta (22), irritado com as críticas recebidas pelo entorno bolsonarista e pelo próprio presidente, o deputado declarou que abandonaria a articulação pela aprovação da reforma da Previdência. Ele disse que, dali em diante, faria a “nova política”, assim como Bolsonaro. “Eu concordo com o presidente: é preciso construir uma maioria de uma nova forma. Essa responsabilidade é dele. Quando ele tiver a maioria e achar que é a gora de votar a reforma, ele me avisa e eu pauto para votação. E digo com quantos votos posso colaborar”, declarou o presidente da Câmara. Em seguida, o Ibovespa entrou em queda, expressando a preocupação do mercado com o rumos do projeto.

Ao mesmo tempo, na contramão da tentativa do pai de pacificar a relação com o Congresso, o vereador Carlos Bolsonaro iniciou uma campanha pelas redes sociais para atacar os partidos que se posicionaram contra a reforma. A campanha promoveu uma guerra de hashtags no Twitter e atacou partidos de esquerda.

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O movimento não parece estar em conformidade com a estratégia oficial do governo. Técnicos do ministério da Economia ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que a campanha de Carlos era “agressiva” e “coisa da cabeça do Carlos”. O próprio Rodrigo Maia falou na sexta sobre a importância de buscar votos com todos os parlamentares. “Não dá para dispensar voto de nenhum partido”, afirmou.

A desarticulação do governo escorreu até suas bases na Câmara. No último domingo (24), o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), defensor da reforma da Previdência, e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), discutiram no Twitter sobre a atitude do PSL em relação à aprovação do projeto.

Kim criticou o que chamou de “incoerência” do partido de Bolsonaro ao investir contra Maia num momento que deveria ser de aproximação. Hasselmann o replicou, chamando-o de oportunista. Kim rebateu: “Tem de ser muito cara de pau para falar em oportunismo. Dizia que Maia era o demônio na Terra, o arqui-inimigo da Lava Jato, o símbolo-mor da corrupção. Depois de eleita, passou a ser Maia desde criancinha. Tenha dó. Quer seguir Carluxo e afundar o governo no Twitter também?”

“KIM, vc está realmente o que sempre foi; um moleque. Só isso e mais nada. Biruta de aeroporto. Seus comportamentos em relação ao @jairbolsonaro no 1o e no 2o turnos da eleição mostram bem isso. Pega a chupeta e vai nanar, neném. Deixa os adultos trabalharem”, escreveu em seguida a deputada.

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Nesta segunda, em entrevista à Folha de S.Paulo, Kim disse que a articulação do governo Bolsonaro é uma “catástrofe” e que a reforma da Previdência, do jeito que está, já morreu.

Enquanto os governistas não se entendem, Maia disse a aliados que a reforma da Previdência está “acima do governo” e que vai trabalhar para tocar o projeto, mas com ajustes próprios, segundo informou o G1. O presidente da Câmara agora tenta arrefecer os ânimos da Casa. Irritados com o tratamento do governo, alguns parlamentares planejavam derrubar o decreto de Bolsonaro que isenta vistos de americanos e outras nacionalidades para entrar no Brasil.

Guilherme Caetano

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